Premiada, O VAZIO NA MALA retorna aos palcos de São Paulo entre 10 e 18 de outubro no recém-inaugurado Teatro Moise Safra
O VAZIO NA MALA
O premiado espetáculo retorna aos palcos de São Paulo entre
10 e 18 de outubro no recém-inaugurado Teatro Moise Safra
Entre ficção e realidade, O VAZIO NA MALA revela os
segredos de uma família sobrevivente da Segunda Guerra Mundial
A obra mescla fatos históricos a uma narrativa ficcional para reconstruir a jornada de uma família que, fugindo das perseguições nazistas, deixou a Alemanha rumo à China. Após enfrentar os desafios da ocupação japonesa em Xangai, em 1941, a família migrou para o Brasil, onde recomeçou sua vida. O Vazio na Mala fez sua temporada de estreia no Teatro do Sesi-SP, ganhou os Prêmios Bibi Ferreira, APCA, Cenym, foi indicado ao Prêmio Shell, e agora integra a programação do Teatro Moise Safra, em São Paulo.
Idealizado pela atriz Dinah Feldman, que também está no elenco, a peça tem texto de Nanna de Castro e direção de Kiko Marques. Com Noemi Marinho, Marcelo Varzea e Fábio Herford no elenco, completará a marca de 100 apresentações nessa nova temporada.
Inspirada e provocada pelas marcas deixadas pela perseguição nazista, a dramaturgia inédita de O Vazio na Mala constrói uma ficção atual que desdobra temas universais e atemporais. A peça aborda como o silêncio permeia as relações familiares e sociais, ao mesmo tempo em que explora o poder do afeto na regeneração de feridas, muitas vezes de forma inesperada.
No espetáculo, o silêncio é elevado à condição de personagem principal, guardado e vigiado dentro de uma antiga mala. Este objeto, aparentemente banal, carrega os horrores de um passado que insiste em permanecer oculto. É na busca pelo vazio que habita essa mala que a história ganha vida e revela seus segredos.
O Vazio na Mala estreou em março de 2024 em São Paulo através do Edital SESI Artes Cênicas – Teatro do SESI-SP Inéditos, com grande êxito. Desde sua temporada de estreia, alcançou um público de mais de 40 mil pessoas. Venceu o Prêmio Bibi Ferreira nas categorias Melhor Dramaturgia Original, Melhor Atriz (Noemi Marinho) e Melhor Peça de Teatro; o Prêmio APCA, na categoria Dramaturgia, para Nanna de Castro e Prêmio CENYM nas categorias Melhor Qualidade Artística e Melhor Cenário. Além da indicação ao Prêmio Shell de Melhor Atriz para Noemi Marinho.
Concepção e idealização de Dinah Feldman, texto de Nanna de Castro e direção de Kiko Marques. No elenco, Noemi Marinho, Fábio Herford, Marcelo Varzea e Dinah Feldman. Compõem também a equipe Gregory Slivar (trilha sonora), Márcio Medina (cenário), João Pimenta (figurinos), Louise Helène (visagismo) Wagner Pinto (luz), André Grynwask (videomapping) e Marcela Horta (direção de produção). Produção Original SESI-SP.
Sinopse
Silêncio, memória e afeto em cena: O Vazio na Mala explora os ecos do trauma familiar e da perseguição nazista.
O Vazio na Mala é um espetáculo teatral baseado em fatos reais, que mergulha nas profundas marcas deixadas pelo Holocausto e suas repercussões nas gerações subsequentes. A trama explora o impacto do silêncio e dos traumas nas relações familiares, revelando como o passado molda o presente e como o afeto pode ser uma poderosa ferramenta de cura. A história se desenrola em torno das memórias de uma família que fugiu da Alemanha nazista, atravessou a China e chegou ao Brasil, destacando os segredos guardados por décadas. Temas universais como os ciclos familiares, a busca por significado e a herança emocional permeiam a narrativa, enquanto a peça nos convida a refletir sobre o que resta de uma vida vivida em meio à violência e ao medo. A mala, objeto central e símbolo do espetáculo, guarda não apenas documentos, mas o silêncio e as memórias reprimidas de uma família que lutou pela sobrevivência. À medida que essas memórias são desvendadas, o público é levado a contemplar as complexidades do passado e o impacto dessas histórias no presente.
O Vazio na Mala é uma jornada emocional que explora a força da memória, do tempo e da resiliência humana.
Idealização e texto
A atriz Dinah Feldman idealizou o espetáculo ao tomar conhecimento, por meio do depoimento em vídeo do primo William Jedwab, dos fatos ocorridos com pais e avós dele. De valor narrativo, os dados fornecidos na gravação e uma mala de couro surrada vinda da Segunda Guerra (contendo documentos em alemão e chinês), trazida pelos parentes, contam a trajetória e o drama dos Jedwab. Hojesão documentos preservados e guardados no Museu Judaico de São Paulo. À saga da família, junta-se a ficção em torno da curiosidade sobre o conteúdo de uma velha mala de couro.
