PRIMAVERA DOS LIVROS E FEIRA DO LIVRO PERIFÉRICO REÚNEM MAIS DE 70 EDITORAS EXPOSITORAS E PROMOVEM PROGRAMAÇÃO COM FOCO NA BIBLIODIVERSIDADE E NA REDE COLABORATIVA DE PRODUÇÃO LITERÁRIA
Evento que ocorre entre 30 de agosto e 1º de setembro no Galpão Cultural Elza Soares, do Armazém do Campo, traz programação integrada com palestras, bate-papos e lançamentos
O livro enquanto patrimônio cultural e histórico e a bibliodiversidade percebida como ensejo prático da democracia são os valores que norteiam a curadoria da Liga Brasileira de Editoras (LIBRE) e a Câmara Periférica do Livro (CPL) para a promoção da 9ª Primavera dos Livros de São Paulo, encontro que reúne editoras, livreiros, autores e educadores de arte que, reunidos, celebram a importância de um olhar crítico e coletivo para o mercado de produção literária do país. Este ano, o evento ocorrerá entre 30 de agosto e 1º de setembro, no Galpão Cultural Elza Soares, do Armazém do Campo, um espaço democrático localizado na região central da cidade que acolherá, além de mais de 60 editoras expositoras, uma intensa programação de debates, palestras e oficinas.
Entre os destaques da programação, estão discussões importantes para o universo do livro. Uma das mesas confirmadas vai discutir “Censura e crítica na literatura para as infâncias: o perigo da falsa simetria”, com apoio de A Casa Tombada e mediação da jornalista e professora Cristiane Rogério. Para a mediadora, “toda vez que alguém fala sobre um livro ter sido ‘censurado’ em alguma escola, biblioteca ou qualquer outro acervo voltado à infância eu questiono qual livro é, quem reclamou dele e por quê. Isso porque a ideia da censura – horrorosa, principalmente para nós, brasileiros com memória – assusta tanto que, muitas vezes, engole o debate. Passa-se o tempo todo, especialmente nas redes sociais, mais falando do ato e menos do livro. E por que isso seria importante? Porque hoje estamos nos revendo como sociedade e estamos revendo, sim, o que produzimos para a literatura e as infâncias no último século no Brasil. Temos muito do que nos envergonharmos e é preciso falar sobre isso. A censura não pode engolir a crítica e nem a crítica pode determinar a censura, e é justamente enfrentar este debate o melhor caminho para avançarmos juntos”.
A mesa será formada pela escritora Heloisa Pires de Lima, pelo ilustrador Rodrigo Andrade, pelo pesquisador João Luís Ceccantini e pela editora Valeria Pergentino (Ed. Solisluna) e acontece no sábado, dia 31 de agosto, às 15h30.
Este ano, um novo Plano Nacional de Leitura e Escrita (PNLE) está em discussão e ano que vem será renovado, após 10 anos de vigência, o Plano Municipal do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (PMLLLB) de São Paulo. Em paralelo, estão em andamento as gestões para a criação do Plano Estadual do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas de São Paulo. Representantes das três instâncias também estarão presentes para discutir essas políticas públicas estruturantes da área do livro.
O evento também conta com intervenções de slams e saraus e com programação para crianças com O Casulo Viajante, uma Kombi transformada em espaço de contação de histórias e música.
A programação, que é totalmente gratuita e se apoia numa curadoria pautada em valores como a representatividade e a resistência perante a lógica mercadológica dos eventos literários nas metrópoles, acontecerá diariamente, das 11h às 20h.
A partir da temática “Bibliodiversidade: pilar da Democracia”, a Primavera dos Livros exerce papel significativo na luta por um mercado editorial mais amplo, que inclua todas as faixas sociais em todos os níveis da atividade. Nesse sentido, um dos grandes trunfos do evento é promover a visibilidade de obras que nem sempre estão disponíveis nas grandes redes de livrarias, permitindo uma troca direta entre leitor, editora e autor, além de criar parcerias fundamentais como essa onde atuam a Ação Educativa e a CPL – Câmara do Livro Periférico. Lizandra Magon de Almeida, atual presidente da LIBRE, destaca que o livro é o pilar do debate ampliado, público e inclusivo. Segundo Lizandra, sem livro, não haveria política popular nem democracia. A ascensão do povo como parte da vida política e, portanto, a construção da democracia, a partir do século XIX, se dá paralelamente, mas não por acaso, à ascensão do livro enquanto objeto público e mercadoria.
