Ana Flavia Cavalcanti discute a condição dos trabalhadores negros em dupla performance no Sesc Bom Retiro
Apresentações de “A Babá quer passear” e “Serviçal” fazem parte da mostra “Cidade Para Pessoas”, que discute Direito à Cidade
No dia 14 de maio, a multiartista Ana Flavia Cavalcanti faz uma dupla apresentação no Sesc Bom Retiro: às 12h30, protagoniza a performance “A Babá Quer Passear”, em seguida, às 16h, o solo-debate “Serviçal” recebe convidados para discutir as condições do trabalhador negro na sociedade. As ações fazem parte da mostra Cidade Para Pessoas, que acontece desde março e é parte do projeto Isto Não é um Mapa, que aborda as complexidades que envolvem o Direito à Cidade.
Ana Flavia Cavalcanti conta da expectativa em realizar a performance que estava prevista às vésperas da paralisação por conta da pandemia da covid-19 em 2020: “Eu estava preparada para fazer as duas performances no sábado em que paralisamos por conta da pandemia, dois anos atrás.
Em “A Babá Quer Passear”, ela se veste de branco, uma alusão aos uniformes de babás, fica dentro do carrinho de bebê e se coloca à disposição dos transeuntes para um passeio pelas ruas da cidade. O convite é feito através de um balão branco pregado ao carrinho com os dizeres: “A babá quer passear”. O carrinho da babá só se movimenta se alguém quiser levá-la para um passeio. Durante o passeio a performer lança algumas perguntas, como “o seu filho ou filha tem uma babá?”, “Essa babá está bem?”, “Ela tem algum sonho?”, “O que ela mais gosta de comer?”, “A sua babá, quer passear?”.
Já o solo-debate “Serviçal” funciona como uma roda de conversa, com o objetivo de trocar histórias envolvendo o trabalho. As pessoas que se autodeclaram negras são convidadas pela artista a dividirem com ela o espaço cênico. Em seguida, ela pede para que cada pessoa diga seu nome e narre uma história de trabalho ao longo da vida ou o que elas quiserem dizer. “É uma performance que se dá de uma maneira simples, e eu gosto muito dessa palavra. Acho que o simples é bastante complexo”, afirma artista. “‘Solo-debate’ vem do solo, porque eu divido uma experiência minha de trabalho ao longo da vida, e debate, porque acho que não dá para falar sobre ser uma trabalhadora negra no Brasil sozinha, sem outras pessoas negras”
Além dela e do público, a conversa conta com outras pessoas convidadas: a coordenadora de Políticas Públicas para Mulheres de Diadema e da ONG Mulheres da Luz Cleone Santos; a ativista da região da Cracolândia Janaina Xavier; a militante, ativista, multiartista Laura Cruz; o cantor Nego Bala; o skatista Regis Andrade; a coordenadora do Movimento de Moradia na Luta por Justiça (MMLJ) Silmara Congo; e a arquiteta, urbanista e apresentadora Stephanie Ribeiro. “São sete convidados que vivem, trabalham, militam, que são ativistas, são vencedores”, completa Ana.
“Essas performances são irmãs. Fiz ‘A Babá Quer Passear’ e depois ‘Serviçal’ para poder comunicar um pouco mais sobre o que eu sinto e o que eu vivo enquanto uma trabalhadora negra”, relata. “Hoje em dia não mais como uma empregada doméstica, mas já fui uma, já fui babá e venho de uma geração. Costumo dizer que é a herança trabalhista que as mulheres pretas deixam para as suas mais novas. Minha mãe, minhas tias, minhas vizinhas mais próximas, minha avó, bisavó. Todas elas foram faxineiras e empregadas domésticas. Basicamente os trabalhos criticam apontam a condição do trabalhador e da trabalhadora, não o trabalho em si, porque eu considero limpar uma função muito nobre, diferente de muitas pessoas do meu país”.
