ESTREIA | Mural da Memória, novo trabalho do LABTD, tem dramaturgia de Ave Terrena e estreia no Sesc Pompeia | 08 a 31/10

 Com dramaturgia de Ave Terrena, Mural da Memória reflete sobre os impactos permanentes da ditadura 

 

Novo trabalho do LABTD tem estreia no Sesc Pompeia

 

 

 



 

Mural da Memória, do LABTD - Foto de Fabricio Augusto

 

 

Ao longo de mais de 10 anos de pesquisa, o LABTD - Laboratório de Técnica Dramática - buscou entender os motivos pelos quais a ditadura ainda define a sociedade brasileiraMural da Memória, novo trabalho da companhia, olha para o futuro e busca os efeitos da ditadura nos nossos corpos e nossa percepção de mundo. O espetáculo estreia dia 8 de outubro, no Sesc Pompeia, e segue com apresentações até o dia 31, com sessões de quarta a sexta, às 19h30. E todas as quintas com sessões às 16h. 

 

Com dramaturgia de Ave Terrena e direção de Diego Moschkovich, o espetáculo é um desdobramento dos espetáculos E Lá Fora o SilêncioO Corpo que O Rio Levou e As 3 Uiaras de SP City. Em Mural da Memória, a Lei da Anistia é revogada e os desaparecimentos ocorridos durante a ditadura começam a ser julgados. Acusado de sumir com o corpo de três vítimas, um General 4 Estrelas é o primeiro a responder diante do tribunal.

 

Dessa forma, enquanto esse militar responde às perguntas de uma juíza, da Promotoria e da Defesa, ele tenta se contrapor aos depoimentos das sobreviventes, que comparecem como testemunhas.


Edna: Eu sou viúva de um homem que não teve o corpo enterrado até hoje. Fiz um enterro simbólico, anos depois, quando entendi que ele não ia voltar. Aceitar, eu nunca aceitei. Me senti culpada por muito tempo, mas a culpa não é minha: é desse General escorado na imagem do “homem de bem que serviu à população”. Recebeu até Medalha do Pacificador do Exército... que paz é essa? 

Trecho da dramaturgia de Mural da Memória


 

“Estamos propondo uma dramaturgia muralista, no sentido de uma pluralidade de registros e pontos de vista. Por isso, foi muito importante retratar personagens com identidades e origens sociais distintas que foram brutalmente impactados pela ditadura”, comenta Ave.  

 

Embora a peça seja ficcional, ela foi construída a partir de muitas histórias reais. O LABTD fez uma longa investigação sobre esse período histórico: entrevistou ativistas, guerrilheiras e sobreviventes; leu os arquivos da Comissão da Verdade; pesquisou sobre os times de várzea e sobre a Copa de 70 no Museu do Futebol, visitou o Acervo Bajubá para pesquisar sobre as operações de perseguição às travestis e sobre a noite LGBT paulistana durante décadas de 1970 e 1980 e ainda pesquisou sobre as rádios independentes. 

 

Sobre a encenação

De todo esse material, nasceram três figuras emblemáticas. Os desaparecidos políticos são um locutor de rádio comunitária, uma travesti, prostituta e aspirante a atriz, e uma guerrilheira. “Queremos mostrar que a violência faz parte do cotidiano em um regime opressor, e qualquer um pode ser uma vítima. Por isso é tão importante fazermos justiça”, acrescenta a dramaturga.  

 

A peça simboliza essa busca por um encerramento digno para quem foi fortemente impactado pela ditadura. “Os personagens cujos corpos não foram encontrados são retratados como pessoas vivas. Quer dizer, eles continuam existindo enquanto os viventes não descobrirem onde eles estão”, comenta o ator Diego Chilio.

 

“A partir da dramaturgia, a encenação também busca o procedimento muralista, o que cria uma série de desafios. Um mural é uma obra estática, que permite um tempo de olhar e apreciar suas diferentes partes e criar correlações lentas entre as imagens. No teatro, estamos limitados pelo tempo do espetáculo, e nesse sentido exploramos diferentes maneiras de criar a sensação da simultaneidade e de uma temporalidade superposta ao manter o elenco todo em cena, o tempo todo”, conta o diretor.