Ante tais objetivos, a aproximação da Primavera dos Livros com a CPL - Câmara Periférica do Livro consolida o desejo das duas entidades em trabalhar de forma coletiva e fortalecer vozes e escritas que traduzam o sentimento de representatividade. “Realizar a terceira edição da Feira do Livro Periférico junto com a Primavera dos Livros será um grande estímulo para as mais de 30 editoras que estão articuladas na CPL. Será um espaço de troca e aprendizado com quem está na batalha do livro há muito mais tempo do que nossas editoras periféricas, a maioria constituída nos últimos dez anos”, comenta Eleílson Leite, responsável pela CPL e coordenador da área de cultura da Ação Educativa, instituição que há 30 anos atua nos campos da educação, da cultura e da juventude. A CPL - Câmara Periférica do Livro, por sua vez, é uma rede criada para atuar no fortalecimento de editoras e selos atuantes nas periferias de São Paulo e cidades limítrofes do Rio de Janeiro e de Belém, no Pará.
Em 29 de agosto, antecedendo o evento, acontece o tradicional Dia do Editor, com palestras e mesas de discussão voltadas ao fazer editorial. A programação especial acontecerá na recém-inaugurada Livraria Expressão Popular, na Al. Nothmann, 806, Campos Elíseos, das 10h às 18h, e toda a programação estará disponível no @ligabrasileiradeeditoras e em www.libre.org.br
A Primavera dos Livros, que tem origem no ano de 2002, no Rio de Janeiro, e parte para sua 9ª edição em terras paulistanas, foi idealizada para subverter o mercado que prioriza e facilita somente grandes editoras, em eventos que possuem uma lógica de mercado que não consegue entender profundamente a diversidade presente nos títulos de editoras pequenas e independentes. Atualmente, a entidade reúne quase 200 editoras independentes do país, e a Primavera dos Livros é parte da estratégia da instituição para chamar atenção às políticas relacionadas ao livro e à abertura do mercado editorial para assuntos como sexualidade, racismo e a questão das mulheres, entre outros assuntos sensíveis à sociedade contemporânea e fundamentais para uma representatividade democrática e justa.
A Primavera dos Livros | Feira do Livro Periférico é realizada pela Ação Educativa com o Ministério da Cultura e pela Liga Brasileira de Editoras, e conta com o apoio da Forma Certa, Digitaliza, A Casa Tombada, Centro Universitário Assunção e produção da AM3.
PROGRAMAÇÃO
Sexta-feira, 30 de agosto
11h00: Abertura da feira
11h30: CONTAÇÃO DE HISTÓRIA “Manoelices e outras maluquices”, com os contadores de histórias Cissa Lourenço e Paulo D’Auria e a musicista Aline Lopes
Uma homenagem ao poeta Manoel de Barros que, em seus poemas, dialogava com as crianças com temas sobre a natureza e o cotidiano, criando um universo onírico e lúdico.
Para crianças de todas as idades.
12h15: OFICINA DE ILUSTRAÇÃO E DESENHO “Imaginários ilustrados”, com Emily Stephano
A imaginação pode ir muito além do que os olhos veem. Explorando formas, traços e cores, convidamos os leitores para soltar a criatividade e compor imagens a partir de propostas de dois lançamentos da Editora Miolo Mole: Isto não é uma cenoura (Luana Vignon e Caco Galhardo) e Animália: zoopoesia ou algo que o valha (Frederico Brito, Thais Evangelista e Bruna Lubambo).
Para crianças de todas as idades.
13h00: SARAU: Bodega do Brasil
O Sarau Bodega do Brasil está completando este ano 15 anos de história. Em sua itinerância representando o Território de Guaianases, dará voz e vez a alguns dos artistas frequentadores do sarau, que durante esses anos deixaram seus bairros, para distrair, alimentar esperanças, iluminar mentes na região central da capital paulista. Venha mostrar sua arte e seja aplaudido (a) por nós.
14h00: CONTAÇÃO DE HISTÓRIA com a equipe de O Casulo Viajante
A contadora de histórias Brunna Talita e o músico Renato Ribeiro, com sua Kombi Literária, contam histórias dos povos originários da América do Sul, baseadas em suas pesquisas. A Kombi estará instalada no local durante todo o evento e haverá mediação de leitura nos três dias das 11h às 17h.
