ESTREIA | Zózima Trupe estreia 'TrabalhaDORES', dia 10/10 na Praça Franklin Roosevelt

 Ônibus da Zózima Trupe homenageia os cobradores e motoristas na ópera marginal TrabalhaDORES

 

Espetáculo faz circulação pela Grande São Paulo e o interior questionando uma sociedade que só valoriza quem tem dinheiro
 



Crédito: Christiane Forcinito


“Mesmo que falte o ar / O mundo seguiu em trânsito / O ônibus não parou / Nem vai parar / A catraca da sorte gira / Mesmo que falte o ar / Motores não se desligam / Desligam se histórias, / Memórias e caminhagens / Paragens, dores e glórias / Idas, vindas de um lugar”
Trecho da dramaturgia de TrabalhaDORES

 

Com 18 anos de pesquisa sobre o transporte público como catalisador de mudanças sociais, a Zózima Trupe faz uma circulação gratuita da ópera marginal TrabalhaDORES, que estreou em 2024 e agora transita por novos espaços. O espetáculo celebra os motoristas e cobradores de ônibus, classe trabalhadora que ficou em primeiro lugar no ranking de desligamento por morte durante a pandemia de Covid-19 e foi uma das últimas a ser vacinada. A temporada, que começou em agosto no interior de São Paulo, passou pelo Sesc Ribeirão Preto e Sesc Jundiaí, chega agora em outubro na Praça Franklin Roosevelt, em São Paulo, nos dias 10, 11, 17, 18, 24 e 25 e 26/10, às 19h30. Ainda estão previstas sessões na região do ABCD Paulista.

 

O grupo mantém uma residência artística fixa no Terminal Parque Dom Pedro II desde 2007 e utiliza o ônibus como espaço cênico. Suas peças colocam em foco quem mora longe do centro da cidade e é constantemente atingido pelas insuficiências do transporte coletivo. “Durante a pandemia, nem todo mundo conseguiu ‘parar e ficar em casa’. Muitos tiveram que se colocar em risco, sem nenhum tipo de protocolo sanitário, e trabalhar fora. Isso levou a muitas mortes, inclusive de motoristas cobradores”, conta o diretor Anderson Maurício.

 

TrabalhaDORES nasceu dessa inquietação. “Não conseguimos ficar alheios a esse fato. Então, entre 2022 e 2023 fizemos um processo de escuta muito grande com ações e conversas com psicanalistas como Maria Rita Kehl, Leopoldo Noseki, Claudia Barral, além de experimentos cênicos relacionados às dores deste período. A partir disso, escolhemos montar um espetáculo que pudesse enaltecer a vida, mesmo após uma tragédia”, acrescenta.

 

Foram 14 meses de investigação coletando depoimentos de trabalhadores e passageiros dos ônibus e realizando ações de autocuidado. Inclusive, alguns psicanalistas se prontificaram a conversar sobre o luto. O material se transformou em um manifesto sonoro-teatral capaz de materializar a desigualdade social em cena.

 

A construção da dramaturgia foi colaborativa. Anderson Maurício fez a costura final, mas também contou com textos do escritor Marcelino Freire, da arquiteta e urbanista Ermínia Maricato e do arquiteto e vereador de São Paulo Nabil Bonduki.

 

Sobre a encenação

De acordo com Anderson, TrabalhaDORES se divide em dois momentos. O início é mais sombrio e dolorido, com o elenco aparecendo como os fantasmas das pessoas que morreram durante a pandemia. Ao mesmo tempo, a maquiagem em tons de cinza remete à fuligem e à cidade que devora seus cidadãos sem piedade.

 

Entretanto a obra também se apresenta como um meio de interpretar as dores e o sofrimento. “Como retomar a vida depois de tudo aquilo? Foi essa questão que nos moveu. Por isso, tem um momento do espetáculo em que tudo ganha cor e vira uma grande celebração”, comenta o diretor.

 

A montagem acontece no tradicional ônibus da companhia e ainda conta com recursos de video mapping, com uma bateria em cena e com dois cantores líricos (Cristiane Mesquita e Marcello Mesquita) - além do elenco da Zózima (Anderson Maurício, Cleide Amorim, Junior Docini, Priscila Reis e Tatiane Lustoza).

 

Com o espetáculo, a Zózima verbaliza o silêncio da classe trabalhadora diante da violenta tentativa de invisibilizar as urgências de manutenção pela sua sobrevivência, além de enunciar os corpos estruturalmente desumanizados que anseiam resgatar a vida em sua plenitude.

 

Sinopse

Durante a pandemia, o ônibus não parou e seguiu seu itinerário. Em suas lotações, cada vez mais ausências. O luto não-vivido divide espaço com a indignação. O espetáculo ocorre dentro de um ônibus, num tempo suspenso, um manifesto operístico-multimídia sobre morte, vida e movimento.

 

Ficha Técnica

com Zózima Trupe

Encenação e dramaturgia - Anderson Maurício

Direção musical - Rodrigo Régis e Cristiane Mesquita

Direção de arte - Letícia RMS

Textos - Marcelino Freire, Ermínia Maricato e Nabil Bonduki

Canções - Cleide Amorim, Priscila Reis e Zózima Trupe

Artistas pesquisadores - Anderson Maurício, Cleide Amorim, Junior Docini, Priscila Reis e Tatiane Lustoza

Cantores convidados - Cristiane Mesquita e Marcello Mesquita

Percussão - Denis Lisboa

Sintetizadores e sonoplastia - Pero Manzé

Vídeo mapping - Vj Soma e Letícia RMS

Conteúdo de vídeo - Leonardo Souzza e Letícia RMS

Iluminação - Junior Docini

Cenografia e figurino - Verônica Elvira Kobus e Letícia RMS

Preparação vocal - Cristiane Mesquita e Marcello Mesquita

Preparação corporal - Felipe Teixeira

Operador de luz - Rafael Inácio

Operador de som - Pedro Moura

Motorista - Wharley Frazão

Designer - Nando Motta

Produção geral - Tatiane Lustoza

Produção - Brenda Rebeka e Maytê Costa

Fotografia - Leonardo Souzza

Adereços cenográfico - Deoclecio Alexandre

Maquiagem - Janaina Meireles

Parceiros de pesquisa - Eduardo Pizarro, Paulo Akio, Ma Devi Murti, Silvia Oliveira, Victor Nóvoa, Gabriel Neistein, Leopold Nosek, Maria Rita Kehl, Claudia Barral, Marcela Boni, Nabil Bonduki, Erminia Marcato, Rodrigo Campos e Marcelino Freire

Assessoria de imprensa - Canal Aberto - Marcia Marques, Daniele Valério e Marina Franco

Apoio de produção - Iara Nazario, Samyra Keller e Kauã Ferreira.

Apoio na maquiagem - Wallace Stravinskas

 

SERVIÇO:

TrabalhaDORES

Duração: 90 minutos | Classificação: 12 anos | Capacidade: 20 pessoas

 

PRAÇA FRANKLIN ROOSEVELT

Data: 10, 11, 17, 18, 24, 25 e 26 de outubro, às 19h30

Endereço: Praça Franklin Roosevelt s/n - Bela Vista, São Paulo
Ingresso: gratuito

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