Exposição audiovisual aborda rito do povo Xukuru de Cimbres, comunidade indígena do nordeste brasileiro

 Exposição audiovisual aborda rito do povo Xukuru de Cimbres, comunidade indígena do nordeste brasileiro


Idealizado por Juliana Xukuru e dirigido por Vitória Vasconcellos e Gabriela Passos, projeto leva tradição e arte dos povos originários para museus nacionais




 

Os povos indígenas representam, em sua essência, uma diversidade cultural e étnica que molda nossa existência. No caso dos Xukurus de Cimbres, pequena comunidade no interior de Pernambuco, são mais de 400 anos de uma história rica em manifestações artísticas e humanas, que serão retratadas em “Peji, de Xukuru de Cimbres” – uma exposição audiovisual que será apresentada nos principais museus pelo Brasil.

 

O projeto foi idealizado pela pesquisadora e artista plástica Juliana Xukuru, indígena do povo Xukuru de Cimbres. Além de Juliana, completam a direção a jornalista Gabriela Passos, que produziu o documentário “Decolonizante: O olhar da mulher sobre a memória colonial”, e a cineasta pernambucana Vitória Vasconcellos, que detalhou mais sobre os principais tema abordados na videoinstalação.

 

- O foco das gravações foi um ritual chamado Toré, que é realizado por vários povos indígenas, especialmente no Nordeste Brasileiro. Estávamos no meio da caatinga, ao redor do Peji (uma espécie de altar), onde pessoas de todas as idades participavam de um momento de cantoria e conectividade. O chão tremia e fizemos de tudo para capturar aquela energia nas nossas câmeras para que, quando pronta, a videoinstalação faça o público sentir a mesma sensação de comunhão com a natureza que o povo Xukuru conhece tão bem – explica a cineasta.

 

Vitória conta ainda que as gravações ocorreram através de experiências que ela e sua equipe vivenciaram durante os quatro dias que ficaram na Aldeia Mãe Maria, território do povo Xukuru de Cimbres, em Pesqueira, Pernambuco.

 

- Moramos durante quatro dias numa escola indígena da região. Entre conversas e gravações, fazíamos refeições na casa da Dona Graça, onde éramos sempre recebidos com gentileza e fartura. E isso tudo permitiu que captássemos momentos únicos, como a confecção da barretina, que é um cocar simbólico deste povo, além da criação de artesanatos pelas lideranças da comunidade. Pudemos conhecer e vivenciar o território sagrado pelos olhos das pessoas que o habitam – acrescenta.

 

Para a cineasta, a participação diária na vida do povo Xukuru permitiu uma representação imagética mais forte. De acordo com ela, toda a equipe estava sincronizada com os valores e a cultura da região, e queriam honrar a ideia de Juliana, que nasceu na aldeia. Ela menciona ainda que o tempo na aldeia mostrou um Nordeste que ela ainda não conhecia, e realçou a importância de utilizar o cinema para quebrar a ideia da história única.

 

- Projeto como estes mostram o uso da arte e da educação como forma de preservar a cultura de um povo. Durante nossa imersão na aldeia, conhecemos diversas pessoas que aprenderam a contornar as injustiças da vida com arte; seja na confecção de artesanato, na dança ou na música. A escola também assume um papel fundamental. Através dela se preserva a cultura originada no passado educando os jovens no presente, criando assim um futuro de possibilidade mais abrangentes para novas gerações – finaliza.




 

A primeira exibição será para o povo retratado na produção (Xukuru de Cimbres), além de toda a população de Pesqueira, no interior de Pernambuco. Posteriormente, a mostra será apresentada em museus pelas capitais brasileiras. A videoinstalação é uma curadoria de Maria Emília Sardelich, e foi um dos cincos projetos selecionados da primeira edição do Prêmio Museu É Mundo.

 

Mais informações em: https://www.instagram.com/vasconcellosvic/

 

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