(20/11) Performance "Tudo pra Mim é Viagem de Volta" no Dia da Consciência Negra convida a imaginar novos mundos negros | na Casa do Povo
No Dia da Consciência Negra, “Tudo pra Mim é Viagem de Volta” convida a imaginar futuros negros através do som
Performance-instalação de Podeserdesligado estreia na Casa do Povo em 20 de novembro
Crédito: Renato Mangolin
No Dia da Consciência Negra (20 de novembro), a artista Podeserdesligado estreia a performance-instalação Tudo pra Mim é Viagem de Volta na Casa do Povo, às 20h30. A temporada segue até 28 de novembro, com apresentações sempre às 20h30.
O espetáculo une tradição oral e música experimental para construir um território imaginário submerso — um continente habitado pelos filhos de mulheres escravizadas que se lançaram ao mar durante as travessias atlânticas. Inspirada na ficção afrofuturista do duo norte-americano Drexciya, Podeserdesligado transforma o som em matéria viva e em portal para novas realidades.
“Quis falar de uma arte negra, mas longe do trauma”, conta a artista. “A partir do mito de Drexciya, imaginei um mundo criado por aqueles que escolheram o mar como destino e, ali, construíram uma outra forma de existência. Um espaço de invenção, de liberdade e de escuta.”
Som como tecnologia ancestral e ferramenta de criação
Durante a performance, a artista constrói e manipula equipamentos e instrumentos sonoros criados por ela mesma, a partir de pesquisas sobre as sonoridades de um povo que já não é mais humano, mas cósmico.
O som, aqui, é tecnologia ancestral e especulativa — uma vibração capaz de produzir tempo, espaço e realidade. “Como diz Gilberto Gil em ‘Futurível’: ‘você foi chamado, vai ser transmutado em energia’. É essa passagem entre mundos que o trabalho propõe”, explica Podeserdesligado.
Para o diretor e dramaturgo João Turchi, que assina a encenação, “Tudo pra Mim é Viagem de Volta atravessa tempos e dimensões, misturando fitas cassete, microfones, subwoofers, fios e inteligência artificial para reconstruir uma história que nunca foi escrita, mas que persiste na memória sonora”.
Ancestralidade, imaginação e celebração
Estrear em 20 de novembro — data que homenageia Zumbi dos Palmares e o legado da resistência negra — potencializa o sentido político da obra.
Em vez de revisitar o trauma, o espetáculo celebra a imaginação como gesto de continuidade e liberdade, propondo um futuro em que o corpo e o som se tornam caminhos de transformação.
“O Dia da Consciência Negra não é apenas um dia de lembrança, mas um chamado à reinvenção. Nosso trabalho é sobre o que podemos criar a partir do que fomos, e não apenas sobre o que nos tiraram”, afirma a artista.
Acessibilidade como princípio criativo
O público pode circular livremente pelo espaço, escolhendo como se relacionar com o território sonoro. A performance foi concebida como uma obra acessível, com consultoria de Laysa Elias (empresa alíngua).
Gráficos, símbolos, espectrogramas e audiodescrição fazem parte da dramaturgia, traduzindo visualmente o som e criando experiências múltiplas de percepção.
“Criamos um mundo para novos seres, então faz sentido explorar outras linguagens. Trazemos a visualidade do som para quem escuta de outras formas e a sonoridade da imagem para quem enxerga de outra maneira”, conclui Turchi.
Ficha técnica:
Concepção e performance: Podeserdesligado
Dramaturgia e direção: Joao Turchi
Desenho de luz: Iara Izidoro
Visuais: laysa Elias
Figurino: Marina Dalgalarrondo
Dispositivo Viseira: Vinicius Pinto Rosa
Cenografia e objetos cênicos: Bio Riff e Juliana Bucaretchi
Produção executiva: Francesca Tedeschi
Duração: 60 minutos | Classificação: Livre
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