Borda, da Lia Rodrigues Cia de Danças, estreia no Sesc Pinheiros
Espetáculo estreou em 2025 e fez passagem por festivais na França, Alemanha e Bélgica
Foto: Sammi Landweer
Obra se debruça na borda como limite, margem e o ato de bordar, de fazer conexões, entrelaçamentos
Borda, novo trabalho da Lia Rodrigues Cia de Danças, investiga os sentidos dessa palavra em português: limite, margem, entre-lugar, mas também o ato de bordar, tecer e elaborar. O espetáculo estreia em São Paulo no dia 30 de outubro de 2025, no Teatro Paulo Autran - Sesc Pinheiros, e segue em cartaz até dia 23 de novembro, de quinta a domingo. (serviço completo abaixo)
Nesse jogo entre fronteira e bordado, simbolizando separação e conexão, Lia Rodrigues explora um espaço de mudanças: corpos e materiais se encontram, se transformam e se reinventam. Com nove bailarinos e bailarinas em cena, a coreografia estuda os possíveis espaços intermediários, com uma pergunta: há um caminho para redesenhar o nosso mundo?
Há no palco a ideia de fronteiras geográficas e políticas, às vezes, representadas por muros, arame farpado, cercas vivas, portões, postos de controle. E também se vislumbra espaço para imaginação, para criar novos mundos. Assim, as oposições são criadas: hospitalidade e hostilidade, liberdade e dominação, inferior e superior, o que é considerado nativo e o que é considerado estrangeiro.
Lia Rodrigues propõe um espetáculo que se constrói como bordado de memórias, em diálogo com criações e pesquisas anteriores. No processo de criação, malas guardadas ao longo de 35 anos de trajetória foram abertas e seus conteúdos transformados pelo elenco e outras pessoas envolvidas. “É reutilização e reciclagem. Como se, ao nos debruçarmos sobre o que já temos, pudéssemos produzir alguma coisa nova. Materiais como um pedaço de plástico ou de roupa – as sobras – podem vir para o centro e se transformar. Então, é mais como desdobrar e bordar, usando a palavra ‘borda’. Dobrar-se sobre si mesmo e bordar as memórias dos trabalhos anteriores”, diz a coreógrafa.
Fragmentos de outros trabalhos reaparecem sob novas formas: o bebê que veio de Ma, os figurinos e objetos de Folia e May B, de Maguy Marin, obra dançada por Lia Rodrigues, o rio de Pindorama. “Fabricar é algo que, em Borda, ficou ainda mais forte: o fabricar com as mãos. Cortar, recortar, amarrar, dar um nó, fazer um macramê, um colar, uma cabeça”, afirma Lia Rodrigues.
Em cena, esses arquivos vivos e modificados pela companhia se transformam em um organismo em constante mutação, no qual tecidos, objetos e corpos se fundem e ganham novas formas, em que fronteiras se tornam móveis e dançantes. “Como fazer uma criação a partir de uma realidade entrelaçada com linhas visíveis e invisíveis que marcam os limites entre medo e esperança, entre estrondos e silêncios, inundações e queimadas? Como podemos trazer conosco a terra de nossas visões, desejos, memórias, futuros?”, diz o texto do programa. Borda apresenta uma promessa para o futuro.
A trilha sonora incorpora gravações da Missão de Pesquisa Folclórica de 1938, idealizada por Mário de Andrade, escritor e gestor cultural de influência na trajetória da coreógrafa desde os anos 1990. O recurso reforça a ideia de que materiais, sons e memórias são devolvidos ao público sob novas configurações.
Sustentada por parcerias internacionais, a companhia é parte do trabalho coletivo do Centro de Artes da Maré, espaço que une criação, formação e circulação de artistas.
