Peça reestreou no
Chile e volta a São Paulo em nova temporada
Fonte : Lau Francisco / Fotos : Divulgação
Homossexuais já
nascem com sua sentença de morte anunciada, simplesmente por serem quem são.
Com base neste conceito, o Coletivo Cultural Sankofa
criou o espetáculo “Já nascemos mortos”,
que faz temporada em São Paulo até dia 9
de março de 2019 em diversos espaços culturais da cidade, como Centro
Cultural da Penha, Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes, Centro
Cultural Santo Amaro, Centro Cultural Olido, Centro Cultural da Juventude e
Casa de Cultura Vila Guilherme. Todas as
apresentações são gratuitas.
O Coletivo Cultural Sankofa representou
o Brasil no Entepach 24 vérsion, um encontro de teatro. Segundo Ellen de Paula, atriz do espetáculo, “é de extrema urgência denunciar a violência
contra os corpos LGBTQI+ no Brasil e para fora do território nacional. A
importância de participar desse encontro internacional é de dialogar com outras
vozes, sobretudo da América Latina, como possibilidade de articulação política
por meio da arte”. O espetáculo que estreou em 2016 traz para a cena a
urgência de discutir a violência contra a população LGBTQI+ no Brasil. O
Coletivo reestreia o espetáculo no Chile e retorna a Brasil com temporada e
circulação gratuita na cidade de São Paulo, com apoio da Secretaria de Cultura,
por meio do prêmio da 15ª edição do edital do Programa VAI.
Relatório mostra aumento
da violência contra LGBTQI+
Relatório divulgado em 2018 pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) registrou 445 homicídios contra
homossexuais no ano de 2017. O número aumentou 30% em relação ao ano anterior,
que teve 343 casos. Segundo o levantamento, 2017 foi o ano com o maior número
de assassinatos desde quando a pesquisa passou a ser realizada. Com direção e concepção de Anderson Maciel, “Já
nascemos mortos” apresenta coreografias e textos com a intenção de apresentar corpos
sentenciados e conduzem o público à comoção e cumplicidade com essas mortes.
Nesta perspectiva, a
institucionalização da homofobia é legitimada diariamente pela família, escola
e Estado. “Quando nos calamos para o
apedrejamento, para o gatilho puxado, para a paulada, escolhemos um lado mesmo
que não seja feito pelas nossas mãos”, dispara Anderson Maciel, que, para
chegar ao resultado deste espetáculo baseou-se em notícias de crimes
homofóbicos e 20 depoimentos que deram voz a familiares de vítimas que puderam
contar suas histórias de perda. Para estas entrevistas o Coletivo Sankofa
ganhou o apoio do grupo “Mães pela
Igualdade”, que reúne mães de várias partes do Brasil que lutam contra a
discriminação, violência e homofobia.
Coreografias desfilam situações de personagens reais
As coreografias e os textos têm a
intenção de apresentar corpos sentenciados. Neste caso, tanto o texto como a
dança propriamente dita, conduzem o público à comoção e cumplicidade com essas
mortes. O grupo trabalhou dentro da estética da dramaturgia do movimento – a
potência do corpo em cena – de uma forma que os textos não tenham peso
explicativo. As entrevistas realizadas pelo coletivo transformaram-se em uma
dramaturgia confessional, como a história de uma criança que teve o pescoço
apertado pelo próprio pai que não o aceitava diante de uma frase-sentença:
“Você vai aprende a ser homem! ”. “Já
nascemos mortos” conta alguns destes casos que vão aos poucos misturando-se
ou seguindo isoladas no percurso do espetáculo.
A cenografia foi pensada para que o
público fique bem próximo dos atores-criadores: cadeiras serão distribuídas no
palco para que as pessoas sejam parte integrante do espetáculo. No centro da
cena, um caixão de criança, simbolizando a crueldade justificada, um símbolo do
corpo julgado antes de suas escolhas. No ambiente cenográfico, um cheiro de
dama da noite traz a experiência sensorial ao público.
“O espetáculo é uma possibilidade de se
pensar sobre quem morre e quem mata, de que há uma grande violência se
fortalecendo quando não impedimos uma piada homofóbica, quando não permitimos
que o outro possa se expressar da sua forma. A peça também pode provocar
uma pergunta: o que nos temos com isso?”, explica Anderson Maciel. O
espetáculo nasceu a partir do projeto “Quem
vai chorar por eles?”, que busca promover canais de abertura para se
discutir a homofobia. Todas as ações propostas pelo projeto foram de certa
forma para alimentar o processo de pesquisa e criação do espetáculo, como oficinas de teatro do oprimido e teatro
documentário; uma série de roda de conversa com convidados sobre criminalização
da homofobia, homossexualidade e família, afrohomossexualidade e exibições de
filmes seguidos de bate papo.
Ficha
Técnica
Concepção
e Direção: Anderson Maciel Intérpretes
Criadores: Augusto de Sousa, Ellen de Paula, Jonas Bueno, Rodrigo Mar e
Tata Ribeiro Textos: O Coletivo Figurinos e Cenografia: Marcia Novais e
Sissa de Oliveira Trilha Sonora:
Uelinton Seixas Desenho de Luz:
Betto Severo
Duração: 60
minutos Classificação Indicativa: 16
anos
Centro
Cultural da Penha - Largo
do Rosário, 20
Dias 14 (quinta), 15 (sexta), 16 (sábado) e 21 (quinta) de
fevereiro, às 20h
Centro
de Formação Cultural Cidade Tiradentes - R. Inácio Monteiro, 6900 -
Conj. Hab. Sitio Conceicao
Dia 24 fevereiro, domingo, às 18h.
Centro
Cultural Santo Amaro - Praça Dr. Francisco Ferreira Lopes, 434 - Santo
Amaro
Dia 28 de fevereiro, quinta-feira, às 20h
Centro
Cultural Olido - Av. São João - Centro, São Paulo
Dia 07 de março, quinta-feira, às 20h
CCJ
- Centro Cultural da Juventude - Av. Dep. Emílio Carlos, 3641 - Vila dos
Andradas
Dia 08 de março, sexta-feira, às 20h
Casa
de Cultura Vila Guilherme , Casarão - Praça Oscár da Silva, 110 - Vila Guilherme
Dia 09 de março, sábado, às 20h
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