[ESTREIA | TEATRO] Solo britânico "Renda-se", com Martha Nowill e direção de Fernanda D’Umbra, estreia no Sesc Ipiranga em 13 de junho.

 Renda-se

Solo britânico estreia no Sesc Ipiranga com retrato de reencontro, 

na prisão, entre mãe e filha separadas desde a infância

Sob direção de Fernanda D'Umbra, Martha Nowill leva ao palco do Sesc o premiado texto de Sophie Swithinbank sobre uma charmosa e promissora atriz que, ao se tornar mãe, atravessa uma rebentação de abandono, solidão e injustiças



Foto: Edson Kumasaka


Estreia no dia 13 de junho, no pelo projeto "Teatro Mínimo" do Sesc Ipiranga, o solo britânico "Renda-se" (Surrender, 2024), com dramaturgia de Sophie Swithinbank (em parceria criativa com Phoebe Ladenburg) e direção de Fernanda D’Umbra. Após temporada na Europa pelo Arcola Theatre, em Londres, e pelo Festival Fringe de Edimburgo, o solo ganha montagem no Brasil com a atriz Martha Nowill no papel de uma mãe que reencontra a filha doze anos após tê-la perdido ainda bebê. Dentro de uma prisão, as duas iniciam um diálogo atravessado por silêncio, culpa e tentativas de reconexão.


Condenada por abandono, a personagem cumpre pena quando recebe, pela primeira vez, a visita da filha — agora adolescente. A partir desse encontro, o solo se estrutura como um fluxo de memória: entre fragmentos, recuos e tentativas de explicação, ela revisita episódios da vida em Londres, a sobrecarga da maternidade solo, a interrupção da carreira como atriz e o momento em que, esgotada, comete o maior erro de sua vida: recorre à polícia para encontrar sua filha e passa a ser acusada de abandono. 


O palco funciona como extensão de sua mente, onde presente e passado se entrelaçam. A narrativa alterna a conversa com a filha à beira do parlatório com cenas evocadas do interrogatório policial, audições teatrais, encontros com a assistente social e menções à ex-sogra — figuras que compõem o julgamento constante ao qual está submetida. Em meio a esses fragmentos, o público acompanha a tentativa da personagem de entender o que a levou até ali e de construir, enfim, uma versão dos fatos para si e para a filha.

Foto: Edson Kumasaka

“Ela organiza os fragmentos do que viveu para justificar, resistir, se explicar — talvez para si, talvez para a filha. Não está contando uma história, está tentando sobreviver a ela”, afirma a atriz Martha Nowill, que, em paralelo à temporada de Renda-se, estreia também como diretora no monólogo "A Autoestima do Homem Hétero", em São Paulo.

No palco, a proposta cenográfica aposta no minimalismo: uma placa de vidro que alude à cabine prisional, um pedestal com vape, um banco móvel e um casaco – elementos simbólicos de sua trajetória interrompida. Esses elementos tornam-se extensões da personagem, marcando seu deslocamento emocional e físico. 

“A filha desaparecida estava muito perto dela, foi um incidente sem graves consequências. Se a mãe a tivesse procurado e não tivesse ido à polícia, talvez a personagem não tivesse sido punida. A questão abordada na dramaturgia é a desproporcionalidade do castigo imposto pelo sistema”, afirma a diretora Fernanda D’Umbra. 

Entre afeto, ironia, delírio à contenção, peça percorre diferentes nuances emocionais de uma mulher levada ao esgotamento. Em estado de vigília permanente, a personagem entrelaça humor, confissão e silêncio para ao relatar uma experiência que desestruturou sua vida. No final desse percurso, "Renda-se" expõe o colapso de uma mulher isolada por um sistema que pune antes de escutar. 



Foto: Edson Kumasaka

“Essa história não se limita a fazer só a denúncia, em um grande drama sobre uma mulher, presa, separada da filha e injustiçada por isso. Nas mãos da Nowill, essa personagem também ganha um glamour, o humor e uma postura de firmeza diante da situação mais difícil e absurda que essa mulher já enfrentou”, afirma D’Umbra. 

Escrita originalmente em inglês, "Renda-se" marca a estreia de Sophie Swithinbank no Brasil. A autora é uma das vozes emergentes do teatro britânico contemporâneo, com trabalhos desenvolvidos para a Royal Court e a BBC. A montagem brasileira é fruto do encontro entre Swithinbank, D’Umbra e Nowill, com tradução assinada por Betina Rodrigues. O texto é resultado de uma parceria criativa com a atriz Phoebe Ladenburg.


