Cia. Sansacroma realiza 8º Circuito Vozes do Corpo, mostra de danças
contemporâneas na periferia de SP, de 23 de maio a 03 de junho
Fonte: Marcelo Pria
Edição 2017 do Circuito contará com 30 apresentações, entre companhias de dança, artistas solo, coletivos artísticos, workshops e rodas de conversa em 10 dias de evento sem nenhum subsidio para sua realização. Toda a programação acontece na Casa Popular de Cultura M Boi Mirim, na zona Sul da capital.
De 23 de maio a 03 de junho de 2017, a Cia Sansacroma realiza a 8ª edição do Circuito Vozes do Corpo, mostra de danças contemporâneas que este ano reúne em dez dias de evento 30 apresentações diversas entre companhias de dança, coletivos artísticos, artistas solo, rodas de conversa e workshops. Toda a programação este ano acontece na Casa Popular de Cultura M Boi Mirim, na zona Sul da capital.
Com a realização do evento este ano, o Circuito Vozes do Corpo mantém-se firme resistindo às marés como na prática do surfista, ao se manter em pé na prancha, construindo um corpo resistente aos impactos com o objetivo de legitimar a dança, sua fruição e descentralização na região sul da cidade de São Paulo, promover ainda o protagonismo e participação dos sujeitos historicamente à margem, suas identidades e raízes, seres esses pretos; periféricos; mulheres (cis e trans*) e artistas da dança em suas pluralidades.
Assim como na edição anterior, a oitava edição do Circuito Vozes do Corpo não detém de subsidio para sua realização, porém mantem ainda acesa a vontade do acontecimento de uma ação potente, referencial e necessária diante dos atuais acontecimentos que envolve, as políticas culturais na cidade, a Sansacroma tem a honra e a gratidão de contar com artistas parceiros de profissão, de identidades e condições similares.
O eixo curatorial desta edição é o olhar para a cena das danças contemporâneas em diálogo estético político às produções da Cia Sansacroma, cuja direção, criação e concepção assinada por Gal Martins traça em suas inspirações para a cena as questões que envolve o corpo negro na construção da poética do corpo indignado e sua potência de transformação.
“É urgente a relação. É urgente a parceria para além dos pares e ímpares. Precisamos pensar em como as diferenças e as pluralidades podem se reinventar a partir de uma crise do conservadorismo e retrocesso instaurado”, comenta o assistente de direção Djalma Moura. “A chamada aqui é para recompormos nossas posições, nossos discursos, nossos confortos e certezas. Rever e questionar privilégios, refletir sobre as parcerias e como estabelece-las enquanto estratégia de sobrevida”, conclui Moura.
Confira abaixo a programação:
23 de Maio | 20h30
Abertura da Exposição: “Estigma” de Urubatan Miranda
Um corpo supostamente impróprio e os ecos do preconceito são os elementos de origem deste ensaio fotográfico. A imagem dos pés em contato com a terra, as pedras e a vegetação - ora oprimidos ora distorcidos como metonímia da inadequação física – evoca a qualidade essencial da natureza, entendida aqui como a disposição inata, o curso das coisas e o próprio universo, absolutamente perfeito em seu intricado rito de criar, desconstruir e renascer. Parte integrante do projeto, uma performance do artista pontua este movimento. Neste processo, compreender o ritmo e dançar a vida se torna a um só tempo proteção e cura.
Curadoria: Carmen Aliende
Artista visual, bailarino e educador. Graduado em Artes Visuais pela UNIFLU/FAFIC no Rio de Janeiro, pós-graduando em Artes Visuais, Intermeios e Educação pela UNICAMP, e pós-graduando em Filosofia pela UFSCAR. Bailarino clássico pela Academia DANCE, integrou a Cia Sansacroma (São Paulo), Cia Fragmento de Dança (São Paulo), Coletivo Intermitente Abismo e Sonhos (São Paulo), Packer Cia. de Dança, Cia. de Dança Simone Matheus, Souplesse Cia de Dança e Chamart.
23 de Maio | 21h00
Núcleo Vênus Negra
Espetáculo: “REDES”
Conduzido em formato solo pela artista Talita Bonfim, Rede nasce a partir de pesquisa sobre Aureliano Ferreira Campos, avô da intérprete. Mais do que alinhar recordações, o espetáculo apresenta uma rede narrativa não linear, corpórea, visual e sonora que aprofunda o olhar para a história e corpo deste homem negro, baiano, pescador, pedreiro, marido, pai de sete crianças, que se deslocou com sua família da Bahia para São Paulo, na década de 70.
Numa ambientação de elevada plasticidade e estímulos sensoriais, a intérprete conduz o público em tramas afetivas a partir de deslocamentos corpóreos, visuais e sonoros que compartilham a relação dela com os seus familiares que migraram para São Paulo, mas parecem ter procurado (re) estabelecer os laços e lembranças com a sua terra de origem.