FICHA TÉCNICA
Criação: Lia Rodrigues
Dançado e criado em colaboração com: Leonardo Nunes, Valentina Fittipaldi, Andrey da Silva, David Abreu, Raquel Alexandre, Daline Ribeiro, João Alves, Cayo Almeida, Vitor de Abreu
Assistente de criação: Amália Lima
Dramaturgia: Silvia Soter
Colaboração Artística e Imagens: Sammi Landweer
Design de iluminação: Nicolas Boudier
Assistentes de iluminação: Magali Foubert e Baptistine Méral
Diretor Técnico/ Brasil: Jimmy Wong
Assistente Técnico: Matheus Espessoto
Trilha sonora: Miguel Bevilacqua (a partir de trechos da gravação feita em 1938 no norte do Brasil pela Missão de Pesquisa Folclórica idealizada pelo escritor e intelectual Mário de Andrade / Trecho da música “Amor Amor Amor”, de domínio público, que compõe o repertório do “Cavalo Marinho”, dança dramática brasileira, interpretada por Luiz Paixão.)
Mixagem e masterização: Ronaldo Gonçalves
Produção/difusão: Colette de Turville/ Assistente de produção: Astrid Toledo
Produção e difusão Brasil: Leo Devitto e Gabi Gonçalves/ Corpo Rastreado
Secretária/Administração: Glória Laureano
Apoio logístico Centro de Artes da Maré: Sendy Silva
Professores: Amália Lima, Leonardo Nunes, Valentina Fittipaldi, Andrey Silva
Figurinos: Lia Rodrigues Companhia de Danças
Estagiária: Cecília Carvalhosa
Costureira: Antônia Jardilino De Paiva
Agradecimentos: Thérèse Barbanel, Corpo Rastreado, Inês Assumpção, Luiz Assumpção, Diana Nassif, equipe do Centro de Artes da Maré, Jacques Segueilla.
Dedicado a Max Nassif Earp
Produção: Lia Rodrigues Companhia de Danças
Coprodução : Kunstenfestivaldesarts - Bruxelles/ Maison de la danse/Pôle européen de création, en soutien à la Bienal de Lyon / Chaillot - Théâtre National de la Danse – Paris / Le CENTQUATRE - Paris/ Festival d’Automne à Paris / Wiener Festwochen - Wien / La Bâtie - Festival de Genève - Comédie de Genève / Romaeuropa-Rome/ PACT Zollverein - Essen/ One Dance Festival-Plovdiv /Theater Freiburg/ Muffatwerk- Münich / Passages Transfestival - Metz / Festival Perspectives – Saarbrücken / Le Parvis scène nationale Tarbes-Pyrénées / Tanz im August /HAU Hebbel am Ufer – Berlin/ Théâtre Garonne, scène européenne – Toulouse Le Lieu Unique, Scène nationale de Nantes (en résidence à La Libre Usine)
Avec le soutien de la Fondation Ammodo, Redes da Maré e Centro de Artes da Maré
Lia Rodrigues é Artista associada do teatro CENTQUATRE-PARIS /França e da Maison de la danse/Polo europeu de criação em parceria com a Biennale de la danse de Lyon/França
SERVIÇO
Borda
Lia Rodrigues Cia de Danças
Data: 30 de outubro a 23 de novembro, de quinta a sábado, 20h, domingo, 18h
Local: Sesc Pinheiros – Teatro Paulo Autran
Ingressos: R$ 70, R$ 35, R$ 21
Duração: 60 minutos
Classificação: 12 anos
Sesc Pinheiros
Rua Paes Leme, 195, Pinheiros - São Paulo (SP)
Horário de funcionamento: Terça a sexta: 10h às 22h. Sábados: 10h às 21h. Domingos e feriados: 10h às 18h30
Estacionamento com manobrista
Como Chegar de Transporte Público: 350m a pé da Estação Faria Lima (metrô | linha amarela), 350m a pé da Estação Pinheiros (CPTM | Linha Esmeralda) e do Terminal Municipal Pinheiros (ônibus).
Acessibilidade: A unidade possui rampas de acesso e elevadores, além de banheiros e vestiários adaptados para pessoas com mobilidade reduzida. Também conta com espaços reservados para cadeirantes.
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