A ideia de montar a peça nasceu paralelamente ao trabalho de Dinah no núcleo Educação e Participação do Museu Judaico de São Paulo, quando conviveu por um ano com a mala, exposta no local depois de doada pelo primo. Nas visitas guiadas, a atriz contava a história do objeto. “Falando da mala, fui desenvolvendo o projeto do espetáculo”, diz, informando que ela e o primo logo escolheram Nanna de Castro para escrever o texto, que teve a obra reconhecida nos prêmios Bibi Ferreira, APCA e CENYM.
Sobre a montagem – por Kiko Marques
A encenação de Kiko Marques é centrada nas atuações, no poder das palavras, na qualidade ao mesmo tempo particular e pública daquilo que está sendo contado e também na comunhão desses fatores com o cenário, figurinos, luz, som e projeções. “Contamos uma história criada a partir de um fato real, e que trazemos ao espectador na forma de uma visita aos protagonistas dessa história, um encontro com suas vidas particulares e seus dramas mais íntimos.”
Kiko pretende levar o espectador a ser testemunha e cúmplice dessas vidas e suas trajetórias. “Pra isso, os apresentamos à intimidade das personagens, às suas casas, aos quartos de sua infância, seus hábitos, suas roupas.” Ao mesmo tempo, a proposta é centrada na perspectiva ampla dessa história que nasce no holocausto, da fuga de uma mulher judia à perseguição nazista durante a 2ª guerra mundial, história de uma sobrevivente ao projeto nazista de extermínio em massa de seres humanos.
“Em cena temos as casas de Esther e Franz, mãe sobrevivente e filho já morto, que aparece na forma de espectro/memória; Sami, neto de Esther e filho de Franz, que chega para visitar ao mesmo tempo a avó e suas memórias de infância; e uma mala fechada onde Esther pretendeu aprisionar sua história, como sua memória que se esvai. Também temos um céu de malas por sobre nosso mundo e nossa mala particular. Um céu de histórias iguais às dela. Temos as duas casas, espelhadas, onde a ação acontece, e que se separam à medida que as memórias se encarnam e o vazio se instaura; temos a segunda guerra e a perseguição que são projetadas nas paredes dessas casas, como balas e bombas a corroer não mais a matéria presente, mas a perspectiva do futuro.”
Sobre o texto de Nanna de Castro
Nanna de Castro foi uma das pessoas entrevistadas por Dinah e William quando selecionavam quem escreveria o texto. Da história ouvida por ela, o ponto considerado marcante da trama, “o que tocou minha alma” - foi a relação entre pai e filho. De forma intuitiva e emocional, a autora logo imaginou o resgate dessa relação danificada. “Propus o caminho e William topou”, conta, lembrando do frio na barriga ao imaginar “andar pela história de uma família, pelos meandros afetivos das relações”.
Para escrever o texto, Nanna baseou-se também em entrevistas que fez com pessoas da família de William – a irmã, os amigos do pai e uma tia. “Aprofundei-me em pesquisas no Museu Judaico, estudei histórias similares e li alguns livros, entre eles A Garota Alemã, de Armando Lucas Correa; Maus, a História de um Sobrevivente, de Art Spiegelman, e Ten Green Bottles, de Vivian Kaplan”, conta, observando que a peça tem um lugar quase de uma constelação familiar. “De alguma forma, o teatro tem o poder de revisitar a ligação de pai e filho e trazer para um lugar mais saudável”, finaliza.
Sobre a cenografia de Marcio Medina
A velha mala de couro – com os segredos e as memórias de uma história de vida - foi o objeto que inspirou e norteou a cenografia de Márcio Medina. Para reproduzir o passado de duas gerações - o quarto de Esther (Noemi Marinho) e do seu filho Franz (Fábio Herford) – o cenógrafo concebeu dois quadrantes espelhados com objetos e mobiliário. O fundo do palco abriga um grande telão de papel - como uma antiga carta -, emoldurado com palavras e fragmentos de frases em hebraico, chinês etc.
Medina explica que as peças retratam o que resta de memória no cérebro e na alma de Esther e servem de superfície para inúmeras projeções de lembranças e fatos passados. O espaço cênico permanece preenchido até o final, como se guardasse consigo todas as marcas e fragmentos da vida que insiste em não se apagar.
Várias malas ocupam todo o espaço aéreo do palco. “Iluminadas, revelam em seu conteúdo imagens de vários grupos perseguidos pelos nazistas na segunda guerra”, explica. “Uma mala pode transportar uma história de sobrevivência, resguardada e reduzida por um apagamento de memória da personagem Esther, de 92 anos. São histórias, objetos e documentos consumidos pela luta e manutenção de uma família”, finaliza Márcio.
Sobre o figurino de João Pimenta
O figurinista João Pimenta inverteu seu processo de trabalho na construção do figurino dos personagens. Depois de receber o briefing do diretor Kiko Marques, solicitando “uma roupa casual, do cotidiano”, o criativo logo partiu para a criação das peças. Pelo que absorveu, começou a desenvolver as roupas antes mesmo de ter o texto finalizado e de saber o perfil, as características dos personagens - quem era essa família - mãe, pai, cuidadora e filho.