Ficha Técnica
Direção Artística: Deise de Brito | Concepção Coreográfica: Núcleo Vênus Negra| Interprete - Criadora: Talita Bonfim | Figurino: Vânia Santos e Gil Santos | Cenografia: Dalila D´Cruz | Trilha Sonora e organização musical: Talita Bonfim e Ravi Landin
24 de maio | 19h00
Corpo Molde
Espetáculo: “Ausência”
O Grupo Corpo Molde de Dança-Teatro, apresenta o Espetáculo “Ausência”, o mesmo discute a cognição do corpo entre as relações humanas e afetivas no período tecnológico, que vivenciamos entre julgamentos abstratos e experiências subjetivas. O qual corpos emergem em seu interno, um corpo performático que, busca responder e desmistificar as relações atuais, considerando como limite as próprias descobertas de corpo, carinho, atenção, falta, sexo, amizade e outros eixos simbólicos do “corpocarne”. A representação das experiências do mundo se tornam um ciclo de desenvolvimento corporal, desafiando os intérpretes a se provocarem em busca do que falta em si, em um processo de evolução.
Ficha Técnica
Intérpretes-Criadores: Willian Farias, Renan Marangoni, Livya Moura, Ellen Sousa, Laura Kethellen, Carina Ruiz, Rick Caled, Camila Cardim, Maria Marques e Luiz Gustavo | Direção Geral: Renan Marangoni | Concepção Textual: Grupo Corpo Molde | Produção: Wendell Araújo, Reheron e Júlia Paiva | Provocadora Cênica: Dionisia Gonçalves | Professores: Lina Sabah (Dança do Ventre), Fernando Cervantes (Aéreo e Acrobacia), Renan Marangoni (Dança Contemporânea e Danças Brasileiras), Dionisia Gonçalves (Interpretação) e Vinicius Cosant (Ballet Clássico) | Iluminação: Agnaldo Nicoletti | Cenografia: Estúdio Deixa | Objetos Cênicos: Karen Furbino Lages | Figurino: Bruna Rodrigues | Sonoplastia: Wendell Araujo e Diego Henrique | Trilha Sonora: Frank Van Garret
24 de maio | 20h00
Cia Sansacroma
Experimento: “Rebanho”
O experimento foi criado a partir de laboratórios realizados pela Cia em torno de seu método de pesquisa: A Dança da Indignação. É composto por 05 solos que pressupõe uma recusa à submissão, uma insistência em ser, em afirmar a existência. Resistir é uma forma especial de lidar com o poder e com a liberdade. Resistir é o próprio ato de criar. Criar o possível para Si-próprio e o mundo.
Ficha Técnica
Direção: Gal Martins | Intérpretes Criadores: Djalma Moura, Verônica Santos, Ciça Coutinho, Flip Couto e Érico Santos | Trilha Sonora: Melvin Santana e Uribe Teófilo | Técnico de Áudio e Luz: Piu Dominó | Orientação de Pesquisa: Rodrigo Reis | Assistente de Direção: Djalma Moura | Direção de Produção: João Simões | Assistente de Produção: Dandara Gomes | Assessoria de Imprensa: Marcelo Dalla Pria |
25 de maio | 19h00
Mainá Santana, Thais Diniz e Willy Helm
Espetáculo: A Atitude Manifesta do Controle
Como as relações de poder presentes na sociedade constroem e controlam os sujeitos? Partindo desse questionamento, os artistas criadores buscam gerar um universo poético inspirado na teoria do filósofo Michael Foucault sobre o tema. Em cena, por meio de jogos de movimento, gestos cotidianos e memórias pessoais e sociais, os corpos se modificam procurando entender como eles se relacionam com a manutenção do mundo em que vivemos.
Ficha Técnica
Concepção: Mainá Santana | Artistas criadores: Mainá Santana, Thaís Diniz e Willy Helm | Intérpretes: Mainá Santana e Thaís Diniz | Preparação Corporal e Provocação Cênica: Willy Helm | Fotografia e Registro de Processo Criativo: Willy Helm | Fotografia e Vídeo Cênico: Levi Freschi | Criação de Luz: Rossana Boccia | Criação de Trilha Sonora: Vagner Cruz | Cenografia: TRIO Design e Marcenaria | Artista Gráfico: Rafael Carrion | Produção Administrativa e Executiva: Iolanda Sinatra
25 de maio | 20h00
Sarau do Binho
O Sarau do Binho acontece há mais de 15 anos na zona sul de SP. É um encontro de pessoas ligadas a várias linguagens culturais: poetas, artistas plásticos, músicos, cineastas, fotógrafos, atores e outros. Promove a articulação e o intercâmbio de informações relacionadas às várias manifestações culturais da região de Campo Limpo.
26 de maio | 20h00
Jô Pereira
Solo: "Qual é teu feminino?"
No início era um ponto, quase imperceptível. A ventania dos tempos sutilmente O impulsiona. O centro da tua Terra eruptiva clama a explosão. Na herança ancestral negritude e feminina, guerreira, maternal, erê, sábia, aprendiz, sedutora, buscadora de teus Femininos.
Ficha Técnica: Concepção, criadora-intérprete: Jô Pereira | Direção: Jô Pereira | Assistente de ensaio: Paula Mares | Trilha sonora ao vivo: Carla Lopes | Trilha sonora: Jô Pereira | Fotos: Juvenal Pereira | Foto Divulgação: Juvenal Pereira | Figurino: Jô Pereira e Carmem Vieira Silva
Thiago Negraxa
Solo: Rua 4
O estudo deste trabalho inicia com o estímulo de algumas imagens de Grafite, em que os traços, linhas, cores e os afetos destas imagens possibilitam uma tradução corporal relacionada com certas situações de vida do intérprete.
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