TEATRO | "BAQUAQUA - Documento Dramático Extraordinário", da Cia do Pássaro - Vôo e Teatro volta em cartaz para reinauguração da sede do grupo | De 02 a 24/08

 Para celebrar a reinauguração de sua sede, a Cia do Pássaro encena “BAQUAQUA - Documento Dramático Extraordinário”

Há 13 anos, a Cia ocupa a sede na Rua Álvaro de Carvalho, no Anhangabaú, com uma intensa programação e criações voltadas ao combate do apagamento histórico das pessoas negras

Cena de BAQUAQUA FOTO NOELIA NÁJERA  

A peça, que integra a ‘Trilogia do Resgate’, é inspirada na autobiografia de Mahommah Gardo Baquaqua, o único relato conhecido de um africano escravizado no Brasil

 

O espetáculo “BAQUAQUA - Documento Dramático Extraordinário”, da Cia do Pássaro - Vôo e Teatro, é inspirado na única autobiografia conhecida de um africano escravizado em terras brasileiras, Mahommah Gardo Baquaqua. A peça, estreada em 2016, volta em cartaz com Alessandro Marba e Breno da Matta para reinaugurar a sede do grupo (Rua Álvaro de Carvalho, 177 – Centro – São Paulo) após uma reforma realizada por meio do Edital Fomento CULTSP PNAB 38/2024, para Manutenção e Modernização de Espaços Culturais no Estado de São Paulo. A temporada acontece entre os dias 02 e 24 de agosto, aos sábados, às 20h e, aos domingos, às 19h. Todas as sessões são gratuitas e contam com acessibilidade em LIBRAS. 

 

A peça conta a história de Baquaqua, nascido em uma família muçulmana no final dos anos 1820, no reino de Bergoo (atual Borgoo, no Benin). Ele  foi traficado para o Brasil na década de 1840, trabalhando em uma embarcação comercial até escapar, em 1847. Com o auxílio de abolicionistas na cidade de Nova York, ele seguiu para o Haiti, onde viveu com missionários batistas. Em 1849, retornou aos Estados Unidos, mas logo optou por morar no Canadá. Nesse país, trabalhou com o editor Samuel Moore, responsável pela publicação de seu livro de memórias. Em 1857, ninguém mais teve notícias de Baquaqua.

 

BAQUAQUA - Documento Dramático Extraordinário recebeu muitos reconhecimentos ao longo da sua trajetória. A peça ganhou um selo da York University do Canadá, como uma fonte oficial de pesquisa para a história de Baquaqua, já que contaram com a assessoria de Bruno Véras, um importante pesquisador da instituição. Além disso, uma ação do MEC - Ministério da Educação do Brasil incluiu fotos e informações da peça em um livro didático de Artes para a oitava série. 

 


 

“Em que ano estamos? Olhei para o passado e vi o futuro. O amanhã era tão parecido com o ontem. Eu ainda era escravo no futuro.”

Trecho da dramaturgia de BAQUAQUA - Documento Dramático Extraordinário


 

Trilogia do Resgate

Trilogia do Resgate é um projeto teatral que busca recuperar histórias negras silenciadas e refletir sobre o racismo estrutural.

O primeiro espetáculo, “BAQUAQUA – Documento Dramático Extraordinário”, estreou em 2016 e é baseado na autobiografia de Mahommah Gardo Baquaqua, africano escravizado no Brasil que registrou sua história em livro. “Na época, a obra ainda não tinha tradução em português. Hoje tem, e isso mostra a força desse trabalho”, comenta Alessandro Marba. 

“Também queremos mostrar que, apesar dos muitos avanços sociais, o racismo segue presente no cotidiano. Por isso, a cada temporada, atualizamos o texto com referências recentes, como o caso do assassinato de George Floyd ou de Genivaldo de Jesus Santos, que foi asfixiado por policiais com uma bomba de gás”, comenta o diretor e um dos dramaturgos Dawton Abranches - ele assina o texto com a dramaturga Dione Carlos

A segunda montagem, “Jacinta – Você só Morre Quando Dizem seu Nome Pela Última Vez”, relembra Jacinta Maria de Santana, mulher preta que teve seu corpo exposto por 30 anos na Faculdade de Direito do Largo São Francisco.

O terceiro espetáculo está em criação e tem previsão de estreia em 2026. 

Sobre a encenação
BAQUAQUA é um espetáculo que trabalha com alegorias. Os dois atores em cena se alternam entre o papel de narradores, do personagem-título e de figuras opressoras que brotam das cenas. Em um canto do palco, ficam posicionados alguns manequins brancos com figurinos que remetem às figuras como a Justiça, a Liberdade, a Religião e a Polícia. “E me transformo nesses personagens ao longo da encenação”, diz Breno da Matta. 

