[ESTREIA | TEATRO] Solo britânico "Renda-se", com Martha Nowill e direção de Fernanda D’Umbra, estreia no Sesc Ipiranga em 13 de junho.
Renda-se
Solo britânico estreia no Sesc Ipiranga com retrato de reencontro,
na prisão, entre mãe e filha separadas desde a infância
Sob direção de Fernanda D'Umbra, Martha Nowill leva ao palco do Sesc o premiado texto de Sophie Swithinbank sobre uma charmosa e promissora atriz que, ao se tornar mãe, atravessa uma rebentação de abandono, solidão e injustiças
Foto: Edson Kumasaka
Estreia no dia 13 de junho, no pelo projeto "Teatro Mínimo" do Sesc Ipiranga, o solo britânico "Renda-se" (Surrende
Condenada por abandono, a personagem cumpre pena quando recebe, pela primeira vez, a visita da filha — agora adolescente. A partir desse encontro, o solo se estrutura como um fluxo de memória: entre fragmentos, recuos e tentativas de explicação, ela revisita episódios da vida em Londres, a sobrecarga da maternidade solo, a interrupção da carreira como atriz e o momento em que, esgotada, comete o maior erro de sua vida: recorre à polícia para encontrar sua filha e passa a ser acusada de abandono.
O palco funciona como extensão de sua mente, onde presente e passado se entrelaçam. A narrativa alterna a conversa com a filha à beira do parlatório com cenas evocadas do interrogatório policial, audições teatrais, encontros com a assistente social e menções à ex-sogra — figuras que compõem o julgamento constante ao qual está submetida. Em meio a esses fragmentos, o público acompanha a tentativa da personagem de entender o que a levou até ali e de construir, enfim, uma versão dos fatos para si e para a filha.
Foto: Edson Kumasaka
“Ela organiza os fragmentos do que viveu para justificar, resistir, se explicar — talvez para si, talvez para a filha. Não está contando uma história, está tentando sobreviver a ela”, afirma a atriz Martha Nowill, que, em paralelo à temporada de Renda-se, estreia também como diretora no monólogo "A Autoestima do Homem Hétero", em São Paulo.
No palco, a proposta cenográfica aposta no minimalismo: uma placa de vidro que alude à cabine prisional, um pedestal com vape, um banco móvel e um casaco – elementos simbólicos de sua trajetória interrompida. Esses elementos tornam-se extensões da personagem, marcando seu deslocamento emocional e físico.
“A filha desaparecida estava muito perto dela, foi um incidente sem graves consequências. Se a mãe a tivesse procurado e não tivesse ido à polícia, talvez a personagem não tivesse sido punida. A questão abordada na dramaturgia é a desproporcionalidade do castigo imposto pelo sistema”, afirma a diretora Fernanda D’Umbra.
Entre afeto, ironia, delírio à contenção, peça percorre diferentes nuances emocionais de uma mulher levada ao esgotamento. Em estado de vigília permanente, a personagem entrelaça humor, confissão e silêncio para ao relatar uma experiência que desestruturou sua vida. No final desse percurso, "Renda-se" expõe o colapso de uma mulher isolada por um sistema que pune antes de escutar.
Foto: Edson Kumasaka
“Essa história não se limita a fazer só a denúncia, em um grande drama sobre uma mulher, presa, separada da filha e injustiçada por isso. Nas mãos da Nowill, essa personagem também ganha um glamour, o humor e uma postura de firmeza diante da situação mais difícil e absurda que essa mulher já enfrentou”, afirma D’Umbra.
Escrita originalmente em inglês, "Renda-se" marca a estreia de Sophie Swithinbank no Brasil. A autora é uma das vozes emergentes do teatro britânico contemporâneo, com trabalhos desenvolvidos para a Royal Court e a BBC. A montagem brasileira é fruto do encontro entre Swithinbank, D’Umbra e Nowill, com tradução assinada por Betina Rodrigues. O texto é resultado de uma parceria criativa com a atriz Phoebe Ladenburg.
