Livro traça a genealogia do movimento hip hop


Fonte: Karina Toledo
Agência FAPESP

 
A genealogia do movimento hip hop, desde suas influências africanas mais longínquas, passando pela popularização nos Estados Unidos durante os anos 1970 e a chegada ao Brasil na década de 1980, foi traçada pelo historiador Rafael Lopes de Sousa no livro O movimento hip hop: a anti-cordialidade da ‘república dos manos’ e a estética da violência, lançado pela editora AnnaBlume.
Mais do que um levantamento histórico, a obra busca compreender as demandas que os jovens da cultura hip hop trazem à tona, como eles se tornam porta-vozes da experiência negra e repercutem no cotidiano da periferia de São Paulo nos dias de hoje.
O primeiro capítulo investiga as bases históricas de formação da cultura hip hop, que segundo Sousa é composta por quatro elementos principais: a música rap (ritmo e poesia na sigla em inglês), a dança break, o grafite e as figuras do DJ e do MC (disc-jóquei e mestre-de-cerimônias). Foi no bairro nova-iorquino do Bronx, na primeira metade da década de 1970, que os quatro elementos se fundiram.
Por meio de uma pesquisa etnográfica, o historiador apresenta também o percurso do movimento em São Paulo, desde a década de 1970 até a atualidade. Aborda algumas de suas ramificações artísticas como as posses – encontro de grupos de rap – para realizar ações sociais em suas comunidades e promover disputas de dançarinos de break, os b-boys.
O segundo capítulo busca explicar a efervescência cultural que dominou a cena marginal nos Estados Unidos na década de 1970, resultando em uma intensa troca de experiências entre os jovens latinos e afrodescendentes.
“Se buscarmos as principais fontes de informação e de formação do grafite, encontraremos fortes traços de influência latina. Os maiores artistas do gênero na época vinham de países como Porto Rico, Colômbia, Bolívia e Costa Rica. Já os primeiros DJs e MCs de rap que surgem nos Estados Unidos são jamaicanos”, afirmou o historiador.
O break, por sua vez, surge como uma dança de protesto, fazendo alusão aos corpos mutilados dos soldados que voltavam da Guerra do Vietnã, contou Sousa.


Publicado com apoio da FAPESP, o livro é resultado da tese de doutorado de Sousa, defendida em 2009 na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Durante seu mestrado, realizado na Universidade Estadual Paulista (Unesp), o historiador investigou as origens e os impactos do movimento punk. Agora, como professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e da Universidade Santo Amaro, continua a estudar os movimentos juvenis e sua interferência no espaço urbano.
· O movimento hip hop: a anti-cordialidade da "república dos manos" e a estética da violência Autor: Rafael Lopes de Sousa
Lançamento: dezembro de 2012
Preço: R$ 36
Páginas: 268
Mais informações: www.annablume.com.br/comercio/product_info.php?cPath=15&products_id=1819&PHPSESSID=3kij3lgnp8iqtvmjk4hg3ve8b5


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