“Miúda”: espetáculo de dança que retrata sabedorias encantadas realiza apresentação no Teatro Firjan SESI, em Jacarepaguá


“Miúda”: espetáculo de dança que retrata sabedorias encantadas realiza apresentação no Teatro Firjan SESI, em Jacarepaguá



 A peça de dança parte das múltiplas sabedorias encarnadas em manifestações da diáspora africana, na simbologia e os arquétipos das entidades afro-indígenas e seus desdobramentos em danças da contemporaneidade: esse é o pano de fundo para a criação do espetáculo de dança Miúda, que realiza apresentação no Teatro Firjan SESI, em Jacarepaguá, com apresentação gratuita no próximo dia 13 de setembro. 


O espetáculo é uma realização Firjan SESI, por meio do edital Mosaico Rio 2025, e baseado em um ponto de encantaria, na linha de Boiadeiros, que dá o direcionamento para o nome da peça. “Uma é maior, outra é menor, a miúda é quem nos alumeia/ Pedrinha miudinha de Aruanda ê”. O trecho citado é de um ponto intitulado “Pedrinha Miudinha” e fala do brilho das coisas pequeninas, que podem concentrar mistérios e poderes profundos. 


Os pontos cantados são parte do vasto corpo literário e filosófico das culturas de matrizes afro-ameríndias. Eles fazem parte do cancioneiro nacional, e são formas de chamar espíritos, se despedir, homenagear entidades, preservar saberes, entre outras funções espirituais.


Para a idealizadora e diretora artística, Tamires Costa, a peça se confunde um pouco com sua vida, devido à forma que ela foi criada pela família. “A peça se confunde com a minha vida, com meu corpo. Sou a filha e neta mais nova, então sou essa essa  pequenininha, eu vivi isso até no nome. Algumas pessoas me chamam de ‘Tamirinha’ pelo meu porte. Então, acho que o trabalho tem sido muito esse de ver a potência e o brilho que habita no miúdo e poder se encantar por isso e ver beleza nas coisas pequenas”, explica a diretora. 


Com direção de produção da eLabore.Kom, o projeto também desenvolve um estudo sobre a miçanga, material ligado à proteção, conexão e poder espiritual, visando produzir materiais cênicos e estudos coreográficos. Material pequeno, no entanto, no coletivo pode ser um objeto de proteção, que adorna, que embeleza. 


“A miçanga tem sido esse material que potencializa a pesquisa acerca das miudezas e falar do miúdo, para mim, é abordar aquilo que não damos atenção. Falar de minoria também, de certa forma, mas de uma forma poética, como é que olhamos para aquilo que poderia não ser olhado, que pode morrer, que pode não existir, mas que a olhamos para isso de novo e isso vai existir, isso vai ser grandioso”, analisa Tamires Costa.


Thais Peixoto comenta o processo de criação do projeto, destacando a colaboração de Pablo Carvalho: “Participar de Miúda tem sido a possibilidade de continuidade a uma pesquisa iniciada no espetáculo “Balanço”, com a Tamires Costa. O que mais me atravessa neste momento é a força da persistência e da continuidade em um percurso de intimidade radical com as linguagens da dança e das artes que emergem pelo movimento. Nesse processo, o encontro com a musicalidade de Pablo Carvalho abre novas possibilidades de espaço e movimento dentro da criação. É uma honra poder construir lado a lado com esses artistas, tecendo um trabalho a partir das miudezas com escuta e delicadeza”, comemora a assistente de direção e Cocriação do projeto .



Em 2017, Tamires iniciou a pesquisa Corpo Tambor, que aborda questões sobre ancestralidade dentro das linguagens das danças, onde já abordou em trabalhos anteriores as relações entre as matrizes das danças de salão, especificamente a salsa cubana e danças afro-latinas, dos Orixás de Cuba e suas relações com as motrizes de danças urbanas como o popping.


