Cia Sansacroma lança 2ª edição do Programa Retratos no Cine Olido, dias 11 e 18 de setembro Entrada x



Fonte: Marcelo Pria 


Segunda edição da mostra de vídeos “Retratos” homenageia a figura dos “griots”, mestres africanos que informam, educam e transmitem conhecimento. Mostra de vídeos faz parte das comemorações dos 15 anos da cia de danças contemporâneas da periferia paulistana

Como parte da comemoração de seus 15 anos de atividades e criações artísticas, a Cia Sansacroma de danças contemporâneas lança, na próxima segunda-feira (11), às 20h, no Cine Olido, no centro de São Paulo, a segunda edição do Programa Retratos.

Esta segunda edição de Retratos faz uma homenagem à figura dos “griots” (pronuncia-se "griôs"), personagens importantes na estrutura social da maioria dos países da África Ocidental, cuja função primordial é a de informar, educar e transmitir conhecimento. O griot é, antes de tudo, um guardião da tradição oral de seu povo, um especialista em genealogia e na história de seu povo.

O Programa Retratos surgiu em 2012, na comemoração do centenário do Capão Redondo, bairro-berço da Cia Sansacroma. A proposta do projeto é retratar e registrar em vídeos a vida, a luta e as histórias de personagens relevantes para a população periférica da cidade de São Paulo.

Desta forma, intérpretes criadores da Cia Sansacroma visitam as casas destes personagens, escutam e registram suas histórias e, a partir de suas narrativas, criam coreografias inspiradas em cada entrevistado homenageado.

Nesta segunda edição do Programa Retratos, são homenageadas seis personalidades que vivem em São Paulo, que são referências na transmissão de conhecimento em diversos segmentos e que, de alguma forma, estão deixando um legado cultural, político ou social. São elas:

1. Sebastião Biano
Intérprete criador: Érico Santos

Sebastião Biano tem 98 anos, já tocou para Lampião (em 1927, no interior pernambucano) e se lembra com detalhes da ocasião. Último remanescente da formação original da Banda de Pífanos de Caruru, o pifeiro (nome dado a quem toca essa típica flauta nordestina) continua na ativa e acaba de lançar seu primeiro disco solo – “Sebastião Biano e seu Terno Esquenta Muié” (Selo Sesc).

2. Raquel Trindade
Intérprete criadora: Verônica Santos

Raquel Trindade nasceu em Recife (PE), foi criada no Rio de Janeiro e hoje vive em São Paulo. Filha do poeta Solano Trindade, fundou, em homenagem ao seu pai, o Teatro Popular Solano Trindade, em Embu das Artes, SP. Assim, mantém viva a herança e o legado do pai que, em 1950, criou o Teatro Popular Brasileiro no Rio de Janeiro, em parceria com Maria Margarida Trindade, sua primeira esposa e mãe de Raquel, e com o amigo pesquisador Édson Carneiro.

3. Cilô Lacava
Intérprete criadora: Aysha Nascimento

Cilô Lacava criou e dirige o curso Laban-Arte do Movimento no Brincar e na Arte, no Instituto Sedes Sapientiae, em São Paulo. É praticante dos pensamentos e ensinamentos de Rudolf Laban (desde fevereiro/1970) e de Gerda Alexander (desde julho /1974). Em meados dos anos 2000, criou um sistema de trabalho que foi nomeado como CILABANTONIA. Viver para ela, é uma “monumental provocação”.

4. Paula Beatriz
Intérprete criador: Flip Couto

Nascida e criada na Zona Sul da capital, Paula Beatriz de Souza Cruz é o nome mais respeitado da E.E. Santa Rosa de Lima. Aos 42 anos e à frente da gestão da unidade, que atende cerca de 980 alunos dos anos iniciais do ensino fundamental, desde 2005, Paula é a primeira mulher transexual a ocupar o cargo no Estado de São Paulo.

5. Maria Rodrigues
Intérprete criadora: Ciça di Cecília

Maria Rodrigues, 60 anos, militante e uma das fundadoras do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) da cidade de São Paulo, vive intensamente a militância, sendo hoje uma das grandes referências femininas nas lutas das causas sociais na cidade.

6.  Sônia Barbosa
Intérprete criador: Djalma Moura

Sônia Barbosa é indígena e seu nome guarani é Ara Mirim. Liderança referência no estado de São Paulo da Aldeia Tekoa Ytu, em Jaraguá, sua luta é focada da demarcação de terras.

Legado Cultural

Para a diretora da Cia Sansacroma, Gal Martins, atualmente, no meio da dança, cresce o interesse pelo legado cultural. Segundo Gal, a partir de uma interação entre política de incentivos, prática artística e novas mídias, a memória e a história se transformam em temas relevantes para os profissionais da dança.

“No decorrer de sua formação e trajetória profissional, o artista questiona a si mesmo de onde vem seus meios de expressão e criação; quais são suas referências e bases formativas, sejam elas artísticas, políticas e/ou ideológicas”, conta a diretora.

“O artista de hoje também coloca em questão como reage e o que pode produzir com tudo isso. Cada vez mais dá importância e valor à sua história e cresce a consciência e o respeito ao seu legado, ou seja, à totalidade de sua processualidade histórica, suas referências e seus mestres”, continua.

“O Programa Retratos traz à tona histórias que compõem um legado ainda pouco conhecido e explorado e que, por isso mesmo, necessita ser registrado. A linguagem escolhida é a de curtas documentais e artísticos onde a memória se expressa por meio da poética de cada interprete criador”, conclui Gal.









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