Afrotranstopia faz duas apresentações mais uma exibição de filme no Sesc Belenzinho
Memória, ancestralidade e futuro se misturam nesse espetáculo de dança, após a exibição de domingo terá bate-papo com participação de Érica Malunguinho
|
Em um país em que o corpo negro segue alvo de violência, silenciamento e exclusão, a arte se levanta como território de resistência e invenção. É nesse contexto que nasce Afrotranstopia – Movimentos Coreográficos, projeto do coreógrafo e pesquisador Mario Lopes – que foi Diretor de Movimento e Coreografia da ópera Porgy and Bess, encenada no Teatro Municipal de São Paulo sob a direção de Grace Passô -, no Sesc Belenzinho as apresentações acontecem nos dias 24, 25 e 26 de outubro.
O projeto apresenta a trilogia Movimento, composta por Movimento I – Parado é Suspeito; Movimento II – Kodex Konflikt; e Movimento III – Celebration, Espumas Pós-Tsunami, acompanhada de roda de conversa (diálogos abertos).
A trilogia Movimento se consolida como marco da dança negra contemporânea ao articular memória, ancestralidade e futuro em obras que combinam potência estética e urgência política. Enquanto Parado é Suspeito e Kodex Konflikt tratam diretamente do racismo e da violência contra corpos negros, Celebration, Espumas Pós-Tsunami afirma a celebração como gesto de cura coletiva.
O ciclo se completa com os Diálogos Abertos, realizado após a exibição do filme Movimento III, encontros que aproximam artistas, pesquisadores e público em conversas sobre identidade, resistência, tecnologia e transformação social.
Afrotranstopia é o movimento onde o corpo e código se misturam. Um laboratório de existência em cada gesto, respiração e silêncio se tornam dados para a construção de um outro mundo possível. Inspirada na tese Espumas: algoritmos coreográficos, de Mario Lopes, a criação propõe que o corpo negro é, por si só, um sistema de informação e ancestralidade: um arquivo em constante atualização. As espumas, metáfora central da pesquisa, representam as matérias que resistem à solidez colonial são resíduos, fragmentos e memórias que escapam à lógica de controle se recombinam em novos sentidos. A Afrotranstopia opera nessa instabilidade: dissolve hierarquias, desobedece à linearidade do tempo e transforma a dor em potência de criação. Cada corpo é um algoritmo que aprende com a fricção do encontro, com erro, com o improviso. Nessa poética, dançar é espetacular, codificar, reprogramar. É transformar a coreografia em ferramenta de cura e insurgência. Afrotranstopia é também rede e rito, espaço de comunhão onde tecnologias afroindígena se atualizam, conectando o visível e o invisível. Ao propor a dança como código vivo, o projeto afirma que não há separação entre arte, política e espiritualidade: tudo pulsa no mesmo circuito de vida. Afrotranstopia é, assim, o corpo pensando o mundo e o mundo, enfim, aprendendo a dançar.
Mais do que espetáculos, Afrotranstopia é um espaço de criação de rede e especulação de futuros. Como define o próprio Mario: “Afrotranstopia é antes de tudo realização. É uma questão política realizar sonhos considerados distantes das existências negras.”
SOBRE MÁRIO LOPES
Mário Lopes é coreógrafo, pesquisador e articulador de práticas artísticas que emergem da diáspora africana. Criador da Afrotranstopia, seu trabalho atravessa dança, política, ancestralidade e tecnologia, unindo estética e crítica social.
Reconhecido pela trilogia Movimento e pela pesquisa Algoritmo, que pensa a coreografia como pente entre territórios físicos e digitais, Mario já apresentou suas obras no Brasil e em diversos países da Europa, reunindo artistas multiculturais em torno de processos colaborativos.
Foi Diretor de Movimento e Coreografia da ópera Porgy and Bess, dirigida por Grace Passô e apresentada no Teatro Municipal de São Paulo, atualmente, conduz a formação de uma companhia de dança no Brasil e a implantação do Instituto FOAMS, uma escola contra-acadêmica e anticolonial que articula arte, educação e hospitalidade. Sua prática é marcada por uma convicção: o corpo negro é arquivo vivo e tecnologia de invenção de futuros.
Serviço
Espetáculo: Afrotranstopia _ Movimentos Coreográficos Ato I e II (Dias 24 e 25 às 20h única sessão. Sexta e sábado, às 20h). Ingressos: R$ 60,00 (inteira); R$ 30,00 (meia-entrada); R$ 18,00 (Credencial Plena)
Vendas no portal sescsp.org.br e nas bilheterias das unidades Sesc.
Local: Sala de Espetáculos I (120 lugares). Duração: 50 min. Classificação: A partir de 12 anos.
Movimento III (Exibição de Filme) 26 de outubro. Domingos, às 17h. – Seguido de Bate-Papo com Érica Malunguinho. Grátis – Entrega de senhas com 30 minutos de antecedência.
Local: Sala de Espetáculos I (120 lugares). Duração: 120 min. Classificação: A partir de 12 anos.
SESC BELENZINHO
Endereço: Rua Padre Adelino, 1000.
Belenzinho – São Paulo (SP)
Telefone: (11) 2076-9700
Estacionamento
De terça a sábado, das 9h às 21h. Domingos e feriados, das 9h às 18h.
Valores: Credenciados plenos do Sesc: R$ 8,00 a primeira hora e R$ 3,00 por hora adicional. Não credenciados no Sesc: R$ 17,00 a primeira hora e R$ 4,00 por hora adicional.
Transporte Público
Metro Belém (550m) | Estação Tatuapé (1400m)
Sesc Belenzinho nas redes
Facebook | Instagram | @sescbelenzinho
Comentários
Postar um comentário