Sábado, 11/05, 19h - As Mulheres da Pequena África - Roda de Samba na Pedra do Sal - GRATUITA

Elas no comando do samba


Formada por musicistas, a roda de samba “As Mulheres da Pequena África” celebra sua existência com samba e representatividade na Pedra do Sal em apresentação no sábado, 11 de maio

 


Cada vez mais, a máxima “lugar de mulher é onde ela quiser”, ganha força. Prova disso, é a roda de samba As Mulheres da Pequena África, nascida e com residência mensal na Pedra do Sal, berço do samba e parte da região designada como Pequena África por abrigar 15 pontos de memória que retratam, desde a chegada dos escravizados até a própria história da diáspora africana no Brasil.

 

Este local emblemático será palco da apresentação mais importante da trajetória do grupo feminino e feminista, marcada para o sábado, 11 de maio, a partir das 19h. E melhor ainda: de graça.

 

Na ocasião, as sambistas realizam a gravação de seu primeiro áudio visual com a música inédita Na Ribeira. Uma composição de Thais Villela, carioca, vocalista da banda. Completam a parceria os compositores Cris Delanno e Alex Moreira. A produção musical fica a cargo de Wanderson Martins.

A cantora Dora Rosa, remanescente indígena do Pantanal mato-grossense, também comanda os vocais, e além da sua experiência no samba, no CD solo Vento Bom, também traz em seu canto a força dos nossos povos originários.

A canção fala do encontro das “donas das águas”: Oxum e Yemanjá, ou seja, o rio que desemboca no mar  e banha o público com toda a ancestralidade que se faz presente na própria Pedra do Sal, por toda sua tradição de matrizes africanas.

 

A união de mulheres que fazem do que são e do que amam, suas bandeiras de luta, as tornam mais fortes e é o ponto de partida para a criação dessa roda cheia de representatividade. As Mulheres da Pequena África conta com mulheres pretas, brancas, remanescentes indígenas, LGBTQIAPN+ e periféricas.  Elas praticam e dialogam com o público sobre temas como: sororidade, empoderamento feminino, luta antirracista, bem como o combate à toda forma de intolerância, preconceito e discriminação. 

Em um universo predominantemente masculino e por vezes machista, elas trazem releituras de clássicos do samba, com letras que já não devem ser reproduzidas e dão à esses mesmos clássicos uma nova roupagem, desta vez sob a perspectiva da mulher.

O repertório do grupo também contempla canções que abordam outras questões que orbitam o universo feminino, LGBTQIAPN+ e que falam da ancestralidade negra.

 

“As Mulheres da Pequena África, vem nessa vertente de também abrir portas para as cantoras que já existem e as que estão chegando, para que elas também contem suas histórias”, acredita Dora Rosa.

 

Fina ironia, as reuniões nos antigos terreiros da região - que abrigaram as rodas de samba, num tempo em que o samba era tido como contravenção - foram começadas no século passado, na casa de uma mulher: Tia Ciata, anfitriã e guardiã dessa cultura popular. 


“É o samba devolvendo às mulheres o protagonismo que, por exemplo, Tia Ciata deu ao samba quando o acolheu em seu terreiro, onde a polícia não entrava, pois ela era uma mãe de santo articulada politicamente o suficiente para garantir que as rodas acontecessem sem truculências ou intervenções dos militares”, analisa Thais, que já canta há dez anos na Pedra do Sal com grupos masculinos, e só à partir daí,  conseguiu abrir um espaço no calendário oficial do local para uma roda feminina.

 

      As Mulheres da Pequena África recebem ao longo dos anos convidadas de todo o Brasil que têm a oportunidade de tocar neste verdadeiro santuário do samba no Rio de Janeiro. Na visão de Dora, a roda é muito animada, potente, promissora e mostra o trabalho de mulheres que trazem em seus sambas diferentes nuances, sotaques e influências, mas que se fundem principalmente pelo toque do tambor, pois quando se fala de ancestralidade, o batucar indígena encontra a afro, traçando na sonoridade a pluralidade brasileira.

 


Completam a noite, sambas clássicos e contemporâneos.

 

Identidade, de autoria de Jorge Aragão, não pode faltar pois o povo se identifica demais com essa letra que diz, que ‘quem cede a vez não quer vitória, somos herança da memória', pontua Thais. Dora Rosa também se destaca por Conlicençaê, uma mistura de samba e ijexá, de sua autoria em parceria com Bianca Miranda.

 

 

Esta edição da roda de samba As Mulheres da Pequena África acontece através do edital Ações Locais, da Gerência de Territórios e Diversidades da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro

 

Serviço:

Mulheres da Pequena África

Roda de Samba na Pedra do Sal

Sábado, 11 de maio, a partir das 19h

 

Musicistas:

Thais Villela – Voz

Dora Rosa –Voz

Maya Alves – Voz e Pandeiro

Marcia Viegas – Atabaques

Renata Tougeiro – Surdo

Thay Mavigno - Tantan

Waléria do Cavaco – Cavaquinho e backing vocal

Marcia Guedes – Violão

Vivi Araújo – Banjo

 

Direção musical João Paulo Bittencourt

Classificação: Livre

Entrada Gratuita

 

 


Comentários