Ana Flavia Cavalcanti é uma multiartista que transita entre a direção, atuação e a performance. Seu primeiro filme, o curta-metragem “RÔ, ganhou o Candango de Melhor Filme no 52° Festival de Brasília e foi selecionado para a Berlinale em 2020. Participou da 4ª temporada da série “Sob Pressão” e das novelas “Malhação - Viva a Diferença” e “Amor de Mãe” da TV Globo. No cinema, realizou o filme “Fim de Semana no Paraíso Selvagem”, sua primeira protagonista em um longa-metragem. Mais recentemente terminou as gravações da série “Santo Maldito”, para o Star+, e se prepara para viver Helô no próximo longa-metragem de Davi Pretto.
CIDADE PARA PESSOAS
A mostra “Cidade para Pessoas” segue em cartaz até 29 de maio e faz parte do projeto “Isto Não é um Mapa”, realizado pelo Sesc Bom Retiro desde 2020, e traz dessa vez uma série de cartografias afetivas, poéticas, sociais e micropolíticas em múltiplas linguagens, que exploram e refletem sobre os diferentes desdobramentos temáticos que dizem respeito à discussão sobre cidade. Com um olhar atento para a diversidade de raça, de gênero, e também territorial, o projeto busca conectar o público com diferentes espaços da cidade, seja na integração mais direta entre centro e periferias, ou na concepção mais ampla e abstrata, ao propor uma troca múltipla entre as pessoas e suas subjetividades e como elas também não apenas se relacionam, mas constituem esses espaços.
SERVIÇO
A babá quer passear
com Ana Flavia Cavalcanti
Dia 14/5, sábado, das 12h30 às 15h30. Grátis.
Livre. Rua José Paulino.
Serviçal
com Ana Flavia Cavalcanti. Convidades: Stephanie Ribeiro, Regis Adriano, Laura Cruz, Cleone Santos, Silmara Congo, Janaina Xavier e Nego Bala
Dia 14/5, sábado, das 16h às 19h. Grátis.
Livre. Praça de Convivência.
Isto Não é um Mapa – Cidade para Pessoas
De 03 março a 29 de maio
Local: Sesc Bom Retiro
-COMPROVANTE DE VACINAÇÃO
Pessoas com mais de 12 anos deverão apresentar comprovante de vacinação contra COVID-19, evidenciando DUAS doses ou dose única para ingressar em todas as unidades do Sesc no estado de São Paulo. Crianças de 5 a 11 anos devem apresentar o comprovante evidenciando UMA dose (conforme calendário do município). O comprovante pode ser físico (carteirinha de vacinação) ou digital e um documento com foto. Recomendamos o uso de máscara. O uso de máscaras permanece obrigatório nos espaços de atendimento odontológico, ambulatórios e locais de exames dermatológicos. O acesso às unidades do Sesc está sujeito a legislação municipal referente à COVID-19.
ESTACIONAMENTO DO SESC BOM RETIRO
O estacionamento do Sesc oferece espaço para pessoas com necessidades especiais, carros de baixa emissão, carros elétricos e bicicletas. A capacidade do estacionamento é limitada. Os valores são cobrados igualmente para carros e motos. Entrada: Alameda Cleveland, 529.
Valores: R$ 5,50 a primeira hora e R$ 2 por hora adicional (Credencial Plena). R$ 12 a primeira hora e R$ 3 por hora adicional (Outros). Valores para o público de espetáculos à noite R$ 7,50 (Credencial Plena). R$ 15 (Outros).
Horários: Terça a sexta: 7h30 às 20h. Sábado: 10h às 20h. Domingo: 10h às 18h. IMPORTANTE: Em dias de espetáculos o estacionamento funciona até o término da apresentação.
TRANSPORTE GRATUITO
O Sesc Bom Retiro oferece transporte gratuito partindo da estação da Luz em dias de espetáculos. O embarque e desembarque ocorre na saída CPTM/José Paulino/Praça da Luz. Horários: Ida > Sexta e sábado, das 17h30 às 19h50. Domingo das 13h às 15h50. Volta > Ao término do espetáculo de volta à Estação Luz.
Sesc Bom Retiro
Alameda Nothmann, 185. CEP 01216-000. Campos Elíseos, São Paulo – SP. Telefone: (11) 3332-3600
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Atendimento à imprensa
Fone.: 3332-3738
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