Orun Santana leva a dança pernambucana e afro-brasileira para a França

 Meia Noite atravessa oceanos: Orun Santana leva a dança pernambucana à França com apoio do Funcultura

Foto: Anderson Stevens

Corpo, memória e ancestralidade ganham o palco da 5ª edição do Festival Baluê, na França, na circulação internacional do espetáculo criado por Orun Santana, artista pernambucano filho dos fundadores do Daruê Malungo, que se apresenta nas cidades de Paysac e Sète entre os dias 4 e 12 de julho.

O bailarino, coreógrafo e brincante pernambucano Orun Santana embarca para mais uma travessia internacional. De origem enraizada no bairro de Chão de Estrelas, no Recife, ele apresenta na França seu premiado solo *Meia Noite*, obra que dialoga com a ancestralidade, o afeto e o corpo negro como território de memória e invenção. Com incentivo do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura-PE), o espetáculo será apresentado nos dias 4 e 5 de julho em Paysac, e em 11 e 12 de julho em Sète, dentro da programação da 5ª edição do Festival Baluê — iniciativa idealizada por artistas pernambucanos radicados no território francês.

Filho do mestre Meia Noite e da mestra Vilma Carijós, fundadores do Centro de Educação e Cultura Daruê Malungo, Orun traz em seu corpo a herança viva da capoeira, das danças populares e de um legado de resistência e celebração construído em comunidade. Sua atuação como diretor da Cia Daruê Malungo e como artista solo já passou por importantes palcos no Brasil e no mundo — incluindo turnês pelo Festival Palco Giratório, MITsp, Itaú Cultural, Festival de Arte Negra (FAN), e apresentações na China e na primeira passagem pela França, em 2022.

Na França, o espetáculo será acompanhado por uma residência artística e oficinas de troca com fazedores de cultura locais, com destaque para as danças afro-brasileiras. “Essa residência é uma caravana coletiva”, explica Orun. “Vamos estar em grupo, com artistas da música, do teatro, da dança. É um grande circo em movimento, onde tudo se mistura. Vamos trocar entre nós, com o público francês, com o território.”

*Meia Noite*, como obra, propõe uma coreografia da memória. A capoeira se funde ao brega funk, cavalo-marinho, vaquejada e samba de coco, compondo um vocabulário físico que evoca o gesto do pai-mestre e o chão do Recife periférico. “É um espetáculo que apresenta a cultura negra brasileira sem estereótipos, refletindo sobre colonialismo, fragilidade dos corpos e territórios negros, mas também sobre alegria, brincadeira e potência criativa”, diz o artista.

No centro da dramaturgia está a relação entre pai e filho, mestre e discípulo. “A obra nasce da minha relação direta com meu pai, mestre Meia Noite. Mas também reverbera nas trajetórias daqueles que ele formou. Inclusive o Festival Baluê nasce dessa linhagem: foi fundado por ex-alunos dele. É uma rede que pulsa a partir dessa ancestralidade.”

O incentivo do Funcultura foi determinante para viabilizar o projeto. “A cultura popular e a dança negra ainda encontram muitas barreiras para circular. As leis de incentivo são muitas vezes a única forma de chegar a outros territórios. É também um investimento político: exportar cultura é criar laços comerciais e simbólicos, e isso precisa ser permanente.”

Ao participar do Festival Baluê, *Meia Noite* amplia a presença de Pernambuco em circuitos culturais internacionais. E o faz a partir de outra lógica: não a da exotização, mas a da presença implicada. “O Baluê é um festival criado por pernambucanos, com foco na cultura popular. É diferente de ocupar um teatro europeu institucional. Aqui, nos conectamos com o povo, com o território. Isso muda tudo”, afirma Orun.

O espetáculo segue seu trajeto com os pés no chão e os olhos no futuro — corpo que dança o passado e projeta o que virá. “Quero que o público francês sinta que o Brasil é muito mais do que o clichê. Que veja a força da cultura negra brasileira, da cultura pernambucana, com suas contradições e sua beleza. Que perceba que nossos corpos dançam, sim, mas também pensam, celebram e resistem".

Ficha técnica:

Espetáculo "Meia Noite"

Diretor e autor: Orun Santana
Duração: 60 minutos
Créditos da Equipe do Espetáculo:
Intérprete-criador e Diretor - Orun Santana
Consultoria artística - Gabriela Santana
Trilha Sonora - Vitor Maia
Iluminação - Natalie Revorêdo
Cenografia e figurino – Victor Lima
Produção Local - Hugo Dubeux
Produção Executiva – Danilo Carias | Criativo Soluções
Assessoria de comunicação - Dulce Araújo | Criativo Soluções
Realização - Meia-noite Produções
Incentivo - Funcultura, Fundarpe, Secretaria de Cultura do Estado de Pernambuco
Indicação Etária: Livre
Informações de Contato: Meia-noite Produções - producao.orunsantana@gmail.com


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