No dia 1º de setembro (terça-feira, às 20h), o Instituto Vox de Pesquisa em Psicanalise realiza o Debate Sobre o Livro ‘O Discurso da Estupidez’, de Mauro Mendes Dias, com participação do autor.
O evento, online, integra Seminário Psicanálise e Política, realizado pelo instituto, e conta com participação dos debatedores: Conrado Ramos (Fórum do Campo Lancaniano - SP), Daniele Sanches (Instituto Vox) e Luiz Eduardo Moreira (Instituto Vox).
O debate - gratuito e aberto ao público - acontece pela plataforma Zoom. As inscrições devem ser feita pelo site www.voxinstituto.com.br/ inscricao-para-eventos.
O livro O Discurso da Estupidez surgiu como efeito do trabalho de pesquisa que o autor vem realizando, há alguns anos, sobre a voz na psicanálise, levado adiante no Instituto Vox de Pesquisa em Psicanalise, do qual é diretor. A pesquisa o levou a autores que falam sobre a estupidez, na qual ele reconhece uma nova modalidade de fascismo que se vale de meios antipolíticos para atingir propósitos, tendo o ódio como principal agente de destruição. “O discurso da estupidez vai contra qualquer avanço político, tocando a parte mais animal do homem. Encontra-se diretamente ligado à possibilidade de viver o ódio, seja a pessoa de direita ou de esquerda, para mudar a realidade a partir da destruição do que é instituído. O sentimento de ódio é a paixão mais primitiva que nos constitui como humanos”, acompanhando Freud, afirma o autor.
Esta publicação, como extensão do trabalho sobre a voz, desenvolvido pelo psicanalista, avança sobre o que Mauro Mendes Dias nomeou como ‘vociferação’, em um sentido diferente do vocábulo em nossa língua, que designa gritaria, falar colericamente, aos brados. “Forjei esse conceito com o objetivo de mostrar como cada um de nós pode se tornar cativo de discursos, os quais introduzem como efeito a retirada de cena da voz própria”. O que ele nomeia como voz própria é o efeito de uma dupla operação: “introduzir uma significação diferenciada ao discurso que se recebe, tanto quanto a realização de ações que se comprometam com a verdade, em minha leitura com a presença da psicanálise”.
O psicanalista argumenta que a verdade não é algo por inteiro, tampouco é semelhante à crença. “A verdade é sempre particular e, ao mesmo tempo, se mostra no laço social, independentemente da classe”. O livro fala das vociferações como uma condição que retira a voz própria, que mostra como um sujeito pode consentir a esse apelo. Daí, a ligação que o livro aponta entre vociferação e “O Canto das Sereias”, quando, em Odisseia, de Homero, Ulisses tapa com cera os ouvidos de seus companheiros, mas não os seus próprios.
Segundo o psicanalista, a ligação do livro com o século XXI torna sensível a predominância do mundo virtual com a ilusão patrocinada pelas indústrias de conexão tanto quanto do anonimato. “Antecedida pela ideia de mercado e consumo, a Internet não é sinônimo de relação, mas de conexão, onde o que importa, fundamentalmente, é o recobrimento de identidades, condição ideal para promoção da degradação e proliferação o ódio, a exemplo da disseminação das fake news”, comenta.
Debate Sobre o Livro O Discurso da Estupidez
1º de setembro, terça, às 20h
Realização: Instituto Vox de Pesquisa em Psicanalise
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