[TEATRO INFANTIL | ÚLTIMA SEMANA] “Boca Piu”: Cia. Kaçulas apresenta seu primeiro espetáculo voltado às infâncias - Gratuito neste sábado e domingo, 29 e 30 de Novembro.

 

“Boca Piu”: Cia. Kaçulas apresenta seu primeiro espetáculo voltado às infâncias

Em temporada gratuita, humor e palhaçaria preta convida crianças a imaginarem novos mundos 

e refletirem sobre empatia, pertencimento e respeito à diversidade

(Foto Sérgio Fernandes)

Encerra temporada neste final de semana, o espetáculo infantil “Boca Piu”, primeira criação da Cia. Kaçulas, que combina humor, música e palhaçaria preta em uma fábula sobre recomeços e descobertas. Com apresentações gratuitas nos dias 29 e 30 de novembro, às 16h, no Teatro Alfredo Mesquita, a montagem convida o público infantil a imaginar um novo mundo a partir da palavra e da brincadeira — um mundo onde a empatia, o pertencimento e o respeito à diversidade se tornam gestos de criação coletiva.

Com direção de Heraldo Firmino e dramaturgia de Paloma F. Amorim, “Boca Piu” acompanha três ovelhas negras que, após o fim do mundo, se veem presas em um cercado. Com apenas um livro em mãos, elas descobrem que a libertação — e a possibilidade de reconstruir o planeta — depende da coragem de atravessar as cercas simbólicas que as separam da liberdade.

“O espetáculo Boca Piu é uma linda metáfora poética que aborda as estruturas que oprimem as pessoas mais simples e o povo preto. Na pungência de seus artistas criadores e de toda a sua equipe, o espetáculo constrói um espaço de cura, parceria e aquilombamento. Fala de luta, amor, dificuldade e amizade — uma balança, como a própria vida. Queremos sorrir juntas, e que nada mais nos impeça.” — Heraldo Firmino (diretor do espetáculo). 

No palco, Ibu Jean Rocha, Marcela Sabá e Vitor Ugo transformam o riso em ferramenta de reflexão. Entre jogos, canções e palhaçaria, o trio provoca o público a repensar o significado das palavras e a ressignificar expressões que, historicamente, carregam marcas do racismo. O humor e a leveza se tornam pontes para um diálogo que valoriza as identidades negras e plurais desde a infância.

“As infâncias são o pilar fundamental da nossa companhia e desse espetáculo. A gente acredita que dar voz e protagonismo às crianças e também às nossas crianças internas, é uma forma de lembrar quem fomos e quem ainda somos hoje. Queremos convidar todas as crianças, de todas as idades, para se divertirem e se reconhecerem dentro dessa história. Um desejo de que as nossas próximas crises sejam de riso" —  Vitor Ugo - Ator e co-fundador da Cia Kaçulas 

Com conceito visual de Rager Luan e figurinos assinados por Guilherme Santti, a montagem cria um universo lúdico e afrofuturista, em que cores, texturas e sons dialogam com a imaginação das crianças. O cenário sugere um planeta recém-nascido, feito de palavras, lembranças e brincadeiras — um espaço que se reconstrói a cada gesto e som. A iluminação de Fagner Lourenço acompanha o percurso das personagens, transitando entre o caos e o nascimento de um novo mundo.

“Esses figurinos nascem do encontro entre palhaçaria, afrofuturismo lúdico e streetwear. São manifestos visuais que misturam ancestralidade negra, fantasia pop e atitude urbana. Celebram as raízes negras do streetwear como linguagem política e criativa, com formas e volumes que evocam corpos dissidentes, como ovelhas negras que desafiam o rebanho." — Guilherme Santti figurinista do espetáculo Boca Piu

“A inspiração para o espetáculo Boca Piu, é abordar com as infâncias sobre inúmeras facetas do racismo estrutural atua em nosso cotidiano e através do artístico que também é pedagógico. Que atravessam esses corpos desde muito cedo, a função do artista é trazer assuntos urgentes  para promover reflexão e debates. E sim as infâncias estão nesse  lugar de promover mudanças de caminho para uma sociedade com mais equidade, combate ao racismo e toda sua estrutura entranhada em nossa sociedade.” — Marcela Sabá  Atriz e Co-fundadora da Cia Kaçulas de Teatro 

Sinopse

Entre sons de trovão, explosões vulcânicas e desmoronamentos, o fim do mundo se revela. Três ovelhas negras acompanham, presas em um cercado, os últimos seres humanos da terra partindo num foguete. Com apenas um livro em mãos elas são a única esperança do planeta, mas estão presas atrás da cerca e depende delas aprender a saltá-la para alcançar a liberdade: chave-mestra capaz de salvar o mundo.

SOBRE A CIA. KAÇULAS
A Cia Kaçulas, fundada em 2022 por três atores negros, palhaços, pesquisadores e   artistas-educadores, atua com circo, teatro e arte-educação, com foco na comicidade e na palhaçaria preta. Para circular suas produções, a companhia cruza diferentes linguagens artísticas, entendendo o brincar como um ato sagrado. Inspirada em cosmovisões não ocidentais, a Cia promove experiências das diásporas africanas, indígenas e afro-brasileiras, valorizando saberes ancestrais que vão do jongo e samba de roda à teoria de autores como Fanon e Conceição Evaristo. O nosso trabalho dialoga com referências populares, periféricas e acadêmicas, criando um espaço de resistência cultural que fortalece identidades e amplia perspectivas sobre arte e educação.