 

O cenário evoca um navio negreiro, com a plateia embarcando junto com o personagem em suas múltiplas viagens. Pedro de Alcântara utilizou ripas de madeira em cor natural para criar essa ambiência. Ao fundo, um mapa pintado à mão ilustra a trajetória de Baquaqua pelos países percorridos.   

 

A trilha sonora é de LP Daniel que mescla instrumentais clássicos com elementos de música tribal africana. Nem todas as canções são autorais, mas Breno e Alessandro compuseram um repente para o trabalho. “Nossa trilogia pretende refletir sobre as heranças da escravidão para que possamos criar estratégias de combate a essa realidade.

 

Atividades paralelas

Além das oito apresentações do espetáculo BAQUAQUA - Documento Dramático Extraordinário, a programação de reinauguração da Cia do Pássaro para 2025/26 envolve núcleos de pesquisa, a abertura do espaço para ensaios gratuitos de grupos, uma mostra de trabalhos em pequenos formatos, uma temporada de Jacinta - Você só Morre Quando Dizem seu Nome Pela Última Vez e um festival musical.

 

São dois os núcleos de pesquisa que estão com inscrições abertas no período de 28/07 a 10/08:  “Núcleo Políticas Públicas para Cultura e Arte: disputas, conflitos e vetos”, com orientação de Judson Cabral; e “Núcleo de Estudos em Produção Cultural e Elaboração de Projetos para Artistas e Produtoras(es) Independentes”, com Fernando Gimenes. As informações completas encontram-se no Instagram da Cia do Pássaro (@cia_do_passaro).

 

A iniciativa foi viabilizada pelo Fomento CULTSP, Política Nacional Aldir Blanc, ProAC Editais 38/2024, Secretaria da Cultura Economia e Indústria Criativas e Ministério da Cultura.

 

Com 14 anos de trajetória, a companhia mantém sua sede em uma verdadeira calçada cultural paulistana, vizinha ao Instituto Capobianco, ao Grupo Redimunho e à Ocupação Nove de Julho.

 

Sinopse
Inspirado na única autobiografia conhecida de um africano escravizado em território brasileiro, o espetáculo BAQUAQUA narra a trajetória real de Mahommah Gardo Baquaqua, nascido no reino de Bergoo (atual Benin), capturado na década de 1840 e traficado para o Brasil. Após escapar da escravidão, Baquaqua reconstrói sua vida entre Nova York, Haiti, EUA e Canadá, onde publica suas memórias antes de desaparecer misteriosamente. Integrante da ‘Trilogia do Resgate’, o espetáculo denuncia o apagamento histórico das populações negras e atualiza, a cada temporada, sua denúncia contra o racismo estrutural.

 

Ficha Técnica
Elenco: Alessandro Marba e Breno da Matta
Dramaturgia: Dione Carlos e Dawton Abranches
Direção: Dawton Abranches
Assistência de direção: Dione Carlos
Produção: Plataforma - Estúdio de Produção Cultural
Direção de Produção: Fernando Gimenes
Produção Executiva: Rafael Procópio
Consultoria de pesquisas: Bruno Véras
Cenário e figurinos: Pedro de Alcântara
Costureira e confecção de Abaiomys: Maria de Lourdes Ventura
Trilha sonora: LP Daniel
Composição da música ao vivo: Breno da Matta e Alessandro Marba
Operação de som: Dawton Abranches
Orientação musical e de movimentos: Laruama Alves
Criação de luz: Alice Nascimento
Adaptação e operação de luz: Rebeka Teixeira
Painel e aquarelas: Renato Caetano
Designer gráfico: Murilo Thaveira
Fotos: Noelia Nájera
Redes Sociais: Jorge Ferreira
Assessoria de Imprensa: Canal Aberto - Márcia Marques, Daniele Valério e Flávia Fontes

 

SERVIÇO:

BAQUAQUA - Documento Dramático Extraordinário
Data: 02 a 24 de agosto, aos sábados, às 20h e, aos domingos, às 19h
Local: Sede da Cia do Pássaro, Vôo e Teatro - Rua Álvaro de Carvalho, 177 – Centro – São Paulo – SP
Ingressos: gratuitos | Retirar na bilheteria uma hora antes do espetáculo – Sujeito à lotação
Classificação etária: Livre Duração do espetáculo: 60 minutos Capacidade: 40 pessoas
Acessibilidade: O espaço é acessível para cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida. Além disso, todas as apresentações contam com intérpretes de LIBRAS.

Núcleos de Pesquisa

Inscrições de 28/07 a 10/08

·         Políticas Públicas para Cultura e Arte: disputas, conflitos e vetos
Coordenação: Judson Cabral

·        
Estudos em Produção Cultural e Elaboração de Projetos
Coordenação: Fernando Gimenes


Inscrições (a partir de 28/07) e informações na bio da @cia_do_passaro

 

 

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