Fonte: Lau Francisco / Fotos Pablo Rodrigues
Cartas a
Madame Satã ou eu me
desespero
sem notícias suas”, novo espetáculo dos Crespos, estreia em São Paulo
O amor
é sempre uma intenção à procura de uma ação. A escravidão entre nós reduziu o
negro a reprodutor, objeto, nunca o amante recíproco... Se amar é prática que
se aprende, que história do amor é essa que se aprendeu a praticar, quando a
intimidade sempre foi o campo da violência (trecho do texto do espetáculo)
Em seu quarto, um homem negro se
corresponde com a figura mítica de Madame Satã. Fragmentos de histórias
revelam, através das cartas, trajetórias e casos de amor, numa cidade-país
carregada de doenças, que mantém sob cárcere privado um jovem apaixonado. O
espetáculo “Cartas
à Madame Satã ou me desespero sem notícias suas”, da Cia. Os Crespos , estréia dia 02 de maio de 2014, às 21h, no Teatro Studio Heleny
Guariba (Praça Roosevelt, 184, Consolação). A peça conta com a
direção de de Lucélia Sergio, dramaturgia de José Fernando de Azevedo e
interpretação de Sidney Santiago Kuanza, com colaborações em vídeo dos atores
Vitor Bassi e Luis Navarro. O espetáculo
dá prosseguimento ao projeto “Dos desmanches aos sonhos – Poética em Legítima Defesa”, trabalho
que dá prosseguimento a um processo de pesquisa sobre afetividade de mulheres e
homens negros
O espetáculo parte da pesquisa sobre a
homoafetividade de homens negros, sua sociabilidade diante dos estereótipos
sexuais de virilidade que cerceiam sua experiência afetiva. A personagem, em
tom confessional, mescla a força do gesto com a delicadeza do discurso,
buscando a cumplicidade do espectador para tornar público uma afetividade
cercada de tabus. São histórias ou pedaços de histórias que ganham vida na
pele da personagem (Sidney Santiago), que é um ator, e que portanto pode viver
muitas vidas. Ele se corresponde com a figura mítica de Madame Satã, através
dessas histórias, ao mesmo tempo que constrói imagens e discursos sobre
elas. A peça é um desenrolar de vestígios de uma sociabilidade
cerceada e impressões sobre a construção da identidade desse indivíduo que
busca libertar-se de estereótipos sexuais determinantes para sua vida. “Vamos
falar do assunto sem nos deixar intimidar pelos tabus, convidando o público
para compartilhar momentos de intimidade, tentando entender que o afeto é
estruturante e determinante e vai além do que as pessoas se deitam acreditam”,
explica Lucélia Sergio.
Para chegar ao resultado deste espetáculo Os Crespos realizaram
uma campanha de recebimento de cartas via Internet de homens negros que
desejavam contar suas experiências amorosas e sentimentos. Além das cartas
recebidas, o grupo também realizou entrevistas coletivas com pelo menos 40
homens nas ruas de São Paulo, casas noturnas, presídios e pontos de encontro do
público GLBT e também entrevistas coletivas. As entrevistas foram disparadores
na tentativa de flagar nas histórias contadas onde a questão do corpo e a
afetividade se cruzam.
A em importância em abordar este
assunto parte do princípio de que os homens, principalmente os homens negros,
aprendem desde cedo a serem viris, machos e a eles é negado o direito ao
afeto. Então, a clandestinidade passa a ser uma saída para o desejo, mas
ainda falta o afeto. “Quando o amor não é mais clandestino em suas vidas, esses
homens têm que continuar respondendo à estereótipos de hipervirilidade e
ao repúdio da sociedade, como se ele tivesse traíndo a raça, a não ser que ele
seja a bichinha”, completa Lucélia.
Quem são Os Crespos
“Os
Crespos” é um coletivo teatral de
pesquisa cênica áudio-visual, debates e intervenções públicas, composto por
atores negros. Formou-se na Escola de Arte Dramática EAD/ECA/USP e está em
atividade desde 2005. Em 2006 estreou com o espetáculo “Anjo Negro”, com
direção do alemão Frank Castorf; em 2007 volta ao palco com “Ensaio sobre
Carolina”; em 2009 e 2010 apresentou o projeto “A construção da imagem e a
imagem construída”; em 2011 estreou “Além do Ponto”, com direção de José
Fernando de Azevedo.
Ficha técnica
Direção: Lucélia Sergio Ator
criador: Sidney Santiago Kuanza Dramaturgia:
José Fernando de Azevedo Direção de
arte: Antonio Vanfill Trilha Sonora:
Dani Nega Direção de Vídeo: Renata
Martins Preparação Vocal: Frederico
Santiago Preparação Corporal:
Janette Santiago Direção de Produção:
Eneida de Souza Assistente de Produção: Guilherme Funari Atores colaboradores: Vitor Bassi e Luís Navarro Operador de luz: Aguinaldo Nicoleti
Serviço
Local: Teatro Studio Heleny
Guariba
Pça Roosevelt, 184 - Consolação
Tel: 3259-6940 Capacidade: 48 lugares
Pça Roosevelt, 184 - Consolação
Tel: 3259-6940 Capacidade: 48 lugares
Preço: R$ 15,00 inteira e R$
7,50 meia entrada.
Acesso
para Deficiente, Não tem convênio com estacionamento, Aceita cheque e dinheiro,
Bilheteria abre 1 hora antes do espetáculo.
Apresentações:
02/05 –
sexta-feira - 21:00h
03/05 –
sábado – 21:00h
04/05 –
domingo – 19:00h
09/05 –
sexta-feira – 21:00h
10/05 –
sábado – 24:00h
11/05 –
domingo – 22:00h
17/05 –
sábado – 21:00h
18/05 –
domingo – 19:00h
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