Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver anuncia programação oficial

 Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver anuncia programação oficial

 

Programação inclui sessão solene no Congresso, audiência no STF, shows gratuitos, atividades com mulheres negras de todo o mundo e grande Marcha em Brasília (DF)



Créditos; Fran Silva/Divulgação

 

Brasília, 18 de novembro de 2025 – No dia 25 de novembro, Brasília (DF) recebe a Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, dez anos após a histórica Marcha Nacional de 2015, que levou mais de 100 mil mulheres negras às ruas da capital. A edição de 2025 se afirma como resposta ao aprofundamento das desigualdades, reafirmando a urgência de um país comprometido com reparação histórica, justiça social e um futuro de dignidade e cuidado. São esperadas mulheres de todas as regiões do Brasil e de mais de 40 países.
 

A programação começa às 9h, com Sessão Solene no Congresso Nacional, em homenagem à Marcha e ao papel decisivo das mulheres negras na democracia brasileira. O momento contará com a presença de parlamentares como Benedita da Silva, Talíria Petrone e Célia Xakriabá, além de lideranças de movimentos negros. Joyce Souza, coordenadora do Odara Instituto da Mulher Negra, resume o espírito deste momento ao afirmar: “a participação política das mulheres negras é parte da nossa agenda de reparação: somos 28% da população, mas apenas 2% do Congresso. Estar aqui é disputar o Estado e afirmar que a democracia só existe conosco”.
 

Às 10h, milhares de mulheres marcham pela Esplanada dos Ministérios. Para Valdecir Nascimento, fundadora do Odara, que também compõe a coordenação da Rede de Mulheres Negras do Nordeste, estar em marcha significa, nas palavras dela, “marchar no sentido literal, porque as ruas são o nosso lugar. Não marchamos simbolicamente; marchamos por reparação, contra o racismo, contra a violência e por um outro modelo de sociedade, por um Estado democrático de fato”. Ao longo do percurso, Brasília se torna a capital dos sonhos das mulheres negras: um território onde cada história conta e cada sonho importa.
 

Já à noite, às 19h30, representantes da Marcha serão recebidas em audiência pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Edson Fachin. A comitiva levará ao STF a urgência de enfrentar a política de segurança pública no Brasil, especialmente após a recente chacina na Penha, no Rio de Janeiro. Como afirma a professora Janira Sodré, historiadora e ativista do Comitê Impulsor Nacional da Marcha das Mulheres Negras, “o episódio evidencia, de forma trágica e perversa, o quanto ainda precisamos, como país, enfrentar a segurança pública para produzir significados verdadeiramente republicanos sobre a vida do povo negro brasileiro, da juventude negra e das mulheres negras. É uma agenda central para o acesso à justiça, para o direito à vida e para reafirmarmos a nossa recusa em morrer”.
 

Também no decorrer do dia 25, montada na área externa do Museu Nacional, a Feira das Ganhadeiras mobiliza afroempreendedoras de todas as regiões do país, fomentando a circulação de saberes e economia criativa na Marcha. O nome faz uma homenagem às Ganhadeiras, mulheres negras escravizadas ou libertas que sustentaram famílias e comunidades por meio do trabalho nas ruas, comercializando alimentos, serviços e conhecimentos, muitas vezes garantindo, com esse esforço, a compra da própria liberdade e de outras pessoas negras.
 

Vozes Negras em Marcha
 

A partir das 15h, na área externa do Museu Nacional, vozes negras ecoam em uma série de shows gratuitos com Larissa Luz - intérprete do jingle oficial “Mete marcha negona, rumo ao infinito” - Luana Hansen, Célia Sampaio e Núbia, Prethaís, Ebony e O Kanalha e o Bloquinho Delas. A programação segue até às 21h30, com espaço sujeito à lotação.
 

Semana por Reparação e Bem Viver
 

Semana por Reparação e Bem Viver, realizada entre 20 e 26 de novembro, reúne mulheres negras do Brasil e de diversos países em torno da construção coletiva de futuros possíveis. A semana funciona como uma prévia da grande Marcha, com atividades que incluem feiras, apresentações musicais, lançamentos de livros, rodas de conversa e espaços de partilha.
 

Entre 22 e 24 de novembro, acontecem os Diálogos Globaiscom a participação de mulheres da África, das Américas e da Europa para refletir sobre temas fundamentais às suas vivências e lutas. Para Naiara Leite, ativista do Comitê Impulsor Nacional da Marcha das Mulheres Negras, os Diálogos Globais representam um marco na articulação política entre mulheres negras do Brasil, da diáspora e do continente africano.

“Os diálogos globais reúnem mulheres do mundo inteiro em torno de uma marcha que expressa uma luta transnacional – uma luta por um outro mundo possível. É sobre construir novas formas de viver, onde a vida, a dignidade, o respeito, os direitos e os sonhos sejam o centro. É sobre imaginar futuros em que a democracia e a justiça sejam pensadas a partir de sistemas mais igualitários e humanos”.

Mais informações sobre a Semana por Reparação e Bem Viver e Diálogos Globais estão disponíveis no site oficial: marchadasmulheresnegras.com.br.
 

Sobre a Marcha das Mulheres Negras
 

Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver é construída por mulheres negras de todo o Brasil de diferentes gerações, territórios e contextos sociais, além de mulheres afrodescendentes de mais de 40 países. Autônoma, coletiva e transnacional, a Marcha resgata a força histórica da mobilização de 2015 e atualiza sua agenda a partir dos desafios contemporâneos. Em 25 de novembro de 2025, mulheres negras de todo o mundo ocupam Brasília para reafirmar a luta por reparação histórica, democracia e Bem Viver.

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