Cinema, Música e Resistência: Festival Diaspóricas celebra cultura afrobrasileira no Centro-Oeste
Evento é gratuito e reúne oficinas, mostra de cinema, feira afroempreendedoras e shows
Goiânia será palco do 1º Festival Diaspóricas de Cinema e Música Negra, que será realizado nos dias 20 e 21 de setembro, no Centro Cultural Martim Cererê. O evento reúne intelectualidades negras para celebrar mulheres que movem a cultura afrobrasileira no Centro-Oeste, performando movimentos artísticos diversos. Na programação, shows, mostra de curtas-metragens, oficinas e feira de afroempreendedoras. A entrada é gratuita, mediante doação de 1kg de alimento não perecível.
“É importante que artistas negras se celebrem e se reconheçam nos trabalhos umas das outras. O Festival vem para a gente olhar pras nossas potencialidades e é pensando como uma forma de incentivo a novas produções artísticas e intelectuais”, afirma Ana Clara Gomes, diretora e idealizadora do projeto.
O Festival Diaspórica é uma extensão da série homônima, que destaca musicistas negras do Centro-Oeste se utilizando da música como uma forma de (re)existência frente ao racismo, ao sexismo e outras opressões estruturais. Criado majoritariamente por mulheres negras do audiovisual, a iniciativa celebra a cultura afrogoiana e incentiva o trabalho de mulheres negras na música e no cinema. Inicialmente uma websérie, o projeto Diaspóricas tem duas temporadas lançadas e dois longas-metragens, estes derivaram da obra seriada e têm circulado por festivais nacionais e internacionais de cinema, conquistando prêmios. Além das obras audiovisuais, foram criados shows a partir do encontro inédito, experimental e de composição entre as musicistas de cada temporada.
Um dos destaques na programação é a Feira Anadir Cezario de Afroempreendedoras, onde empreendedoras negras cis e trans vão expor produtos das áreas de moda, artesanato, alimentação e bem–viver, nos dois dias de evento, a partir das 14h. A feira é uma homenagem a Anadir Cezario, assistente social, cofundadora da ONG Dandara no Cerrado e liderança em espaços de combate às discriminações raciais e de gênero. Ela criou o Coletivo de Mulheres da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) e está à frente do projeto ‘Mulheres que Transformam Lixo em Lucro’, em que garis e catadoras transformam materiais recicláveis em artesanato, gerando renda para suas famílias.
Cinema e (Re)existência
Fundadora da ONG Grupo de Mulheres Negras Dandara no Cerrado e matriarca do ativismo político e articuladora na luta contra o racismo e contra o sexismo no estado de Goiás, Maria Marta Cezaria também é homenageada pelo festival com a Mostra Marta Cezaria de Curta-Metragem. Pioneira do movimento negro feminista em Goiânia, ela é cineasta e se aventurou pelo cinema pela primeira vez, já com 60 anos, percorrendo quilombos goianos e entrevistando 152 mulheres para o documentário ‘Se Eu Fosse Uma Flor”, lançado em 2013.
Na mostra, serão exibidos 12 curtas-metragens de ficção, documentários e experimentais finalizados entre 2021 e 2025. A seleção foi aberta para cineastas negras cis e trans de todo o Brasil, sendo que 07 dos filmes selecionados serão produções do Centro-Oeste. Após as sessões, as realizadoras goianas representantes de seus filmes participam de uma roda de conversa.
O festival também promove ações formativas. Entre 16 e 19 de setembro, serão realizadas duas oficinas voltadas para o campo profissional do cinema e do audiovisual. A oficina “Trilha Sonora para Cinema” será ministrada pelo produtor musical Igor Zargov e a fotógrafa Mayara Varalho ministrará a oficina “Câmera Off – Formação Continuada de Making Of”. Ambos fazem parte da equipe da série ‘Diaspóricas’.
Palco Afrogoianidades
A Música Preta Brasileira também ganha espaço no Festival Diaspóricas. Nos dois dias de evento, artistas negras, que participaram das duas primeiras temporadas da série, se apresentam no Palco Afrogoianidades. O primeiro dia do Festival será marcado pelas apresentações da cantora e violonista Érika Ribeiro, em duo com a percussionista Letícia Romano, da banda Mundhumano e do quarteto que surgiu em decorrência do encontro musical proposto na 1ª temporada da série “Diaspóricas”. O quarteto é formado por Érika, pela cantora Nina Soldera, pela contrabaixista Sonia Ray e pela percussionista Lene Black, e o projeto leva o nome de “Diaspóricas - o show”.
No segundo dia, acontecem os shows de Flávia Carolina e banda, do grupo Dona da Roda e a apresentação “Diaspóricas 2 - o show” trazida pelo encontro entre a clarinetista Kesyde Sheilla; a cavaquinista e percussionista Maximira Luciano; a cantora e zabumbeira Flávia Carolina; e a rapper e MC Inà Avessa. As quatro musicistas fizeram parte da 2ª temporada da série “Diaspóricas”.
O Festival também se reafirma como um meio de celebração a compositoras negras com o lançamento do álbum autoral “Diaspóricas”, agendado para o dia 27 de agosto nas principais plataformas digitais como Spotify, Itunes e Deezer. O álbum reúne o encontro musical de Érika Ribeiro, Nina Soldera, Sonia Ray e Lene Black que ecoam suas composições coletivas em um projeto inédito. “O Diaspóricas, em todas as suas extensões que tem se desdobrado, se firma como algo grandioso pela sua necessidade no nosso estado, diante da falta de conhecimento e pertencimento da história do povo preto em solo goiano.”, diz Érika, que além de participar do projeto integra o line-up do festival.
SERVIÇO:
O quê: Festival Diaspóricas de Cinema e Música Negra
Quando: 20 e 21 de setembro de 2025
Onde: Centro Cultural Martim Cererê, Goiânia - GO
Quanto: Entrada gratuita (mediante doação de 1 kg de alimento não perecível na portaria.)
Mais informações: Instagram @festivaldiasporicas e linktr.ee/
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