NOVAS APRESENTAÇÕES | CHECHÊNIA: um estudo de caso, de Ronaldo Serruya, volta em cartaz, em dezembro, no Teatro Manás | de 05 a 21/12
CHECHÊNIA: um estudo de caso, de Ronaldo Serruya, volta em cartaz, em dezembro, no Teatro Manás
Trabalho discute a homofobia a partir das vivências do artista e do fato de existirem prisões exclusivas para homossexuais na República da Chechênia em pleno século 21
Crédito: Camila Picolo
Em 2017, por meio da imprensa e das redes sociais, o mundo descobriu a existência de prisões exclusivas para homossexuais na República da Chechênia, na Europa Oriental. Pensando nisso, o dramaturgo, ator e pesquisador Ronaldo Serruya (Grupo XIX e Teatro Kunyn) criou sua peça-palestra CHECHÊNIA: um estudo de caso, que agora faz temporada no Teatro Manás Laboratório, de 05 a 21 de dezembro, com sessões às sextas e sábados, às 21h, e aos domingos, às 19h.
Assim, partindo da pergunta “Quantas Chechênias existem no Brasil?” e rememorando fatos da sua infância queer em uma família tradicional judia, Serruya escreveu uma história ficcional imaginando, em detalhes, o cotidiano de um confinamento dessa natureza.
“Desde ‘A doença do outro’, indicado ao Prêmio Shell de melhor texto em 2023, tenho pesquisado o conceito de peça-palestra. Para mim, isso significa convidar o público para uma conversa. Nesse sentido, a dramaturgia se estabelece como o ponto de partida para discutir um determinado tema. Na prática, tudo parece improviso, mas não é. Na verdade, cada detalhe foi cuidadosamente pensado”, explica o artista.
Sobre a encenação
CHECHÊNIA: um estudo de caso, portanto, convida a plateia a pensar sobre os mecanismos da homofobia institucional presentes nas estruturas políticas do mundo todo, inclusive no Brasil. Durante a encenação, personagem e ator-palestrante se confundem, em um jogo que brinca o tempo todo com a metalinguagem.
“Em um primeiro momento, pode parecer estranho comparar Brasil e Chechênia, já que lá, o próprio governo legitima e estimula a violência contra a população LGBTQIAPN+, algo que não acontece aqui. No entanto, o Brasil é um dos países que mais mata LGBTS no mundo e temos que falar sobre isso”, comenta Serruya.
Assim, para fazer o paralelo entre esses dois contextos, o dramaturgo construiu uma espécie de clínica de reabilitação dedicada à cura gay, imaginando como seria o cotidiano de um checheno homossexual, vivendo em um campo de concentração após ser perseguido por ser quem é.
O jogo entre realidade e ficção é reforçado com elementos audiovisuais. Sol Faganello, que faz a direção das imagens e codirige junto com Serruya, está sempre em cena, com uma câmera na mão, construindo, ao vivo, imagens que friccionam esses dois mundos.
Conforme a narrativa avança, a violência se intensifica, até um ponto em que Serruya não consegue mais continuar. “O que eu realmente espero é mostrar para a plateia que não podemos mais construir histórias que se apaziguem com a mera explicitação da tirania e da opressão. Precisamos inventar algo que extrapole isso”, afirma.
Seu protagonista, então, aproveita a oportunidade para recriar a sua infância. “Se, no passado, essa criança foi interditada, no presente, no teatro ela terá a chance de ser livre”, acrescenta.
Sinopse
CHECHÊNIA: um estudo de caso - Um ator-palestrante propõe um jogo imaginativo: como países distantes podem compartilhar a mesma fronteira simbólica? A partir de uma distopia inspirada em fatos reais, ele mistura ficção e autobiografia para denunciar a homofobia institucional e afirmar a alegria como ato revolucionário de resistência e reinvenção. No caso, a da violência engendrada pela homofobia institucional. Para isso, o ator-palestrante parte das notícias reais sobre a existência de prisões para homossexuais na República da Chechênia em pleno século XXI, para criar uma ficção distópica que é atravessada, a todo tempo, por sua própria história, revelando os meandros violentos por onde essa homofobia institucional se insinua na vida de pessoas dissidentes de gênero. Mas, em algum momento, a ficção precisa ser recusada para que a própria história do ator-palestrante seja reinventada e, assim, o ciclo da violência se torne obsoleto e não mais se perpetue. Afirmar a alegria e a viabilidade da vida é o caminho mais revolucionário para se falar, hoje, sobre a dissidência.
Ficha técnica
Concepção, direção, dramaturgia e atuação: Ronaldo Serruya
Co-direção e criação audiovisual: Sol Faganello
Desenho de luz: Paloma Dantas
Direção de arte: Clau Carmo
Designer Gráfico: Rafael Fortes
Trilha sonora original: Camila Couto
Produção: Corpo Rastreado - Gabs Ambròzia e Andrea Marques
Assessoria de imprensa: Canal Aberto - Márcia Marques, Daniele Valério e Flávia Fontes
Redes sociais: Jorge Ferreira
@checheniateatro
Serviço
CHECHÊNIA: um estudo de caso
Temporada: 05 a 21 de dezembro de 2025
Sextas e sábados, às 21h | Domingos, às 19h
Local: Teatro Manás Laboratório – Rua Treze de Maio, 222, Bixiga, São Paulo/SP
Ingressos: R$ 60 (inteira) | R$ 30 (meia)
Venda: Sympla – https://www.sympla.com.br/
Classificação: 16 anos | Duração: 70 minutos
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