 

cenário de Mural da Memória remete a uma mesa redonda de programas de debate sobre futebol. Para complementar a experiência, o espetáculo explora vários recursos audiovisuais. Acontecem projeções de documentos da ditadura, de vídeos, de fotos, de cenas da Copa de 70, de documentos pessoais da equipe, registros de travestis fichadas na Lei de Vadiagem, e também as pioneiras na cultura e na política brasileiras: as divas Valeria, Rogeria, Aloma, Marcinha do Corinto, Neon Cunha e Thais Azevedo 

 

trilha sonora também contribui para a ambientação do público, com canções compostas exclusivamente para o trabalho. Os músicos estão em cena e cantam ao vivo, operando a sonoplastia junto a performances vocais, utilizando instrumentos convencionais e outros, inesperados, como ossos de animais. A música é um dos elementos mais fortes da pesquisa do LABTD, desenvolvido desde a primeira peça do grupo de forma intrínseca à criação da dramaturgia: não à toa a rádio é o elemento central da peça, junto ao tribunal. 

 

Destaca-se também o trabalho de direção de movimento, assinado por Danna Lisboa, atriz do espetáculo e figura emblemática das danças urbanas no Brasil, com grande reconhecimento no movimento Hip Hop, no Waacking e na comunidade Ballroom. Em seu trabalho de composição corporal, destaca-se por trabalhar de forma cênica os elementos criativos dessas culturas, propondo uma síntese entre elas e a linguagem teatral.

 

Sinopse

Quando a Lei de Anistia é revogada, os desaparecimentos ocorridos na Ditadura começam a ser julgados e um General 4 Estrelas é o primeiro a responder diante do tribunal. Pelos depoimentos das testemunhas, conhecemos histórias de três pessoas completamente diferentes entre si: um locutor de rádio, uma militante da luta armada e uma prostituta travesti. Suas vidas se entrelaçam numa dramaturgia muralista que conclui a pesquisa de 11 anos do LABTD.

 

Ficha Técnica
Texto: Ave Terrena

Direção: Diego Moschkovich

Elenco: Andréa Sá,  Danna Lisboa, Diego Chillo, Diego Moschkovich, Jessica Marcelle, Maria Emília Faganello

Direção Musical, Composição e Música em Cena: Gabriel Barbosa e Felipe Pagliato

Cenografia e Desenho de Luz: Wagner Antônio 

Figurinos: Diogo Costa

Assistente de Direção: Vladimir Bocharov

Criação em Vídeo: Vic Von Poser

Preparação Vocal: Palomaris 

Direção de Movimento: Danna Lisboa

Operação de Vídeo: Ricardo Kenji

Direção de Produção: Igor Augustho

Produção Executiva: Lydia Arruda

Assistentes de Produção: Mariana Pinheiro, Rafaela Gimenez e Rebeca Forbeck

Financeiro: Ivanes Mattos

Estagiários de Produção: Hanon Arthur e Pedro Oliveira

Design Gráfico: Alan Amorim

Assessoria de Imprensa: Canal Aberto - Márcia Marques, Daniele Valério e Flávia Fontes

Estratégia Digital e Video Creator: Gabi Berbert

Fotografias (Divulgação): Fabrício Augusto

Maquiagem e Cabelos (Divulgação): Magô Tonhon e Alice Guél

Fotografias (Registro): Renato Mangolin

Transporte: Izildo Tadeu e TELopes Transporte

Produção: Pomeiro Gestão Cultural e Centelha Produções

Realização e Criação: LABTD  - Laboratório de Técnica Dramática

Serviço
Mural da Memória
Duração: 90 Minutos | Classificação: 14 Anos

SESC POMPEIA - ESPAÇO CÊNICO
Data: 
8 a 31 de outubro, de quarta a sexta, às 19h30. Todas as quintas, tem sessões extras, às 16h
Endereço: R. Clélia, 93 - Água Branca
Ingresso: R$ 50,00 | R$ 25,00 | R$15,00

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