Sesc Consolação realiza Curso com Caminhada
A IMORTALIDADE DE LUIZ GAMA
Sábados, 17 e 24 de agosto
A programação gratuita celebra a vida, obra e o legado
do abolicionista Luiz Gama. As inscrições para o curso tem início dia 8
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Nos dias 17 e 24 de agosto (sábado e domingo), o Sesc Consolação realiza o Curso com Caminhada A Imortalidade de Luiz Gama, que resgata a vida, obra e o legado do abolicionista brasileiro: Luiz Gama - advogado, jornalista e poeta-, que atuou na causa da libertação de escravos no Brasil.
Esta iniciativa gratuita visa celebrar os 142 anos do cortejo fúnebre que, acompanhado por mais de três mil pessoas na tarde de 25 de agosto de 1882, conduziu o corpo do abolicionista do Brás, bairro em que ele morava, até o Cemitério da Consolação, onde está enterrado.
Com inscrições on-line a partir de 8 de agosto no site, o curso conta com uma parte expositiva e debate, com a participação de oito ativistas que buscam tornar a sua vida cada vez mais conhecida. No dia 17, a professora Ligia Fonseca Ferreira, da UNIFESP, e o escritor Oswaldo Faustino discutirão a dimensão literária de Gama , autor do livro de poemas Primeiras trovas Burlescas de Getulino, publicado em 1859, em São Paulo, e em 1862 no Rio de Janeiro.
No dia 24, o pesquisador Bruno Rodrigues de Lima e a jornalista Cinthia Gomes refletirão sobre a produção jornalística do líder abolicionista e republicano que soube usar a Imprensa na defesa dos direitos de centenas de pessoas ilegalmente escravizadas no Brasil.
Os debates serão mediados pelos ativistas José Adão de Oliveira e Max Muratório (dia 17), e Abilio Ferreira e Cristina Assunção (dia 24), organizadores da tradicional Caminhada Luiz Gama, realizada anualmente há uma década em São Paulo. Em ambos os dias, os mediadores também conduzirão uma caminhada pelo centro da cidade, permitindo aos participantes reconhecerem as marcas deixadas por Gama nesta região.
Após o curso, haverá uma visita mediada, com distribuição de senhas uma hora antes na Central de Atendimento do Sesc Consolação. A caminhada é uma tradição da luta antirracista e começou ainda no final do século 19, na ocasião da morte de Luiz Gama reuniu milhares de pessoas e parou a cidade de São Paulo, seis anos antes de oficializarem o fim do período da escravidão no Brasil.
Essa atividade integra a programação da Jornada do Patrimônio, promovida pelo Departamento do Patrimônio Histórico – DPH da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, que compartilha e fortalece iniciativas de valorização do patrimônio cultural paulistano, evidenciando as particularidades históricas e aspectos contemporâneos das cinco regiões da cidade.
Acompanhe a programação completa e participe.
Serviço:
CURSO COM CAMINHADA: A IMORTALIDADE DE LUIZ GAMA
Sábados, 17 e 24 de agosto de 2024
Classificação indicativa: A partir de 14 anos
GRÁTIS
Curso
Das 9h30 às 12h30 - Espaço Provisório (3º andar) - Sesc Consolação
Inscrição on-line a partir do dia de 08/08 no site
Caminhada
Das 14h às 17h – Saída do Sesc Consolação
Distribuição de senhas a partir de 1 hora antes na Central de Atendimento
Roteiro da Caminhada:
Percurso de dois quilômetros e seis paradas a partir do Sesc Consolação recontando a história de Luiz Gama.
1 – Sindicato dos Jornalistas, Rua Rego Freitas, 530
Ironicamente, a rua que leva o nome de um dos principais adversários do projeto político de Luiz Gama (isto é: a efetiva emancipação das pessoas escravizadas e a implantação de uma verdadeira democracia no Brasil) conecta o Sindicato dos Jornalistas, categoria profissional a qual Gama também pertencia, ao Largo do Arouche, onde se encontra o busto em homenagem ao centenário de nascimento (1930) do líder abolicionista e republicano
2 – Largo do Arouche
Importante lugar de memória da luta antirracista em São Paulo, sobretudo por sofrer a perene intervenção representada pelo referido busto. Outra ironia: o marechal José Arouche de Toledo Rendon (1756-1834) foi o primeiro dono da área hoje correspondente à Vila Buarque, cujo coração é justamente o largo batizado com o seu nome.