“Minha proposta com o Kiko foi fazer este caminho inverso - criar o figurino e depois encaixá-lo na necessidade do espetáculo. A gente costuma dizer que na moda a roupa é a segunda pele e que no figurino ela é a primeira pele, a casca do personagem.” Pimenta considera positivo o processo pois permite que o elenco ensaie com as roupas desde o começo e não em uma etapa mais adiante. “Assim, o ator já pode sentir o personagem. E a ideia agora é ir ajustando até finalizar.”
Uma única cor foi concebida para todas as peças - o cinza e suas várias tonalidades. No design, a proposta de mesclar referências de várias não define tempo nenhum. Todas as roupas foram confeccionadas em tecido de alfaiataria, como risca de giz, lã fria, cinza mescla. Para dar a ideia de uma roupa com história, o figurino passou por um tratamento de envelhecimento, menos na roupa do filho.
Um vestido em tecido de gola fechada transmite a austeridade demandada pela personagem Esther. Desgastado, o figurino do pai — “uma roupa de ficar em casa” — é formado por camiseta regata, roupão e chinelo. Já o do filho jornalista, em camisa e calça social, é mais elegante e atual. A cuidadora Ruth, por sua vez, é a única que traz a cor: começa vestida de branco, passa pelo rosa e termina no cinza, aproximando-se da paleta dos demais personagens. Essa transição reforça seu papel simbólico e a delicada passagem entre presença e apagamento.
Sobre a trilha sonora de Gregory Slivar
O universo da música judaica e suas variadas matizes foram o foco da pesquisa de Gregory Slivar, autor da trilha sonora. “Com a ajuda de Dinah Feldman, entrevistamos pessoas ligadas à música deste contexto cultural, como músicos de Klezmer, cantores e pesquisadores, bem como assistimos a reuniões em sinagogas. Para além dessas pesquisas, ainda experimentei como me apropriar deste material a fim de poder colaborar com a história da peça”, contou Gregory.
Uma vez imerso neste universo, Greg usou-o como inspiração para suas composições. “As músicas aparecem como traços de memória e ligações entre os recortes de espaço e tempo da peça.” Slivar explicou que as vozes foram um elemento sonoro de lembrança e, remetendo aos conjuntos tradicionais, uma base instrumental foi usada para realizar a costura das cenas. “Pensei na trilha como este caminho entre o subjetivo destas personagens, suas buscas de um lugar de pertencimento, a fuga dos traumas e seus ritos de cura.”
SERVIÇO
Skinlaser e SKaminsky
apresentam
O VAZIO NA MALA
Culturas em Movimento – coletivo artístico e produção cultural
Drama, adulto, 90 min. Recomendado para maiores de 14 anos.
Dramaturgia: Nanna de Castro. Direção: Kiko Marques.
Elenco: Dinah Feldman, Fábio Herford, Marcelo Varzea e Noemi Marinho.
De 10 a 18 de outubro de 2025
Teatro Moise Safra (Colégio Renascença)
Rua Professor Walter Lerner, 315 (antiga Rua Inhaúma) - Barra Funda, São Paulo – SP.
Temporada - 10 a 18 de outubro de 2025
De sexta e sábado, às 20h. Domingo às 19h.
Sábado, dia 18 de outubro, sessão extra às 17h.
Não haverá sessão no domingo dia 19.
Ingressos: R$ 120,00 inteira e R$ 60,00 meia entrada
Capacidade: 420 lugares
Classificação: 14 Anos
Duração: 80 Minutos
Atividades complementares:
Durante a temporada, serão realizados 2 debates com convidados sobre temas relacionados ao espetáculo, abertos ao público presente.
As vendas de ingressos são realizadas por meio da plataforma Sympla
Link
Fotos: Link
Espetáculo na íntegra:
Idealização e Coordenação Geral: Dinah Feldman
Direção Artística: Kiko Marques
Texto: Nanna de Castro
Elenco: Dinah Feldman, Fábio Herford, Marcelo Varzea e Noemi Marinho
Música e Concepção Sonora: Gregory Slivar
Técnicos e operadores de som: Anselmo Silva e Edézio Aragão
Desenho de Luz: Wagner Pinto
Assistente de Iluminação: Gabriel Greghi
Cenografia: Márcio Medina
Figurino: João Pimenta
Visagismo: Louise Helène e André Mateus
Videomapping: Um Cafofo
Técnico e operador de vídeo: Allysson Lemes
Camareira: Angela Lima
Cenotécnicos: Sasso Campanaro e Guilherme Felipe
Programador visual: Murilo Thaveira
Programa: Débora Barmak
Fotos: João Caldas
Direção de Produção: Marcela Horta
Produção Original SESI-SP
Apoio Cultural Cabelaria e MUJ - Museu Judaico de São Paulo
Patrocínio: Skinlaser e SKaminsky
Realização: Culturas em Movimento
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