Pussy Riot lança livro e faz show em SP




Um livro de memórias de prisão para mulheres como nenhum outro! Um biscoito duro!
— Margaret Atwood
Nos sistemas políticos opressivos, algumas das armas mais eficazes são o sarcasmo e o
humor sombrio. São exatamente essas armas que são empregadas por Masha Alyokhina nos
brilhantemente escritos Riot Days. Depois de começar a ler, você está completamente desarmado,
incapaz de largá-lo até a última página.
— Marina Abramović

sobre o livro
Riot days é um relato cru, alucinatório e apaixonadosobre o livro
Riot days é um relato cru, alucinatório e apaixonado sobre a prisão da autora, Maria Alyokhina, e julgamento em uma colônia penal nos Urais após participar de um protesto punk contra Putin em uma igreja ortodoxa. Atradução, direto do russo, foi feita por Marina Damaros, doutoranda em Cultura e Literatura Russa pela USP, mestra em Jornalismo Internacional pela Rossiyskiy Universitet Druzhbi Narodov e bacharel em Comunicação Social pela Faculdade Cásper Líbero. Os primeiros
300 exemplares do livro, virão acompanhados por dois cordéis e serão embalados em balaclavas coloridas confeccionadas especialmente pela Cooperativa Libertas, de mulheres egressas do sistema penitenciário brasileiro.
Parte do lucro da venda dos livros será revertida à causa internacional do grupo Pussy Riot e à Cooperativa Libertas.




sobre o evento
Em 29 de janeiro, às 21h, Maria Alyokhina lança Riot Days, em tradução direta do russo por Marina Damaros, coedição da n-1 edições e Editora Hedra, no Centro Cultural São Paulo. No livro, a ativista faz um relato contundente sobre sua atuação política e o tempo passado na prisão. Antes do lançamento, às 19h, será exibido o filme Act and Punishment, seguido de bate-papo
com a escritora e outros integrantes do grupo. No dia 30, Pussy Riot se apresentará junto com Linn da Quebrada na rua Vergueiro, em frente ao CCSP, dentro da programação do Festival Verão Sem Censura da Prefeitura de São Paulo. Após o show, a Dj Kot, integrante do grupo, fará um
set encerrando o festival. Além do livro Riot Days, a n-1 edições lançará dois cordéis escritos por mulheres que passaram pelo sistema prisional brasileiro.


sobre o filme

Act and Punishment (90 minutos, legendas em português), de Yevgeni Mitta, exibido dia
29 de janeiro às 19h, apresenta o ativismo situado na intersecção entre arte, história e
política. Repleto de elementos visuais e textuais, o filme começa abordando a história
do feminismo russo através da filmagem de pinturas em uma galeria de arte, colocando
o grupo dentro de uma perspectiva extensa de tradição de resistência política. A causa
contra a qual se rebelam é embasada em vasto material de arquivo e entrevistas com
figuras do establishment: o tratamento de outros dissidentes, atitudes restritivas às
mulheres e a proximidade entre igreja e estado.
Além disso, Act and Punishment apresenta os primeiros clipes da Pussy Riot, possibilitando
a avaliação do quanto melhoraram ao trazerem músicos experientes para a equipe. As
cenas de performance no filme são escassas, já que pouco delas sobreviveu — imagens
capturadas em sua maioria pela polícia secreta. Mas enquanto alguns enfrentam críticas
por se apropriarem de causas, para Pussy Riot o apoio foi bem-vindo e a visibilidade
internacional ajudou o movimento.


sobre os cordéis

Junto ao lançamento de Riot Days, pela primeira vez mulheres que passaram
pela prisão terão textos publicados em dois cordéis da coleção Pandemia –
também editados pela n-1 edições e Editora Hedra e organizados por Nathali
Estevez Grillo e Rosângela Teixeira Gonçalves. Os cordéis trazem trajetórias,
narrativas, cenas, lembranças, dores, vida e morte de 5 diferentes mulheres,
Patricia Cândido, Camila Lopes Felizardo, Gabriela Ferreira Souza da Costa,
Batia Jello, Cleide Vieira da Silva, que vivenciaram dias e noites em celas
de penitenciárias femininas no Brasil – uma médica, uma Yalorixá e mãe de
santo atuante em terreiro, uma administradora de empresas, uma educadora
social e uma mulher que fazia consumo de crack e hoje cursa Serviço Social
e é bolsista de um núcleo de pesquisa da Universidade de São Paulo. São
diferentes trajetórias, vivências, idades e cores. O que têm em comum é terem
compartilhado da mesma experiência: presas, julgadas, sentenciadas (ou não),
todas viveram dias e noites no cárcere.


Sobre(viver) e Engaiolaram-nos, dois cordéis lançados em 29/01 com Riot
Days, contam ainda com cenas de entradas e de saídas da prisão, narradas
por uma socióloga e uma psicóloga social, que compartilharam durante meses
a experiência de conversarem com dezenas de mulheres em três diferentes
unidades prisionais do estado de São Paulo. Algumas das autoras que
vivenciaram dias no cárcere tornaram-se próximas das pesquisadoras e foram
convidadas por elas para compor as edições do cordel. Outras duas autoras,
dividiram dias e noites na prisão, com Preta Ferreira.


sobre o pussy riot
As jovens artistas-ativistas russas Nadezhda Tolokonnikova e Ekaterina Samutsevich foram
integrantes do coletivo de arte anarquista Voina. Ao sentirem pressão dos participantes
masculinos criaram seu próprio grupo, com ideias de independência e liberdade femininas.
Assim nasceu Pussy Riot, combinando ativismo, feminismo, militância midiática e músicas
autorais que criticam o nacionalismo e as autoridades masculinas russas.
Maria Alyokhina se junta ao grupo após um show no Lobnoye Mesto, na Praça Vermelha
em Moscou. Essa ação em específico lhes levou à detenção e chamou a atenção da grande
mídia. Após esse evento muitas das garotas integrantes deixaram o Pussy Riot, exceto
Nadezhda, Ekaterina e Maria. O grupo então decidiu realizar um culto punk na Catedral
de Moscou, cantando uma música composta especialmente para a performance com o
refrão Chase Putin Away!. A performance foi interrompida, mas jornalistas e cinegrafistas
conseguiram filmá-la e postá-la na internet. Alguns dias após a ação, as três participantes
foram presas, levadas ao tribunal e condenadas, cada uma, a dois anos de prisão. A derrota
no tribunal se tornou para elas uma vitória moral. A partir da sentença viralizada nas redes
e em todo o mundo, milhares de manifestantes usam balaclavas coloridas cantando Liberty
to Pussy Riot!




Centro Cultural São Paulo

29 de janeiro
19h Exibição do filme Act and Punishment, de Yevgeni Mitta,
sobre a trajetória do grupo Pussy Riot. Entrada gratuita com retirada
de senha uma hora antes do início do evento. Sujeito a lotação.
20h30 Debate com participação de membros do Pussy Riot
e convidados brasileiros. Mediação de Preta Ferreira.
21h Lançamento do livro Riot Days e sessão de autógrafos
com Maria Alyokhina, autora e integrante do Pussy Riot.
Rua Vergueiro, em frente ao Centro Cultural São Paulo
30 de janeiro
20h Show de Pussy Riot com Linn da Quebrada
22h15 Festa final comandada por DJ Kot (Rosemary loves a Blackberry),
musicista do Pussy Riot. Música interdisciplinar, focada em pesquisa e
sem quaisquer limitações formais ou estilísticas.

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