Luz Ribeiro vence edição especial do SLAM BR

 


Com palavras ácidas e rimas fortes, que falam sobre a força (e o sofrimento) da mulher na atual situação do país, Luz Ribeiro conquistou o troféu da edição especial do SLAM BR Especial On-line - Campeonato Brasileiro de Poesia Falada, que este ano aconteceu de maneira totalmente virtual, entre 4 e 7 de março de 2021. A slammer venceu depois de uma rodada de desempate com Lucas Afonso, recebendo 10 de todos os jurades.
 

“Essa conquista pra mim é muito importante, principalmente no âmbito dos afetos. Se você ver, entre os dez participantes, a quantidade de homens e mulheres pretos, uma mulher trans… Isso é muito afetivo, ao mesmo tempo que são portas sendo abertas. Em 2016, eu consegui o feito de ser a primeira mulher a ganhar o SLAM BR. Os nomes que antecedem os meus são nomes de homens cis gênero. Depois disso, os corpos são todos corpos pretos, mulheres, e o único homem ganhador não é um homem cis. Então pra mim eu crio essa ideia que talvez seja ficcional, utópica, de que quando a gente abre uma porta, abre uma fenda pra outras pessoas passarem. Eu penso que eu ter ganhado em 2016 tenha sido uma fenda para outras mulheres adentrarem o espaço”, fala Luz.
 

Apresentado pelo Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, o SLAM BR acontece todo final de ano e reúne os campeões e campeãs estaduais em uma grande competição nacional. Em 2021 foi realizada uma edição da qual participaram os campeões e campeãs das seis edições do SLAM BR, além de campeões do SLAM SP e ZAP! Slam. Todos eles foram representantes do Brasil na Coupe Du Monde de Slam (Copa do Mundo de Slam), que acontece anualmente na França.
 

Foram quatro dias de atividades, que incluíram as batalhas entre os poetes, mesa de debate, exibição de filme, oficinas e uma masterclass com o escritor Marcelino Freire. Tudo transmitido online nas páginas do YouTube (youtube.com/nucleobartolomeu) e do Facebook do SLAM BR (https://www.facebook.com/POETRYSLAMBRASIL).




 

Luz foi campeã do “slam flup nacional” (2015), campeã do “slam br” (2016), o que a credenciou para representar o Brasil na "Coupe du monde de slam de poésie", disputada na França, em 2017, da qual foi semifinalista. Ela integra o grupo de pesquisa e teatro “coletivo legítima defesa”, escreve desde que fora alfabetizada e nem por isso se acha poeta, sonha com o dia que será poesia. Protagonizou um dos capítulos da série "Bravos" na TV Brasil e é autora dos livros: “Eterno contínuo” (2013), “Espanca estanca” (2017) e “Novembro [pequeno manual de como fazer suturas].
 

"Depois de entrar no SLAM (e no Sarau) eu tenho um olhar totalmente diferente. Eu sendo uma mulher preta, periférica, é dentro dos SLAMs que eu me percebo e me descubro como uma mulher bissexual, é nele que que eu começo a entender a importância de um posicionamento político, da palavra enquanto possibilidade de impregnar nas estruturas e romper com elas. O SLAM me ensinou que a palavra é meu direito de revide, e é com essa palavra que eu me armo e respondo as afrontas do mundo”, completa Luz.
 

Assim como nos saraus mais tradicionais, a ideia do formato poetry slam é democratizar a poesia. Como temas, as batalhas trazem coisas do cotidiano, como a homofobia, o racismo, o machismo, preconceito, a violência, entre outros temas. O slam chegou ao Brasil pelas mãos de Roberta Estrela D'Alva - diretora, idealizadora e apresentadora do projeto -, e foi encampado pelo Núcleo Bartolomeu de Depoimentos. Reúne poetas da cena nacional dos Poetry Slams, batalhas de poesia falada surgidas na década de 1980 nos EUA celebradas em milhares de comunidades ao redor mundo e que hoje se estabeleceram como uma das mais democráticas formas de expressão popular, conquistando cada vez mais adeptos e espectadores.

 

Ficha técnica
 

Concepção e apresentação: Núcleo Bartolomeu de Depoimentos [Roberta Estrela D’Alva, Eugênio Lima, Luaa Gabanini, Claudia Schapira]

Direção de Produção: Mariza Dantas

Assistente de palco : Dani Nega

Conteúdo Digital: Luiza Romão

Intérprete Libras: Erika Mota e equipe

Assessoria de imprensa: Canal Aberto

Programação Visual: Murilo Thaveira

Transmissão Filmagem e edição: Ursula REC Audiovisual

Convidados: Marcelino Freire (Masterclass); Tatiana Lohmann (Diretora do Filme); Tom Grito (Curador e mediador do Slam Cuir); Kuma França, Kika Sena e Abigail Campos Leal (Poetas Slam Cuír)

Slammers: Fabio Boca (SP) [Campeão Slam SP 2011]; Lews Barbosa (SP) [Campeão Slam SP 2012], Emerson Alcalde (SP) [Campeão Slam SP 2011]; João Paiva (MG) [Campeão Slam BR 2014]; Lucas Afonso (SP) [Campeão Slam BR 2015]; Luz Ribeiro (SP) [Campeã Slam BR 2016]; Pie (MG) [Campeão Slam BR 2017]; Bel Puã (PE) [Campeã Slam BR 2018]; Kimani (SP) [Campeã Slam BR 2019]; Jéssica Campos (SP) [Campeã Slam BR 2020].


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