Salve a força dos encantados
Rezadeiras, benzedeiras, curandeiras, remedeiras, costureiras de machucaduras....
No saber popular é a “prática do ofício tradicional da cura”.
Tantas são as denominações, dessas tradições.
E quem já entrou num Congá e levou uma baforada do cachimbo de uma preta velha, ou foi rezado (a), benzida (o) por uma senhora rezadeira?
A Camisa Verde Branco em seu orar, através do cantar neste carnaval, levará para a avenida uma homenagem ao universo feminino através das rezas, pela fé das mulheres rezadeiras, que benzem e que curam, num momento em que o mundo precisa se curar de todos os males individuais, na busca pela fé, em uma corrente coletiva e humanizadora de luzes.
Luz essa que vai enaltecer as práticas do saber ancestral, do ofício de curar através do "trevo", maior simbologia desta comunidade, o qual é o reacender das forças místicas que transcendem a sorte, é o fio condutor e a ferramenta sagrada para o nosso ato de benzer, pois ele contém a fé para a proteção e reafirma os caminhos da sorte, para alçarmos novamente os patamares das vitórias de outrora.
Neste terreiro de bambas a Camisa Verde e Branco, nos faz um convite para celebrarmos juntamente com sua madrinha verde e rosa e suas afilhadas, suas origens, relembrando a ritualística de seu batismo, para benzer da sua fé e com isso reafirmar a força desse coletivo de mulheres divinas, com suas mulheres sagradas neste quilombo do renascer das esperanças, através das práticas do benzer, curar pela reza e pela fé, pois o samba com o trevo, em tempos de cura é o nosso amuleto sagrado e de proteção.
Convidamos todos vocês a participarem do compartilhar destas narrativas no samba, dessas práticas curativas, desde as encantarias caboclas da Amazônia, passando pelas matrizes que constituíram as nossa tradições brasileiras e se reencontram nesta costura, em um movimento potencial transformador das crenças populares e dos valores espirituais, relembrando seu nascimento de batismo (um ato de rezar e de benzer), com toda a comunidade sambista.
Salve o trevo, salve o samba em oração, salve a Barra Funda!
Introdução para uma poética
“Lá no Norte, em Belém do Pará quando criança, minha avó sempre
mandava chamar dona Noca para benzer sua erisipela, ela era a única
rezadeira da cidade em que morava.... Com terço no pescoço, lá vinha ela
com sua sacola, dela retirava uma vela e uma faca, dona Noca benzia a
erisipela da vovó com uma faca, rezava e fazia o sinal da cruz sobre a
perna, como se estivesse cortando aquele mal... “(Leno Vidal).
“Nasci na Penha, e no início dos anos 90 ainda existia um formato nostálgico
de bairro com clima de cidade do interior, conhecíamos todos os vizinhos. Dona Rosa
era a senhora benzedeira que morava ao lado do colégio, e a impressão que
eu tinha era que ela curava qualquer coisa. Uma das lembranças mais antigas que
eu tenho da minha infância é de um banquinho branco onde ela nos colocava
sentado, e ela atrás de mim sussurrava sua reza com um maço de planta e um terço,
meu olhar assustado para minha mãe era facilmente abrandado pelo sussurro da
Reza de Dona Rosa.” (Renan Ribeiro).
Essas são as nossas primeiras lembranças de uma rezadeira... Acreditamos que todos nós tenhamos em nossas memórias afetivas, lembranças, vivas, dessas mulheres rezadeiras... Qual a sua?
Por Leno Vidal e Renan Ribeiro
Rezadeiras, benzedeiras, curandeiras, remedeiras, costureiras de machucaduras.... No saber popular é a “prática do ofício tradicional da cura”. Tantas são as denominações, dessas tradições. E quem já entrou num Congá e levou uma baforada do cachimbo de uma preta velha, ou foi rezado (a), benzida (o) por uma senhora rezadeira?
A Camisa Verde Branco em seu orar, através do cantar neste carnaval, levará para a avenida uma homenagem ao universo feminino através das rezas, pela fé das mulheres rezadeiras, que benzem e que curam, num momento em que o mundo precisa se curar de todos os males individuais, na busca pela fé, em uma corrente coletiva e humanizadora de luzes.
Luz essa que vai enaltecer as práticas do saber ancestral, do ofício de curar através do "trevo", maior simbologia desta comunidade, o qual é o reacender das forças místicas que transcendem a sorte, é o fio condutor e a ferramenta sagrada para o nosso ato de benzer, pois ele contém a fé para a proteção e reafirma os caminhos da sorte, para alçarmos novamente os patamares das vitórias de outrora.
