A atuação dos grupos de religiões de matrizes africanas contra os processos de intolerância religiosa na contemporaneidade

Profº. Babalawô Ivanir dos Santos

Fonte: Rozangela Silva 

Profº. Babalawô Ivanir dos Santos - Doutorando em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHC/UFRJ); Membro da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN), do Laboratório de História das Experiências Religiosas (LHER-UFRJ) e Laboratório de Estudos de História Atlântica das sociedades coloniais pós coloniais (LEHA-UFRJ); Coordenador da Coordenadoria de Religiões Tradicionais Africanas, Afro-brasileira, Racismo e Intolerância Religiosa (ERARIR/LHER/UFRJ); Conselheiro Estratégico do Centro de Articulações de População Marginalizada (CEAP); Interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR); Conselheiro Consultivo do Cais do Valongo; Vice-presidente da  América do Sul no Ancient Religion Societies of African Descendants Internationl Council (ARSADIC), Nigéria. Tem experiência nas seguintes áreas; Educação Étnico-racial e questões africanas, Direitos Humanos e Cidadania; Relações Internacionais; Religiões tradicionais da África Ocidental e Afrobrasileiras.


Atualmente, é possível evidenciar as ações de resistências dos grupos de religiões de matrizes africanas, bem como as suas lutas por reconhecimentos e acessos aos direitos, por meio das narrativas, dos documentos pessoais e institucionais escritos por aqueles e aquelas que souberam com grande maestria transpor suas experiências para os suportes físicos, ou por meio dos registos policiais. Esses documentos, são testemunhas históricas e despontam com uma contra história sobre as narrativas oficiais e, nos permite fazer, na contemporaneidade, reflexões e analises sobre as formações das resistências cotidianas da gente comum bem como suas estratégias e discursos ocultos. Longe de um ativismo religioso, mas sim em prol de uma possibilidade de contar e recontar essas experiências o que pretendemos evidenciar são as ações destes grupos religiosos dentro das tramas da história nacional do país, a fim de dar voz a esses grupos marginalizados e descriminados social e religiosamente.
Nossas analises incidem-se sobre as religiões de matrizes africanas, não só na tentativa de dar voz as suas experiências enquanto agentes sócias, mas também como possibilidade de desensibilizar e desnaturalizar as ações de intolerâncias contras esses grupos religiosos como ‘meras’ ações de violências sociais. Violência essa, que foi evidenciada no livro Intolerância Religiosa no Brasil: Relatório e Balanços, publicado em 2017 pelo Centro de Articulação de Populações Marcializadas em parceria com a editora Klíne. O livro, que foi fomentado a partir do Relatório do Casos de Intolerância Religiosa no Brasil 2015, nos chama a atenção para o fato de que dos 1014 casos de intolerância religiosa registras entre os anos de 2012 a 2015, pelo Centro de Promoção da Liberdade Religiosa & Direitos Humanos (CEPLIR) 71, 15% são casos de violências física, psicológica e/ou patrimoniais contra adeptos das religiões afro-brasileiras. Algo que vislumbra compreender como a sociedade opera e cresce junto ao preconceito, racismo, desrespeito e desumanidades.
Nosso objetivo é promove, analisar, debater e difundir entre os participantes sobre do crescimento da intolerância religiosa e o os processos invisibilidade das religiões de matrizes africanas no Brasil e a omissão do Estado sobre os casos de intolerância no país. A luta é grande é árdua e se faz necessário, agora e mais do que nunca.
A intolerância religiosa continua fazendo vítimas. Nos últimos anos a CCIR vem chamando à razão da sociedade para o perigo de uma ditadura religiosa em um país como o Brasil, que é diversificado, repleto de crenças e laico. A intolerância, assim como o racismo, é um fenômeno social construído com o objetivo de cercear os direitos do outro. Compreendemos que a base para uma convivência sadia em nossa sociedade é a alteridade e o diálogo.

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