ESTREIA | Com texto de Cecilia Ripoll e direção de Beatriz Barros, 'Felizarda' estreia no TUSP Maria Antonia | de 12 a 29/06

Espetáculo Felizarda reflete sobre a hiperprodutividade e os abismos da comunicação

 

Com texto de Cecilia Ripoll e direção de Beatriz Barros, a peça foi idealizada pelas atrizes Bella Camero e Louise D’Tuani e faz uma temporada gratuita no TUSP Maria Antonia

 



Elenco de Felizarda - Fotos: André Nicolau 

 

Ser a ‘felizarda’ por conseguir a vaga de emprego. Trabalhar. Ter colegas de mesa. Mas para qual função? Para fazer o quê? Em um mundo cada vez mais voltado à produtividade sem descanso, o novo espetáculo dirigido por Beatriz Barros, com idealização das atrizes Bella Camero e Louise D’Tuani, foi escrito por Cecilia Ripoll e reflete sobre tais impactos na vida em sociedade. Felizarda faz uma temporada de estreia gratuita no TUSP Maria Antonia (R. Maria Antônia, 294 - Vila Buarque, São Paulo) entre os dias 12 e 29 de junho, com sessões de quinta a sábado, às 20h, e, aos domingos, às 18h.

 

O projeto começou com a vontade de as atrizes Bella e Louise trabalharem juntas. A partir desse encontro, procuraram a escritora e dramaturga Cecília Ripoll, que apresentou algumas ideias e possibilidades de texto. “Buscávamos algo para montarmos, que fosse atual e falasse da sociedade hoje, sem perder o humor. Acho que conseguimos desenvolver junto essa peça”, coloca Louise D’Tuani.

 

Na trama, uma pessoa começa a trabalhar em uma empresa cujo produto ela desconhece. Enquanto tenta incessantemente descobrir o quê, afinal, está vendendo, a protagonista precisa lidar com as mais variadas neuroses e histerias típicas do nosso tempo. Sintomas psíquicos brotam ao ritmo frenético da hiperprodutividade e dos abismos da comunicação, apresentando um retrato tragicômico da sociedade contemporânea.

 

Os personagens não têm nomes. “Queremos mostrar que, pela lógica do mundo corporativo, somos todos facilmente substituíveis. Por isso, os atores e as atrizes são designados apenas como: Vizinho de Mesa, Mentora, Felizarda e Esposa da Felizarda”, conta a atriz Bella Camero.  Em cena também estão Louise D’Tuani, Sidney Santiago Kuanza e Sol Menezzes. A direção de movimento e a preparação corporal são de Ariel Ribeiro.

 

Sobre a encenação

Na encenação, situações profissionais e pessoais se misturam a todo o momento. O trabalho passa a ocupar cada vez mais aspectos da vida, eliminando a fronteira entre os dois universos. Por esse motivo, a cenografia de Pedro Levorin é formada por elementos que evocam tanto a empresa quanto a casa da Felizarda. A luz assinada por Wagner Antônio segue o mesmo caminho.

 

Nesse contexto opressivo, construir vínculos torna-se um grande desafio. “Cada personagem tem a sua forma de expressão, seus trejeitos, um vocabulário muito bem estabelecido. Essa foi uma maneira de falarmos sobre nossa dificuldade de comunicação e como isso impacta as relações”, comenta a diretora Beatriz Barros. 

 

Esses aspectos também se refletem na trilha sonora de Dani Nega. Inspirada pelo improviso do jazz, a artista criou linhas melódicas específicas para os personagens,  como se a cada um fosse atribuído um instrumento musical próprio. 

 

Ariel Ribeiro, responsável pelo figurino, com sua pesquisa Zootomia, desenvolveu para cada personagem peças que mostram os corpos contemporâneos e os possíveis colapsos que podem reverberar em sociedade. 

 

Felizarda questiona a facilidade com que entramos na lógica do sistema, sem problematizar absolutamente nada. Nenhum dos colaboradores sabe o que a empresa faz, mas ninguém assume isso. Nem mesmo a personagem-título tem a coragem de dizer isso para a esposa. 

 


Felizarda: Amor, tenho duas notícias. Uma boa e uma ruim. A boa é que fui contratada pra vaga com o melhor salário. A ruim é que a vaga é um pouco vaga / Não / Amor, tenho duas notícias. Uma boa e uma ruim. A boa é: consegui o emprego. A ruim é: não sei qual é o emprego / Não…Amor, uma ótima notícia!

Esposa: Eu também tenho!

Felizarda: O quê?

Esposa: Uma ótima notícia.

Trecho da dramaturgia de Felizarda, de Cecilia Ripoll


 

“Estamos tão focados em provar que podemos ser eficientes e produtivos 24 horas por dia que nos alienamos. Não nos conectamos mais nem com os nossos sentimentos e nem com as outras pessoas. Assim, ficamos cada vez mais sozinhos”, defende Louise. 

 

Apesar do tema denso, o texto é permeado por muita ironia e humor. De acordo com Beatriz, o trabalho é definido como uma distopia contemporânea não situada no tempo, ou seja, não existem elementos muito característicos de um período histórico. A narrativa se encaixaria bem no passado, no presente ou no futuro.  

 

Sinopse

Felizarda é contratada por uma empresa, mas não sabe exatamente para quê. Enquanto tenta entender qual é sua função, vê-se cercada por neuroses e angústias típicas de um mundo hiperprodutivo, onde a comunicação falha e o trabalho invade todas as esferas da vida. A partir de situações absurdas e cotidianas, o espetáculo traça um retrato tragicômico da alienação contemporânea.

 

Ficha Técnica

Elenco: Bella Camero, Louise D’Tuani, Sidney Santiago Kuanza, Sol Menezzes

Direção: Beatriz Barros

Idealização: Bella Camero e Louise D’ Tuani

Assistência de Direção: Castilho

Texto: Cecilia Ripoll

Direção de Movimento e preparação corporal: Ariel Ribeiro

Cenografia e projeto gráfico: Pedro Levorin

Figurino: Elias Kalleb

Assistente de figurino: Brun Pereira

Luz: Wagner Antônio

Assistência de iluminação: Marina Meyer

Trilha original: Dani Nega
Operação de som: Abismo de Bibi

Fotos: André Nicolau 

Assessoria de Imprensa: Canal Aberto - Márcia Marques, Daniele Valério e Flávia Fontes

Produção: Corpo Rastreado | Gabs Ambròzia

 

SERVIÇO:
Felizarda

Data: 12 a 29 de junho, de quinta a sábado, às 20h, e, aos domingos, às 18h
Local: TUSP Maria Antonia - R. Maria Antônia, 294 - Vila Buarque

Ingressos:  gratuitos | Retirada 1h antes na bilheteria
Telefone: (11) 2648-5222

Duração: 90 minutos
Classificação: 14 anos

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