15h00: MESA: Ecoliteratura: um gênero literário urgente
O que é ecoliteratura? Como a literatura pode ajudar a pensar temas ambientais como biodiversidade, mudanças climáticas e equilíbrio ecológico nas cidades? Os personagens literários podem ajudar a salvar o planeta?
Participantes: Preto Michel (escritor, poeta, educador social e editor) e Juliana Mutafi (professora e pesquisadora da PUC-SP)
Mediação: Lara Kouzmin-Korovaeff
17h30: MESA: A disputa cultural na cidade
Como a cultura e a arte se integram à construção de uma cultura política democrática? Quais os territórios ocupados pelas manifestações culturais numa cidade plural como São Paulo?
Participantes: Camilo Rocha (Bate-Estaca: Como DJs, drag queens e clubbers salvaram a noite de São Paulo, Veneta) e Binho (escritor, poeta e organizador do Sarau do Binho
Mediação: Lizandra Magon (editora e presidenta da LIBRE)
19h00: Sarau do Binho, 20 anos
Em seu aniversário, um dos mais tradicionais saraus de São Paulo, instalado no bairro do Campo Limpo, se apresenta para o público do evento, com poetas convidados e participação do público.
Sábado, 31 de agosto
11h00: Horário de abertura da feira
11h30: MESA: Sonhos, imaginação e saúde mental na literatura infantojuvenil
Participantes: João Correia Filho (autor de Nisinha, Ed. Mireveja), Mira Silva (autora de A árvore mais sabida do mundo, Ed. Solisluna), Paula Autran (autora de A menina que comia estrelas, Ed. Jandaíra) e Larissa Ramalhoso (autora de Maria, Ed. Enlace)
Mediação: Lia Novaes Serra (Ed. Quina)
13h00: SARAU: Casa de Cultura Hip Hop Jaçanã
O Sarau da Casa realiza saraus desde 2020 na ocupação Casa Cultural Hip Hop Jaçanã, itinerante também em outros espaços da cidade, e acolhe uma gama de artistas independentes de diversas vertentes e periferias. Busca ser um espaço de fruição artística periférica, trazendo artistas que não possuem visibilidade nos circuitos culturais, dando assim, à comunidade do Jaçanã e região, acesso à arte de qualidade que, muitas vezes, limita-se à espaços distantes das periferias.
14h00: MESA: 60 anos do Golpe Militar: o que precisamos saber cada vez mais?
O fim da ditadura militar veio junto com um muro de silêncio sobre os métodos e atrocidades do regime. Como o jornalismo e a literatura têm ajudado a derrubá-lo e a acabar com o que resta da ditadura no Brasil de hoje?
Participantes: Marcelo Godoy (Cachorros, Alameda Editorial), Ana Cristina Braga Martes (Sobre o que não falamos, Editora 34) e Alberto Martins (Violeta: uma novela, Editora 34)
Mediação: Joana Monteleone (historiadora)
15h00: MESA: Censura x crítica: as falsas simetrias na literatura infantojuvenil
Nos últimos anos, o livro infantil vem andando sob o fio da navalha: de um lado, o Brasil se revê como sociedade, aprofundando a discussão sobre direitos humanos e buscando representatividade e inclusão; do outro, o moralismo e o autoritarismo tentam impor valores e conceitos que reforçam as histórias únicas que sempre contamos para nossas crianças. Nesse contexto, as ideias do que seja crítica e do que seja censura que se confundem. Abrimos o debate para que possamos avançar juntos.
Participantes: Heloisa Pires de Lima (autora e pesquisadora), João Luís Ceccantini (pesquisador) e Valeria Pergentino (editora)
Mediação: Cristiane Rogério (jornalista, autora e pesquisadora)
16h30: CONTAÇÃO DE HISTÓRIA com a equipe de O Casulo Viajante
A contadora de histórias Brunna Talita e o músico Renato Ribeiro, com sua Kombi Literária, contam histórias dos povos originários da América do Sul, baseadas em suas pesquisas. A Kombi estará instalada no local durante todo o evento e haverá mediação de leitura nos três dias das 11h às 17h.
17h30: MESA: O livro na defesa da Palestina
Por que o debate sobre a luta palestina tem de ser travado para além dos muros de Gaza e da Cisjordânia? Como os livros podem ajudar a parar o genocídio?