TRECHOS DA CRÍTICA INTERNACIONAL
“'Surrender' é uma análise poderosa e comovente sobre o que significa ser mãe, onde a sociedade e o establishment se sentem livres para estigmatizar e julgar as mulheres ao embarcarem na maternidade.”.  (Lothian Life) 

 “Esta produção é essencial para qualquer pessoa interessada em teatro im pactante e socialmente relevante.".  (A Young Ish Perspective) 

 “O roteiro de Swithinbank é excelente, e a conversa unilateral mantém o pú blico totalmente envolvido.”. (One 4 Review)

  

“A escrita se torna cada vez mais poética à medida que a história avança, adicionando uma camada comovente à nossa compreensão da jornada do protagonista.”.  (The Reviews Hub) 

 “Esta peça ultrapassa a beleza da maternidade e expõe a fragilidade e a exaustão que ela traz. A mãe não dorme. A mãe luta.” (Play To See)

Sinopse
A protagonista, uma atriz emergente e mãe solo, luta para equilibrar as exigências de sua carreira, o cuidado de sua filha recém-nascida e a pressão esmagadora das expectativas sociais. Vemos essa mulher, fragmentada pela falta de apoio e pelo julgamento implacável da sociedade, tentando desesperadamente sobreviver a um sistema que frequentemente falha em dar suporte a mães em crise. A peça começa com a protagonista na prisão, após ter sido separada de sua filha há 11 anos, e revela gradualmente os eventos que a levaram a esse momento trágico.

Serviço
"Renda-se"
Temporada: 13 de junho a 06 de julho de 2025
Local: Auditório do Sesc Ipiranga
Horários: Sextas-feiras, às 21h30; sábados, domingos e feriados, às 18h30

Classificação Indicativa: 16 anos | 70 minutos | 

Ingressos: R$ 50 (inteira), R$ 25 (meia), R$ 15 (credencial plena)

Venda: Portal do Sesc SP, bilheterias das unidades e App Credencial Sesc SP
https://www.sescsp.org.br/unidades/ipiranga/

SESC IPIRANGA
Rua Bom Pastor, 822,  Ipiranga, São Paulo – SP

Telefone: (11) 3340-2000

https://www.sescsp.org.br/unidades/ipiranga/

FICHA TÉCNICA
Escrito por Sophie Swithinbank, em Parceria Criativa com Phoebe Ladenburg 

Com Martha Nowill 

Vozes em Off: Sandra Corveloni (Jean)

e Fernanda D’Umbra (Justiça)

Direção: Fernanda D’Umbra 

Tradução: Betina Rodrigues 

Cenografia: Diego Dac

Desenho de Luz: Paloma Dantas

Figurino: Ofélia Lott 

Trilha Sonora: Sérgio Arara

Saxofone: Marcelo Monteiro

Preparação Corporal: Gabriel Malo

Operação de som: Cauê Andreassa

Operação de luz: Paloma Dantas

Fotografia: Edson Kumasaka 

Assessoria de Imprensa: Rafael Ferro e Pedro Madeira 

Coordenação de Direitos Autorais e Tradução: Tiago Martelli

Idealização: Tiago Martelli

Direção de Produção: Cicero de Andrade - Mosaico Produções

Produção: Dani Simonassi e Tiago Martelli


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Foto: Edson Kumasaka

MINI BIO DA EQUIPE
Sophie Swithinbank
Dramaturga e roteirista britânica radicada em Londres, Sophie Swithinbank venceu o Peggy Ramsay/Film4 Award em 2023 e o Tony Craze Award em 2018. Sua peça Bacon recebeu quatro prêmios Off West End e aclamação da crítica no Finborough Theatre. Desenvolveu trabalhos com instituições como National Theatre, Bush Theatre e Soho Theatre. Surrender venceu o Summerhall Lustrum Award no Festival Fringe de Edimburgo e marca sua estreia nos palcos brasileiros.


Fernanda D’Umbra 

Atriz, roteirista e diretora de teatro e TV, Fernanda D’Umbra já atuou em mais de 70 espetáculos e dirigiu montagens de autores como Jon Fosse, Shelagh Delaney e Barbara Colio. Foi protagonista do seriado Mothern (GNT) e dirigiu Descolados (MTV). No teatro, integrou companhias como Ornitorrinco, Parlapatões e Cemitério de Automóveis. Recebeu o Prêmio Qualidade Brasil de Melhor Atriz em 2005..

Martha Nowill
Atriz, escritora e roteirista. Formada em Cinema pela FAAP e em Teatro pela Escola Célia Helena, atuou em mais de 25 filmes, 18 séries e 15 peças. Publicou os livros O que ela quer (Edith) e Coisas importantes também serão esquecidas (Companhia das Letras), além de colaborar com revistas como Piauí, Trip, Carta Capital e Vogue, e com o jornal Folha de São Paulo. Seu diário Vermelho Russo inspirou o filme homônimo, do qual foi protagonista e roteirista, premiado no Festival do Rio 2016. No mesmo festival, recebeu o prêmio de melhor atriz coadjuvante por Entre Nós. Em 2023, escreveu e atuou no monólogo Pagu: Até onde chega a sonda.

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