Cartas à Memória remonta a produção artística na diáspora asiática entre os séculos XX e XXI

 ‘Cartas à Memória’ remonta a produção artística na diáspora asiática entre os séculos XX e XXI

e seus contextos sociopolíticos
 

Com curadoria de Yudi Rafael, exposição no Sesc Avenida Paulista reúne 29 artistas e um conjunto de aproximadamente 90 obras, entre elas fotografias, registros audiovisuais, pinturas, documentos e esculturas


Visitação a partir de 14 de novembro de 2025



Virgo Lee (I Wor Kuen) & Aida Causcut (Young Lords Party), NYC, ca. 1971. Fotografia de Corky Lee. 43x50cm

 

 

O Sesc Avenida Paulista inaugura, a partir de 14 de novembro, a exposição Cartas à Memória, com curadoria de Yudi Rafael. A mostra reúne cerca de 90 obras de 29 artistas das Américas e da Ásia, que investigam as complexas relações entre arte, política, identidade e memória nas experiências da diáspora asiática.
 

Inspirada no livro Letters to Memory (2017), da escritora nipo-americana Karen Tei Yamashita, Cartas à Memória propõe uma reflexão profunda sobre os vestígios da história e os fantasmas do presente. Por meio de pinturas, fotografias, vídeos, instalações, documentos e cartazes, a mostra revisita episódios de repressão, deslocamento e resistência vividos por comunidades asiáticas no Brasil, nos Estados Unidos e em países da América Central.
 

“A exposição dialoga com a forma como a autora expande o imaginário geográfico asiático-americano, inscrevendo nele o eixo Norte-Sul, para além do Leste-Oeste, de modo a percorrer tempos e geografias ao mesmo tempo distantes e interconectados, e reúne trabalhos de 29 artistas de diferentes países do continente americano, do Caribe e do Leste e Sudeste da Ásia”, conta Yudi Rafael, que estrutura a exposição em eixos temáticos transversais – como lugares, guerras, ativismos e comunidades.
 

Esses temas permeiam o conjunto de aproximadamente 90 obras, propondo um percurso histórico e artístico que ressalta como os séculos XX e XXI foram marcados por guerras e crises políticas, que promoveram movimentos migratórios de diversos países do leste e sudeste asiático em direção às Américas, e consequentemente seus desdobramentos na experiência das comunidades e em suas construções identitárias.
 

Dentre as obras que compõem a exposição: os arquivos do americano de ascendência chinesa, Corky Lee (1947–2021), apresentam o cotidiano, as celebrações, as manifestações e lutas por direitos civis e justiça social das comunidades asiáticas nos Estados Unidos; os cartazes revolucionários, do artista gráfico cubano René Mederos (1933-1996), produzidos a partir de suas visitas ao Vietnã; um filme do vietnamita Tuan Andrew Nguyen (1976), que mistura registro documental e linguagem mítica ao revisitar uma ilha de refugiados de guerra no Sudeste da Ásia.
 

A mostra também apresenta quatro projetos inéditos das artistas Caroline Ricca LeeTais KoshinoAlice Yura e Lina Kim, que investigam histórias de enclaves étnicos e trajetórias migrantes nas Américas e na Ásia.
 

O curador explica que a produção artística das últimas décadas combina um interesse pela fabulação à memória familiar, confrontando os legados históricos da exclusão e da guerra em um cenário frágil de pacificação altamente militarizada, e ressalta: “a geografia quente da Guerra Fria aproxima a América Latina e a Ásia também pelos fantasmas que ela deixou, tensionando a linearidade da cronologia e colapsando os limites entre passado, presente e futuro”.
 

Artistas que compõem a exposição:

Albert Chong; Alice Yura; Alípio Freire; An-My Lê; Bridge; Carlos Takaoka; Caroline Ricca Lee; Chantal Peñalosa Fong; Corky Lee; Danh Vo; Dinh Q. Lê; Dorothea Lange; Flavio Shiró; Gidra; Hisako Hibi; Jane Jin Kaisen; Kiyoji Tomioka; Lina Kim; Mario N. Ishikawa; Masayo Seta; Mimian Hsu; Rea Tajiri; René Mederos; Ryan Villamael; Susan Meiselas; Taís Koshino; Toyo Miyatake; Tuan Andrew Nguyễn; Yoshiya Takaoka.


Sobre o curador

Yudi Rafael é curador e pesquisador, mestre em Culturas Latino-Americanas e Ibéricas pela Columbia University. Realizou diversas exposições com temas ligados à diáspora asiática. Entre seus projetos recentes, estão exposições como Construction, occupation (Fowler Museum, Los Angeles, 2025), The Appearance (Americas Society, NY, 2024), O curso do sol (Gomide&Co, SP, 2023) e Parábola do Progresso (Sesc Pompeia, SP, 2022), além da organização de um núcleo da exposição Musafiri: of Travellers and Guests (Haus der Kulturen der Welt, Berlim, 2025).

 

Serviço
exposição | Cartas para a memória
curadoria de Yudi Rafael
Visitação: 14 de novembro de 2025 a 3 de maio de 2026. Terça a sexta, das 10h às 21h30. Sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h30.
Local: Arte I (5º andar)
Recursos de acessibilidade: mesa tátil, audiodescrição, objetos táteis, vídeo libras e legendas
Grátis | Livre

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