Participantes: Breno Altman (Contra o sionismo, Alameda Editorial) e Arlene Clemesha (professora da FFLCH-USP)
Mediação: Paula Carvalho (jornalista)
19h00: Leituras públicas afrofuturistas (Ed. Kitembo)
Os escritores Israel Neto, Sabine Mendes e Taslim realizam a leitura pública de trechos das obras "A cabeça de Zumbi", "O Imortal de Machado de Assis - releituras afrofuturistas" e "A dáie de vários nomes". O encontro também refletirá sobre o processo de criação de obras de ficção científica e afrofuturismo.
Domingo, 1 de setembro
11h00: Horário de abertura da feira
11h30: MESA: Planos do Livro: Municipal, Estadual e Federal
Está na hora de reformular e ampliar os planos para livro e leitura no país. Como podemos fazer um país de leitores pela democracia?
Participantes: Ricardo Queiroz (Participacão Social nas Políticas Públicas do Livro e Leitura, Terra Redonda), Cida Perez (Assembleia Legislativa), José Castilho Marques Neto (consultor), Miro Nalles (presidente do Conselho do PMLLLB-SP), Lizandra Magon de Almeida (Conselheira do PMLLLB e presidenta da LIBRE), Marcus Rei (SISEB-SEC-SP), Márcia Reis (SEE-SP)
Mediação: Eleilson Leite (Ação Educativa)
13h00: SARAU: Projeto LibertArte
Uma atividade lítero-musical com Aykathrine (Angola), Clara Swatson (África do Sul), Clau (África doSul), Dedre (Namíbia), Ferraz (Angola), Mirian Cambolo (Angola) e Vanessa Páez (Venezuela). Apresentarão poemas autorais que falam de suas raízes e de suas experiências no Brasil, inclusive de seu período no cárcere. Além dos poemas, trazem canções africanas e percussão. Lançamento da Coleção LibertArte, composta por 5 livros, coletânea de autoras africanas sobreviventes do cárcere e 4 livros solos, de duas angolanas e duas sul-africanas. O machismo, a violência doméstica, a guerra em Angola e o apartheid na África do Sul são aqui retratados. Saudades dos filhos, esperanças, lutas e alegrias.
14h00: PALESTRA: Literatura Negra Feminina
Palestra de Elizandra Souza (jornalista, poeta e integrante do Sarau das Pretas)
Mediação: Mariana Vilela, jornalista e escritora
A autora apresenta um panorama da Literatura Negra Feminina Brasileira a partir da linha do tempo “A benção às mais velhas” publicada na Antologia Literatura Negra Feminina em 2021. As escritoras negras brasileiras estão publicando desde 1859, a partir de Maria Firmina dos Reis. Isto quer dizer que são 163 anos que as mulheres negras publicam, na maioria das vezes de forma independente.
15h00: MESA: Pequenas revoluções literárias - maneiras contemporâneas de formar leitores
Newsletters, clubes de leituras, influencers, plaquetes, podcasts: como a tecnologia e as redes virtuais e reais têm mudado o jeito de ler e de viver os livros?
Participantes: Janine Durand, Luciana Gerbovic (Clubes de leitura, Solisluna), Paula Maria (escritora) e Angela S. J. Ferreira (gestora da Biblioteca Comunitária de Heliópolis).
Mediação: Camila Perlingeiro (MapaLab)
16h30: CONTAÇÃO DE HISTÓRIA com a equipe de O Casulo Viajante
A contadora de histórias Brunna Talita e o músico Renato Ribeiro, com sua Kombi Literária, contam histórias dos povos originários da América do Sul, baseadas em suas pesquisas. A Kombi estará instalada no local durante todo o evento e haverá mediação de leitura nos três dias das 11h às 17h.
17h30: MESA: Escrevendo a música
A música nas páginas dos livros.
Participantes: Irineu Franco Perpétuo (Editora 34), Leandro Souto Maior (Editora Garota FM) e Renato Vieira (Editora Garota FM)
Mediação: Chris Fuscaldo (Editora Garota FM)
19h00: ESPETÁCULO DE ENCERRAMENTO
SERVIÇO:
Primavera dos Livros
Local: Galpão Cultural Elza Soares, Alameda Eduardo Prado, 474 - Campos Elíseos
Datas: de 30 de agosto a 1º de setembro
Horários: diariamente, das 11h às 20h
Entrada gratuita
@ligabrasileiradeeditoras e www.libre.org.br
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