A MENTIRA, texto inédito de Nelson Rodrigues, estreia no SESC IPIRANGA


A Montagem que ganha adaptação e direção de Inez Viana mostra uma tragédia causada por mentiras e segredos.


cid:image003.jpg@01D47070.2E4C7E00
Figure 1 Cena de ‘A Mentira’, que tem no elenco André Senna, Denise Stutz, Elisa Barbosa, Junior Dantas/Inez Viana, Leonardo Bricio, Lucas Lacerda e Zé Wendell

Fonte : Márcia Marques / Fotos: Aline Macedo 

Em 1953, a pedido de Samuel Weiner, editor de A Última Hora (um dos jornais mais importantes do país à época), Nelson Rodrigues escreveu A Mentira, publicado em capítulos - aquele que seria seu primeiro romance assinado sem o pseudônimo Suzana Flag. Esta história chega aos palcos paulistanos no espetáculo homônimo, com direção e adaptação de Inez Viana e encenação da carioca Cia OmondÉ. Sesc Ipiranga recebe a estreia, que fica em cartaz de 09 de novembro a 2 de dezembro de 2018, sextas e sábados 21h e domingos às 18h. Com um elenco composto por André Senna, Denise Stutz, Elisa Barbosa, Inez Viana, Junior Dantas, Leonardo Bricio, Lucas Lacerda e Zé Wendell, A Mentira chega a São Paulo depois de temporada de sucesso no Rio de Janeiro.

Na trama, desejos reprimidos dominam o cotidiano familiar quando verdades inconfessáveis vêm à tona. Lúcia é a caçula de uma família de quatro mulheres e um pai repressor, que vive na Zona Norte do Rio de Janeiro. Aos catorze anos ela sente um súbito mal-estar, que leva à descoberta da gravidez. A suspeita sobre quem seria o pai da criança é o motor de uma sequência de revelações, acontecimentos passados e desejos ocultos sob a aparente harmonia familiar. A Mentira contém todos os elementos posteriormente chamados de rodriguianos.




Os sete atores se revezam nas interpretações dos vários personagens da trama - inclusive no papel de narrador - formando um caleidoscópio de pontos de vistas diferentes. A encenação dinâmica estabelece um diálogo direto com a plateia e põe em questão o machismo, a misoginia e o aborto, temas de uma época e que continuam ecoando atualmente.
“A pergunta principal que ecoou durante meses em minha cabeça e nas dos integrantes da Cia OmondÉ foi: como montar um Nelson hoje, abordando esses pensamentos machistas?”, conta Inez Viana. A diretora e atriz continua: “As atrizes e atores que contam e vivem todos os personagens não se atêm em fazer trejeitos de seus sexos opostos, quando compõem os mesmos. Aliás, não fazem mimeses de gênero. Assim, a crítica se evidencia mais e o jogo se expande para além do elenco, incluindo o espectador e a representação dá lugar a questões essenciais”.
Com poucos elementos externos em cena, como um pano de chão, uma garrafa d’água, centenas de sandálias de dedo, um figurino atemporal e uma luz decisiva, a montagem nada convencional coloca a plateia desde o primeiro momento, como cúmplice do espetáculo.



“Durante os ensaios, confirmamos que ainda carregamos muitos preconceitos em relação à nossa postura, não só diante da condição da mulher hoje, mas da falta de entendimento sobre o que caracteriza a situação de abuso. E antes que alguém diga que estamos exagerando, peço que se coloque no lugar da outra e do outro. Só transformando a vida num grande espelho, a gente vai conseguir entender que o que vemos no outro está em nós e, consequentemente, nossas adolescentes poderão chegar à fase adulta optando por serem ou não mães”, conclui Inez. 

A Mentira é o sétimo espetáculo da Cia OmondÉ, que em 2019 celebra dez anos de atividades, tendo recebido recentemente o Prêmio Funarte Tônia Carrero e a indicação a melhor grupo de 2018 no Prêmio Cenym.




Cia OmondÉ

A Cia OmondÉ surgiu no final de 2009 da vontade da diretora e atriz Inez Viana em formar um grupo com atores e atrizes vindo de várias partes do Brasil, para o aprofundamento de uma pesquisa cênica, onde a diversidade, a brasilidade e o diálogo com a cena mundial contemporânea fossem concomitantemente estudados. “Trata-se de uma busca aos signos do teatro, infinitos se pensarmos na precisão de um gesto ou na magia do aparecimento de um objeto em cena, levando o espectador a ser cúmplice não-passivo, co-autor e não somente voyer do espetáculo”, declara Inez Viana.

Serviço
A Mentira, com Cia OmondÉ
Sesc Ipiranga
De 09 de novembro a 2 de dezembro de 2018
Sextas e sábados, às 21h, domingos, às 18h
Duração: 70 min Capacidade: 200 lugares
Classificação etária: Não recomendado para menores de 14 anos
Local: Teatro - Sesc Ipiranga (R. Bom Pastor, 822)
Ingressos: R$ 9,00 (credencial plena/trabalhador no comércio e serviços matriculado no Sesc e dependentes), R$ 15,00 (pessoas com +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino) e R$ 30,00 (inteira).

Ficha técnicaTexto: Nelson Rodrigues
Direção e adaptação: Inez Viana
Elenco: André Senna, Denise Stutz, Elisa Barbosa, Junior Dantas/Inez Viana, Leonardo Bricio, Lucas Lacerda e Zé Wendell
Direção de Movimento: Denise Stutz
Iluminação: Ana Luzia De Simoni
Operadora de luz: Thatiana Moraes
Figurino: Virgínia Barros
Ambientação Cênica: Inez Viana
Assistente de Direção: Bruna Christine
Produção Executiva: Junior Dantas
Direção de produção: Inez Viana e Douglas Resende
Realização: Cia OmondÉ

Assessoria de Imprensa
Canal Aberto | Márcia Marques | Daniele Valério 
Contatos: (11) 2914 0770 / 9 9126 0425 marcia@canalaberto.com.br| daniele@canalaberto.com.br 

Comentários