Onda de ‘pessimismo’ na indústria da moda é apontada por 46% dos líderes globais para 2026, revela pesquisa inédita da McKinsey

 Onda de ‘pessimismo’ na indústria da moda é apontada por 46% dos líderes globais para 2026, revela pesquisa inédita da McKinsey

De acordo com o relatório ‘The State of Fashion 2026’, apenas 20% dos líderes executivos da moda acreditam que o setor apresente uma melhora em 2026. Apesar do cenário, a gestora C-level Mônica Mota tem potencializado a atuação do Brasil nas rotas comerciais. 



Os empresários, autoridades e gestores C-level da indústria da moda se preparam para redesenhar os mapas comerciais em 2026. É o que aponta o mais novo estudo da McKinsey and Company, ‘The State of Fashion 2026 – when the rules change, publicado na última quinzena de novembro


A consequência das tarifas norte-americanas, que fragilizaram a diplomacia entre fronteiras internacionais em 2025, forçaram marcas e fornecedores à readaptarem seus fluxos comerciais. Essas mudanças aumentaram o ‘pessimismo’ entre líderes globais, com 46% dos entrevistados prevendo condições mais difíceis em 2026


Em comparação às projeções do ano anterior, a onda de ‘ceticismo’ cresceu em até 7% dos entrevistados, preocupando a cena internacional. A setorização dentro da indústria da moda, no entanto, surge como fator determinante para não deixar a “peteca cair” em tempos de instabilidade comercial. 


Prova disso é o avanço nos setores de vestuáriotecnologia e model’s agency, que tem aquecido a economia em nichos distintos. Para se ter uma noção, enquanto o mercado de modelos fomentou US$ 7 bi e a tecnologia US$ 239 bi, durante o biênio 2024/25, o vestuário seguiu movimentando US$ 1,8 trilhões na economia. 


Os dados da Grand View ResearchWise Guy Reports e da Uniform Market refletem um cenário sentido pela gestora C-level e empresária do ramo de model’s agency, Mônica Mota. Em meio à redefinição das rotas comerciais e à procura de novos ‘partners’, a brasileira recebeu no mês de novembro, os representantes da IMG Models, que gerencia as carreiras de top models como Hailey Bieber e Bella Hadid


A indústria da moda vem apresentando um ciclo de incertezas, impulsionado pelas mudanças no perfil do consumidor e das políticas internacionais. Dentro dessa macroeconomia da moda, o segmento da model’s agency (agência de modelos) obteve seu devido destaque, especialmente pela diversificação estratégica; que é uma aposta contundente das companhias norte-americanas. Esse movimento nos favoreceu. Hoje a ‘Model Club Agency’ cresce junto com o mercado global, mesmo inserida na fronteira da América do Sul – ou seja, longe das rotas internacionais das fashion weeks. Isso é algo que não imaginávamos em 1992, quando éramos uma pequena salinha na Av. 7 de Setembro”, destaca.

case explicado pela gestora e os resultados do setor tentam neutralizar a onda pessimista da indústria global, visto que, em contrapartida, regiões como o Brasil conseguiram retornar à rota dos fluxos comerciais. Mônica, que está inserida nos 20% que acreditam que a indústria da moda irá ‘melhorar’ em 2026, segundo a McKinsey, aposta no crescimento de todo o setor nacional para os anos vindouros. 

O “mercado de modelos” como estratégia de crescimento

Ainda segundo o relatório ‘Modeling Agency Market Overview’, publicado pela Wise Guy Reports, o mercado das agências de modelos pretende dobrar de tamanho na próxima década, alcançando US$ 12,4 bi. Fomentando esse cenário desde o início dos anos 90’, a Model Club Agency é um dos destaques no Brasil, devido ao alto assessoramento de talentos nativos da região Nordeste

Enquanto a América do Sul está gradualmente emergindo como ator-chave do setor, de acordo com a Wise GuyMônica tem consolidado a atuação das suas modelos na América do Norte e Europa, conduzindo negociações com líderes do mercado. Esse diálogo fronteiriço permitiu com que cases de sucesso, como a top model Josefa Santos, atuasse como rosto da ‘Semana de Moda’ em Milão e Paris

Priorizando a descoberta e o direcionamento segmentado, conforme os insights do relatório internacional, Mônica manteve seu olhar voltado para referências de toda a Bahia. Em seu escritório, cerca de 100 modelos obtiveram formação profissional, que envolve técnicas de passarela e modelo fotográfico, aulas de inglês, behaviourcasting e até consultoria

Entre os nomes em evidência, estão Josefa Santos, Camille Vitória, a mais recente descoberta do Palco Coletivo 360ºAna Lopes, além de Ana Cardoso, Bruna Luisy,  Sophia Lisboa, Beatriz Conceição, Divaney Ferreira, Alan Macedo e outros. “A Model Club se diferencia por ser pioneira no fortalecimento do mercado de moda no Nordeste, criando oportunidades onde antes ‘não havia espaço’; sendo o símbolo de inclusão, representatividade e excelência. A missão da agência é democratizar o acesso à moda, mostrando que o talento e a beleza não estão concentrados em um padrão. Assim construímos pontes entre realidades diferentes, conectando origens, histórias e sonhos a um mercado que antes parecia distante”, revela a empresária. 



Gestores C-level comentam sobre ano “desafiador” na moda para 2026

Diante das mudanças em todo o mercado, os diretores executivos abandonaram a “incerteza” como o termo mais usado para descrever a indústria da moda em 2026, e optaram pelo uso do “desafiador”; segundo a ‘Business of Fashion–McKinsey State of Fashion Executive Survey’

Embora o mercado de modelos cresça a uma taxa anual de 5%, ainda segundo o relatório ‘Modeling Agency Market Overview’o segmento é tido como um dos mais ‘desafiadores’ e um dos mais sonhados pela juventude. Para Mônica, um dos maiores obstáculos foram as barreiras estruturais, devido ao preconceito racial enquanto mulher negra e o sócio e marido, Acácio Santos, como cadeirante. 

“Um dos grandes desafios no início foi encarar um mercado que enxergava a moda de forma muito superficial, voltado apenas à beleza estética e ao lucro, sem qualquer preocupação humana. Eu percebia que as pessoas eram tratadas como imagens, não como indivíduos com histórias, valores e potencial. Atuamos em um segmento que, naquela época, era dominado por grandes nomes do Sul e Sudeste; com pouco ou nenhum espaço para a diversidade. Estar no Nordeste do Brasil, em Salvador, uma região que muitos diziam ‘não ter mercado de moda’, parecia um obstáculo quase intransponível”, revela. 

Após três décadas consolidadas à frente da Model Club AgencyMônica observa que os desafios são relativos, seguindo a perspectiva global. Enquanto a McKinsey projeta uma pressão crescente entre alguns empresários do setor da moda, Mônica revela que os desafios é que impulsionaram sua trajetória, apostando em formação, conhecimento e desenvolvimento humano como pilares da Model Club.

“O nome Model Club nasceu da ideia de um verdadeiro clube de talentos um espaço onde jovens pudessem aprender, se preparar e se conectar com o mercado, dentro e fora do Brasil, participando de workshops, feiras… Um ambiente de network e de crescimento humano e profissional, que vai além das passarelas, formando modelos de pessoas e de atitudes”, conclui.

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