Neste terreiro de bambas a Camisa Verde e Branco, nos faz um convite para celebrarmos juntamente com sua madrinha verde e rosa e suas afilhadas, suas origens, relembrando a ritualística de seu batismo, para benzer da sua fé e com isso reafirmar a força desse coletivo de mulheres divinas, com suas mulheres sagradas neste quilombo do renascer das esperanças, através das práticas do benzer, curar pela reza e pela fé, pois o samba com o trevo, em tempos de cura é o nosso amuleto sagrado e de proteção.
Convidamos todos vocês a participarem do compartilhar destas narrativas no samba, dessas práticas curativas, desde as encantarias caboclas da Amazônia, passando pelas matrizes que constituíram as nossa tradições brasileiras e se reencontram nesta costura, em um movimento potencial transformador das crenças populares e dos valores espirituais, relembrando seu nascimento de batismo (um ato de rezar e de benzer), com toda a comunidade sambista.
Salve o trevo, salve o samba em oração, salve a Barra Funda!
SINOPSE DA POÉTICA BENZEDEIRA
Sobe as forças e domínios dos encantados
Tua proteção em quatro folhas
Guardiãs das encantarias
Imortalizam saberes tradicionais
Da Crença e da Cura
Lá na Amazônia ressurgem em forças caboclas
Este poderoso legado
Advindos de dons divinos
Da ancestralidade Xamânica, as visões dos Pajés
Como fonte de luz, abrigo e Recanto
Nas bênçãos das mulheres que benzem
Foi na casa de sapê, como num berço de samba, da Camisa de bambas
Se ouviu o canto em oração da dona `Yyá
A fé, é o seu alimento!
É matriz indígena e Afro brasileira!
Em cada canto desta terra, no bater da pena e maracá, ou do tambor
Acalanto divino de Deus com a Santíssima Trindade,
Um sagrado coração na hora da dor
Rezas e ex-votos para um andor
Grandeza de alma, nobre gesto de amor
Na força do trevo a cantoria é sagrada
Neste terreiro quilombola
Orar as ervas sagradas
Kiuá Nsaba! Kiuá Katendê!
No rebolado Tia Lourdes
O resguardar da memória do amuleto da sorte
,Pretas velhas rodam saias em jongo,
Dando suas cachimbadas
Firma ponto, risca ponto no Congá!
Onde emanam em misticismos...
Com o toque dos dedos acalmam o sofrer
Afastam quebrantos
Manjericão, trevo, arruda e guiné...
Afugentam espíritos
No Brasil das Rezadeiras
Se benze pássaros e animais
Com ervas, águas, flores, perfumes, sementes...
Tudo é rezado, é firmado e consagrado
Nas folhas do Trevo de dona Sinhá,
tem a cura de seu povo
Olhares atentos
Assistam o brotar da vida:
Com cuidado a parteira
Apara o nascido como se fosse uma flor
Em verde e rosa, azul, amarelo, vermelho, ou preto e branco
Da reza, batismo e benzimentos
Nasceram escolas de sambas, de plurais identidades
Resguarda a madrinha, batisma as afilhadas
Planta o Axé!
Vivi, Porta Bandeira soberana
Te convida ao samba com todas as baianas e as velhas guardas
A rebenzer o pavilhão
Prevê a sorte
Para reascender em vitórias
Emanando luz, das sagradas mãos que abençoam
No território da poética curandeira
A camisa é a morada sutil
Dos que buscam a grandeza e a limpeza da alma
Do renascimento e mistérios da vida
Na força sagrada da mulher
Pelas rezas da mulher
Que na Fé do Trevo, te benze!
Que através do Trevo
Te cura, pela Fé!
MENSAGEM DOS CARNAVALESCOS AOS COMPOSITORES
Que este enredo, concebido para resgatarmos as forças e legados
ancestrais, com a fé do nosso trevo, inspire os poetas ao criar
nosso hino para o futuro carnaval.
Que ele seja mais que um novo hino da escola, e sim, uma linda
canção capaz de desperta e ressignificar as nossas vidas, nossas
forças em cada coração. Que seja capaz de fazer a escola cantar
com toda a garra que sempre teve, na força de sua melodia.
As benzedeiras são as protagonistas desta narrativa, o trevo como
erva sagrada, um fio condutor, assim como os pontuais elementos
que são narrados e denominados no decorrer poético do texto.
Nesta poética sentida e cantada, iniciaremos com o cortejo com a
força dos encantados, encantarias das benzedeiras caboclas da
Região Norte e perpassará, por recortes por diversos legados
desta tradição, dos seus atos de benzer, de curar, suas
simbologias... até chegarmos ao batismo das escolas madrinhas e
afilhadas (simbologias dos benzimentos sagrados dos pavilhões),
em uma linda celebração de carnaval.
“Ela é Rainha e sempre será...
Nas matas virgens, onde canta o sabiá
Jurema, ô Jurema
Cabocla de pena
Filha de tupinambá
Ê Juremê, Jurema...”
(Domínio Público)
Uma pequena homenagem a minha madrinha Cabocla Jurema e para a nossa proteção.
Comentários
Postar um comentário