TRECHOS DA CRÍTICA INTERNACIONAL
“'Surrender' é uma análise poderosa e comovente sobre o que significa ser mãe, onde a sociedade e o establishment se sentem livres para estigmatizar e julgar as mulheres ao embarcarem na maternidade.”. (Lothian Life)
“Esta produção é essencial para qualquer pessoa interessada em teatro im pactante e socialmente relevante.". (A Young Ish Perspective)
“O roteiro de Swithinbank é excelente, e a conversa unilateral mantém o pú blico totalmente envolvido.”. (One 4 Review)
“A escrita se torna cada vez mais poética à medida que a história avança, adicionando uma camada comovente à nossa compreensão da jornada do protagonista.”. (The Reviews Hub)
“Esta peça ultrapassa a beleza da maternidade e expõe a fragilidade e a exaustão que ela traz. A mãe não dorme. A mãe luta.” (Play To See)
Sinopse
A protagonista, uma atriz emergente e mãe solo, luta para equilibrar as exigências de sua carreira, o cuidado de sua filha recém-nascida e a pressão esmagadora das expectativas sociais. Vemos essa mulher, fragmentada pela falta de apoio e pelo julgamento implacável da sociedade, tentando desesperadamente sobreviver a um sistema que frequentemente falha em dar suporte a mães em crise. A peça começa com a protagonista na prisão, após ter sido separada de sua filha há 11 anos, e revela gradualmente os eventos que a levaram a esse momento trágico.
Serviço
"Renda-se"
Temporada: 13 de junho a 06 de julho de 2025
Local: Auditório do Sesc Ipiranga
Horários: Sextas-feiras, às 21h30; sábados, domingos e feriados, às 18h30
Classificação Indicativa: 16 anos | 70 minutos |
Ingressos: R$ 50 (inteira), R$ 25 (meia), R$ 15 (credencial plena)
Venda: Portal do Sesc SP, bilheterias das unidades e App Credencial Sesc SP
https://www.sescsp.org.br/
SESC IPIRANGA
Rua Bom Pastor, 822, Ipiranga, São Paulo – SP
Telefone: (11) 3340-2000
https://www.sescsp.org.br/
FICHA TÉCNICA
Escrito por Sophie Swithinbank, em Parceria Criativa com Phoebe Ladenburg
Com Martha Nowill
Vozes em Off: Sandra Corveloni (Jean)
e Fernanda D’Umbra (Justiça)
Direção: Fernanda D’Umbra
Tradução: Betina Rodrigues
Cenografia: Diego Dac
Desenho de Luz: Paloma Dantas
Figurino: Ofélia Lott
Trilha Sonora: Sérgio Arara
Saxofone: Marcelo Monteiro
Preparação Corporal: Gabriel Malo
Operação de som: Cauê Andreassa
Operação de luz: Paloma Dantas
Fotografia: Edson Kumasaka
Assessoria de Imprensa: Rafael Ferro e Pedro Madeira
Coordenação de Direitos Autorais e Tradução: Tiago Martelli
Idealização: Tiago Martelli
Direção de Produção: Cicero de Andrade - Mosaico Produções
Produção: Dani Simonassi e Tiago Martelli
Foto: Edson Kumasaka
MINI BIO DA EQUIPE
Sophie Swithinbank
Dramaturga e roteirista britânica radicada em Londres, Sophie Swithinbank venceu o Peggy Ramsay/Film4 Award em 2023 e o Tony Craze Award em 2018. Sua peça Bacon recebeu quatro prêmios Off West End e aclamação da crítica no Finborough Theatre. Desenvolveu trabalhos com instituições como National Theatre, Bush Theatre e Soho Theatre. Surrender venceu o Summerhall Lustrum Award no Festival Fringe de Edimburgo e marca sua estreia nos palcos brasileiros.
Fernanda D’Umbra
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