Marcha Nacional das Mulheres Negras lança Comitê por Justiça Climática

 Marcha Nacional das Mulheres Negras lança Comitê por Justiça Climática  

Às vésperas da COP30, Belém recebe o lançamento do Comitê da iniciativa da Marcha das Mulheres Negras que reforça o protagonismo das mulheres negras, quilombolas e comunidades tradicionais na luta por justiça climática, racial e de gênero



Nesta sexta-feira (10), às 16h, será  lançado  em Belém (PA), no auditório do Ministério Público Federal (MPF), o Comitê Mulheres Negras por Justiça Climática, uma frente de articulação política da Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver 2025. O evento será realizado em formato híbrido (presencial e online), com inscrições  gratuitas, disponíveis neste link.

O lançamento ocorre às vésperas da COP30, conferência da ONU sobre mudanças climáticas deste ano que reunirá, em novembro, líderes mundiais para discutir soluções e compromissos globais frente à crise climática. A COP30 será realizada na capital do Pará.  

O início do Comitê reforça a centralidade das mulheres negras, quilombolas e comunidades tradicionais nesse debate. A presença da Marcha transmite um recado claro: não há justiça climática sem justiça racial e de gênero, e nenhuma política ambiental é completa se desconsiderar as vozes e os saberes das mulheres negras, segundo os organizadores.

Para Sara Sacramento, integrante do coletivo Pretas pelo Clima, organização de Mulheres Negras Nordestinas que coloca a justiça racial no centro do debate socioambiental, o lançamento é um marco político: “O Comitê nos faz  uma provocação urgente ao inserir os desafios das intersecções entre gênero, raça, meio ambiente e mudanças climáticas na agenda dos movimentos de mulheres negras para a próxima década. Esperamos que esse momento, em Belém, às vésperas da COP, engrosse o caldo das discussões a partir da nossa gramática, das nossas vozes e do nosso fazer político”, afirma.

A criação do Comitê surge em um contexto de profunda desigualdade climática. Segundo dados da Oxfam Brasil, 67% das pessoas que vivem em áreas de risco ambiental no país são negras, e 56% das famílias chefiadas por mulheres negras sofrem insegurança alimentar, forçadas a reduzir refeições por falta de acesso a alimentos (dados de 2023). Além disso, mulheres negras gastam proporcionalmente mais com impostos indiretos do que famílias chefiadas por pessoas brancas, o que agrava os impactos socioeconômicos da crise climática.

Nesse sentido, Adriana t’OlúAiyé, integrante do FONSANPOTMA (Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos Tradicionais de Matriz Africana), uma das organizações à frente do Comitê, destaca a importância da presença política e civilizatória das mulheres negras na agenda climática. “Há um lema que diz: sem justiça social não há paz. Eu afirmo que, sem justiça climática, não há reparação e, sem reparação não há Bem Viver. O dia do lançamento do Comitê é um dia em que dizemos firmemente: nada sobre nós, sem nós”, finaliza.

A iniciativa está conectada com o projeto político dos Movimentos de Mulheres Negras, que convida toda a sociedade brasileira para a  Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, no dia 25 de novembro, em Brasília. O movimento objetiva reafirmar a luta por um futuro sustentável, democrático e com justiça social e climática.

Serviço

Lançamento do Comitê Mulheres Negras por Justiça Climática

Data: 10 de outubro de 2025 (sexta-feira)

Horário: 16h

Local: Auditório do Ministério Público Federal (MPF) - Rua Domingos Marreiros, 690, Umarizal, Belém (PA)

Comentários