“Tudo isso é interligado e no geral  nós distanciamos. Então, o trabalho é justamente reaproximar essas ancestralidades, pesquisando e desejando colocar isso em cena. Agora tenho essa oportunidade de colocar o meu corpo na cena, sonho que tive desde quando comecei a pesquisar sobre o tema”, finaliza Tamires Costa. 




“Corpo Tambor” é o nome de uma pesquisa, mobilizada pela artista Tamires Costa, que tem se tornado nos últimos anos uma plataforma de encontro, um complexo de parcerias entre artistas das danças e das artes no geral. Através desta pesquisa/plataforma de criação já foram desenvolvidos dezenas de projetos culturais e criações. 


Com destaque tem a estreia da peça BALANÇO ( 2024) no SESC Copacabana, no Festival O Corpo Negro; oficinas para  trabalhos de preparação corporal para peças que já percorreram cidades do Brasil, América Latina e Europa; A produção de projetos contemplados por editais de cultura estaduais e municipais com ações que aconteceram em espaços como MAC (Museu de Arte Contemporânea de Niterói), escolas municipais e estaduais, CAPs (Centro de Atenção Psicossocial), entre outros.  Atualmente o “Corpo Tambor” tem oferecido oficinas e as últimas acontecem no Rio de Janeiro no Brasil, em Bruxelas na Bélgica e em Roma na Itália.


SOBRE TAMIRES COSTA
Tamires Costa é pesquisadora das danças, multiartista e arte-educadora. Formada pelo Curso Técnico em Dança da rede FAETEC de ensino e cursando Licenciatura em Dança na UFRJ. Desde 2017, desenvolve uma pesquisa que se intitula Corpo Tambor que parte das múltiplas sabedorias encarnadas em manifestações da diáspora africana, na simbologia e os arquétipos das entidades afro-indígenas e seus desdobramentos em danças da contemporaneidade. Atualmente, a artista desenvolve um estudo sobre a miçanga, um material ligado à proteção, conexão e poder espiritual, onde produz materiais cênicos e estudos coreográficos.


Colaborou como performer e co-criadora com as artistas Marcela Levi e Lucia Russo, na Improvável Produções (entre 2015 e 2022), ademais, através deste, performou o solo DEIXA ARDER no qual esteve em cartaz nos principais festivais de dança e performance da Europa e em circulação por teatros do Brasil e América Latina. A artista também colaborou com Vera Passos na Bahia (2023). 


Além disso, Tamires compõe o elenco das companhias REC e SUAVE, que desenvolvem pesquisas através do Passinho Foda, de danças contemporânes e urbanas. As companhias têm realizado turnês pelo Brasil, América do Norte, Reino Unido, Europa e Ásia. A artista assina concepção e direção do espetáculo de dança BALANÇO que teve sua estreia no SESC Copacabana, através do Edital Sesc RJ Pulsar – O Corpo Negro em 2024.


FICHA TÉCNICA

Direção artística e Concepção: Tamires Costa

Cocriação: Pablo Carvalho, Tamires Costa e Thais Peixoto 

Performance: Tamires Costa e Pablo Carvalho

Assistente de Direção: Thais Peixoto

Direção de Produção: Kirce Lima | eLabore.Kom

Materiais Cênicos: Tamires Costa

Figurino: Thais Peixoto
Iluminação: Taiña Miranda

Fotografia: Sissy Eiko

Filmagem: luq

Produção Executiva: Ruan Peixoto

Gestão Financeiro: Jacqueline da Silva

Operadora de Luz: Taiña Miranda
Assistente de figurino: Ernani Peixoto

Cenotécnico: Arnoldo Pereira de Souza
Designer Gráfico: Vitor Moniz
Cabelo: Ateliê Dandara

Assessoria de imprensa: Alessandra Costa


SERVIÇOS

Apresentação ùnica espetáculo MIÚDA

13 de setembro, às 19 horas

Teatro Firjan SESI - Av. Geremário Dantas, 940 - Freguesia (Jacarepaguá), Rio de Janeiro

Ingressos: gratuitos

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