ÚLTIMAS APRESENTAÇÕES | A (Ré)tomada da Palavra ou A Mulher que Não se Vê | Zózima Trupe | Até 28/09
Últimas semanas de “A (Ré)tomada da Palavra ou A Mulher que Não se Vê” da Zózima Trupe; montagem ocupa um ônibus estacionado na Praça Roosevelt
Após uma temporada extensa, a peça entra em últimas semanas; as sessões gratuitas vão até 28/09, na Praça Franklin Roosevelt, em São Paulo
A (Ré)tomada da palavra - Crédito: Matheus José Maria
Uma mulher negra em cadeira de rodas dá sinal no ponto de ônibus, mas o motorista não para. Essa cena, vivida por Ma Devi Murti, é o ponto de partida de “A (Ré)tomada da Palavra ou A Mulher que Não se Vê”, nova criação da Zózima Trupe, que celebra 18 anos em 2025.
Desde 2007, o grupo ocupa ônibus como palco, refletindo sobre esse espaço como lugar de opressão e resistência. Com dramaturgia de Shaira Mana Josy (Slam Dandaras do Norte) e Piê Souza, música de Victória dos Santos & Aworonke Lima e direção de Anderson Maurício, o espetáculo dá voz a existências silenciadas, denunciando racismo, capacitismo, patriarcado e pobreza.
A peça acompanha Rosa, trabalhadora da limpeza, que exige que o motorista pare para a passageira invisível — metáfora que conecta ônibus e navio negreiro. Inspirada na trajetória da ativista Flávia Diniz (1983–2024), a obra afirma a luta de mulheres negras e pessoas com deficiência por espaço, voz e visibilidade.
Após passar pelo Terminal Parque Dom Pedro II, a temporada gratuita segue até 28/09, na Praça Franklin Roosevelt (sex. e sáb., 20h; dom., 19h), somando 30 apresentações. O projeto foi contemplado pelo Prêmio Zé Renato.
O ônibus como catalisador de mudanças
Em “A (Ré)tomada da Palavra ou A Mulher que Não se Vê”, a Zózima Trupe parte do ônibus como metáfora de opressão e resistência. A obra dialoga com a trajetória da ativista Rosa Parks, cujo gesto em 1955 contra a segregação nos EUA mostrou como pequenas ações podem gerar transformações profundas.
Para o diretor Anderson Maurício, “qualquer gesto — por mais trivial que pareça — pode ser uma fagulha de reflexão e mudança”. O espetáculo traz a figura da Mulher Preta como uma Atlas contemporânea, sobrecarregada por um sistema capitalista e desigual, em contraponto ao motorista, símbolo do patriarcado e da lógica da exclusão.
A pandemia reforçou essas desigualdades: em São Paulo, 57% dos usuários de ônibus na retomada eram mulheres jovens e negras, ainda dependentes do transporte coletivo. A peça também expõe um paradoxo da inclusão: se há apenas um espaço reservado para cadeiras de rodas em cada ônibus, como pensar acessibilidade de fato?
FICHA TÉCNICA
Atuação Ma Devi Murti
Dramaturgia Shaira Mana Josy e Piê Souza
Direção Anderson Maurício
Músicas Cleide Amorim
Direção vocal Eloiza Paixão
Direção de movimento Janette Santiago
Desenho de luz Junior Docini
Iluminação Flávia Servidone & Abner Félix
Figurino e adereços Clau Carmo
Maquiagem Gil Ramos & Suze Ferreira
Cenografia palhAssada ateliê soluções cenográficas
Percussão Victória dos Santos & Aworonke Lima
Sonoplastia Pedro Moura & Bárbara Frazão
Efeitos sonoros Pero Manzé
Vivência de voz, corpo e ancestralidade Camila Sá
Designer Nando Motta
Conteúdo do programa do espetáculo Wanessa Yano
Fotografia Christiane Forcinito & Leonardo Souzza
Vídeo Leonardo Souzza
Coordenação de produção Tatiane Lustoza
Assistência de produção Samyra Keller, Iara Nazario, Kauã Tripoloni, Maytê Costa, Silvia de Oliveira
Estágio de produção Mabel Machado, Samuel Sousa
Convidadas da roda de conversa Suely Rezende, Ana Carolina Toledo, Flávia Rosa, Marli de Fátima Aguiar e Priscila Obaci
Idealização Zózima Trupe
Assessoria de imprensa Canal Aberto - Márcia Marques, Daniele Valério e Marina Franco
Realização Arte expressa
SERVIÇO:
Espetáculo
“A (Ré)tomada da Palavra ou A Mulher que Não se Vê”
Data: Até 28 de setembro, às sextas e aos sábados, às 20h, e, aos domingos, às 19h
PRAÇA FRANKLIN ROOSEVELT - S/N - BELA VISTA
Ingressos: gratuitos Informações: @zozimatrupe
Duração: 60 minutos Classificação: 12 anos
Gratuito e aberto ao público, com retirada de ingressos pelo Sympla
Link da Sympla AQUI
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