Região do reduto da Imprensa Negra paulistana, tendo abrigado a redação de vários jornais, entre eles o Progresso, editado pelo escritor e jornalista Lino Guedes e pelo sambista Argentino Celso Wanderley entre junho de 1928 e novembro de 1931.
4 – Faculdade de Direito do Largo São Francisco
Berço dos magistrados adversários do projeto civilizatório defendido por Gama.
5 – Largo e Chafariz da Misericórdia Região retratada abaixo por Luiz Gama e pelo chargista italiano Angelo Agostini, ambos proprietários do jornal satírico Diabo Coxo, fundado por eles em 1865. Quando escravizado, dos 10 aos 17 anos de idade, o futuro líder abolicionista morou ali perto, na então Rua do Comércio, atual Álvares Penteado.
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6 (encerramento) – Praça João Mendes
Território de aparelhos estatais de criminalização (Casa da Câmara e Cadeia) e punição (Pelourinho) nos períodos colonial e imperial. Gama trabalhou por 18 anos na secretaria de polícia da Capital, período ao longo do qual adquiriu conhecimento jurídico.
Sobre Luiz Gama
Luiz Gama é presença marcante no processo civilizatório do Brasil. Nascido em Salvador, no dia 21 de junho 1830, filho da africana livre Luiza Mahin e de um fidalgo português cujo nome preferiu ocultar, foi vendido ilegalmente pelo próprio pai em 1840, aos 10 anos de idade, e trazido a São Paulo como se fosse escravo. Alfabetizado aos 17 anos, porém, obteve provas da referida ilegalidade e se tornou advogado, escritor, jornalista e líder abolicionista e republicano.
Entrou para a história do país como a primeira voz negra masculina da literatura brasileira, e também como o operador do direito que, embora provisionado (isto é, não diplomado, advogando sob licença), libertou centenas de negras e negros do cativeiro.
Luiz Gama é imortal não só por ser patrono da cadeira nº 15 da Academia Paulista de Letras, mas também, e principalmente, porque a comoção provocada pelo seu funeral, ocorrido entre os dias 24 (morte) e 25 (sepultamento) de agosto de 1882 já apontava para a eternidade do seu legado. A partir daquela caminhada histórica, que foi acompanhada por certa de três mil pessoas do Brás, bairro onde ele morava, até o Cemitério da Consolação, criou-se uma tradição que ainda hoje perdura – caminhada em agradecimento pelo seu pioneirismo e em continuidade da sua luta.
Sobre os expositores
Lígia Fonseca Ferreira é organizadora de “Com a palavra Luiz Gama: poemas, artigos, cartas, máximas” (2011) e de “Lições de resistência: artigos de Luiz Gama na imprensa de São Paulo e do Rio de Janeiro” (2020).
Oswaldo Faustino é autor do romance histórico “A luz de Luiz: por uma terra sem reis e sem escravos” (2021).
Bruno Rodrigues de Lima é organizador das Obras completas de Luiz Gama (2021) e de Luiz Gama contra o Império (2024).
Cinthia Gomes é autora da pesquisa de mestrado "O que era preto se tornou vermelho": representação, identidade e autoria negra na imprensa do século XIX por Luiz Gama (2020).
Sobre os organizadores e mediadores do curso e da caminhada
Abilio Ferreira é coautor e organizador de Tebas: um negro arquiteto na São Paulo escravocrata (2018), organizador da Caminhada Luiz Gama desde 1991.
Cristina Assunção é integrante dos coletivos Slam da Guilhermina e Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes, integrante da Caminhada Luiz Gama desde 2015.
José Adão de Oliveira é cofundador do Movimento Negro Unificado (MNU) em 1978, coorganizador de Movimento Negro Unificado: a resistência nas ruas (2020), integrante da Caminhada Luiz Gama desde 2015.
Max Muratório é curador e produtor cultural da Cia Um Brasil de Teatro e Artes e da exposição fotográfica Memorial Luiz Gama (2013 e 2023), integrante da Caminhada Luiz Gama.
Sesc Consolação
Rua Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque. São Paulo – SP.
Telefone: (11) 3234-3000. Na rede: /sescconsolacao
Horário de funcionamento: Terça a sexta, das 10h às 21h30. Sábados, das 10h às 20h. Domingos e feriados, das 10h às 18h30.
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