“Boca Piu" é o revide da minha criança interior, que não teve acesso ao teatro nem a ações culturais que valorizassem as expressões culturais afro-ameríndias. É o semear de um horizonte mais democrático e repleto de possibilidades, uma celebração da nossa potência enquanto comunidade, aldeia e quilombo. Para que nossos "muriquinhos" tenham possibilidades de alçar vôos, assim como sonharam nossos ancestrais. O mundo quando não acaba, é tão bonito.” — Ibu Jean Rocha Ator e Co-fundador da Cia Kaçulas de Teatro

Serviço
"Boca Piu"
Espetáculo infantil da Cia. Kaçulas
Duração: 50 minutos
Classificação indicativa: Livre

Sáb, 29/11, às 16h | Dom, 30/11, às 16h

Sessões com tradução em Libras e audiodescrição

Entrada gratuita – Retirada de ingressos 1h antes de cada sessão

TEATRO ALFREDO MESQUITA

Av. Santos Dumont, 1770 – Santana – São Paulo – SP

FICHA TÉCNICA
Concepção e Idealização: Cia Kaçulas | Elenco: Ibu Jean Rocha, Marcela Sabá e Vitor Ugo | Direção: Heraldo Firmino |  Produção  Executiva: Pedro Miosso | Produção de Campo: Denise Aires | Dramaturgia: Paloma F. Amorim | Musicista: Carol Nascimento | Cenário: Rager Luan | Figurino: Guilherme Santti | Concepção de luz: Fagner Lourenço | Direção Musical: Carol Nascimento | Designer: Amanda Cruz | Comunicação: Iraci Estrela | Assessoria de Imprensa: Rafael Ferro e Pedro Madeira |  Fotógrafo: Sergio Fernandes | Assistente de Produção: Érika Rocha | Intérpretes de Libras: Ricieri Palha e Aza Pokou | Técnico de Palco: Pedro Máximo | Operador de luz: Gabriel Pequeno e Estrela Apolinaro| Técnico de Som: Guilherme Ortega | Gravação Audiovisual: Cinegrafilmes Audiovisual | Consultoria Contábil: Shirley Maia | Consultoria Libras: Yanna Porcino | Audiodescrição: Escuta Essa | Espaços de ensaio: Casa Farofa, Teatro Manás Laboratório, Casa Dunavô, Centro Cultural Omoayê e Casa Mundu Rodá | Agradecimentos: Nós da Cia Kaçulas de Teatro agradeçemos aos nossos ancestrais que nos sonharam livres, aos nossos mestres e maestrinas que abriram os caminhos do ofício e aos nossos contemporâneos que ainda virão. Agradeçemos também à nossa querida Maria José Ferreira do Carmo, nossa filósofa da vida real de 73 anos, por nos ensinar com sabedoria que “Primeiro faz o básico e depois Floreia”, a Yá Cátia de Afonjá, por nos cuidar e guiar com amor e sabedoria. E a Lukeny Zola, por nos acompanhar em todo processo de Boca Piu.  Evoé! Adupé! 

Mini Bio

Vitor Ugo 

Ator, palhaço, artista educador, encenador e cofundador da Cia Kaçulas de Teatro. Ugo, começou no teatro em 2012, dentro das escolas públicas onde estudou. Em 2016, mergulhou na palhaçaria onde também se aproximou das máscaras populares e do teatro brincante.  Passou pelo Programa Vocacional pesquisando o teatro infantil e os cantos de tradição, e também pelo Satyros Lab, experimentando o imaginário das infâncias na cena. Ao longo da trajetória, trocou com grandes nomes da palhaçaria, como Vanessa Rosa, Payaço Tomate, Chacovachi e Avner Eisenberg.

Atuou em projetos públicos levando o riso a praças, escolas e CEUs. É formado em Humor pela SP Escola de Teatro, pela formação básica de palhaços dos Doutores da Alegria, e hoje estuda na Escola de Arte Dramática - ECA/USP. 

Marcela Sabá 

Atriz, Palhaça, Atua com  Danças Populares e Manifestações Tradicionais,  Pedagoga, Pesquisadora das Infâncias nas artes cênicas e  recentemente escreveu o Livro pela editora SOPA Omilaie e o Monstro do Racismo.

É uma das protagonistas do Curta metragem Moça ( ano 2024)  dirigido por Nahara Faissu, que ganhou menção honrosa na 24 Mostra de Cinema Infantil em Florianópolis.

Formada em Pedagogia pela UNISA, pós-graduada em Direitos Humanos, Gênero e Sexualidade, formação técnica no FPJ nos Doutores da Alegria, estudou no teatro escola Brincante. Atualmente estuda interpretação para cinema na Casa Audiovisual. Atua no programa PIÁ(Programa de Iniciação Artística) desde 2022, é co-fundadora da Cia Kaçulas de Teatro.

Ibu Jean 

Ibu Jean Rocha é um pesquisador e artista das artes cênicas e circenses, com 13 anos de trajetória. Formado pela EAD-USP e pela Formação de Jovens Palhaços do Doutores da Alegria, é co-fundador da Cia Kaçulas. Atuou como Artista Educador no Programa Piá da Secretaria de Cultura de São Paulo, 2023/2025. Tem experiência internacional em Birmingham, Alabama, onde realizou uma troca cultural em torno dos cantos da tradição Bantu. 

Ibu Jean Rocha pesquisa culturas de origem Afro-ameríndias, na perspectiva de valorização de sua ancestralidade. 

Na última década, atuou em diversas montagens experimentando variados gêneros teatrais, da tragédia grega à comicidade da palhaçaria. Trabalhou como artista convidado em diversas plataformas de pesquisa em Cias de teatro.