Coletivo Comum estreia temporada de eXílio
no Galpão do Folias
Peça faz apresentações no centro da cidade de 19 a 30 de junho; além das sessões, haverá debate dia 22/6 com a vereadora e psicóloga Luana Alves e com a socióloga Vera da Silva Telles. E no dia 24/6 haverá uma oficina de canto com Roberto Moura.
Foto de eXílio, do Coletivo Comum - Crédito Fernando Reis
O espetáculo tem canções em vários idiomas, incluindo purepecha e tamazight, línguas do atual México e do norte da África, respectivamente, além de músicas brasileiras.
Para o Coletivo Comum, os deslocamentos forçados por guerras, perseguições, mudanças climáticas e violações de direitos humanos são um dos grandes temas do presente. A partir dessa reflexão, o grupo criou o espetáculo eXílio, que após temporada no Teatro Paulo Eiró, segue para o Galpão do Folias entre 19 e 30 de junho. As sessões acontecem de quinta a sábado às 20h30, domingo às 18h e na segunda-feira, dia 30, também às 20h30.
Junto às apresentações, o grupo realiza ações que ampliam os debates propostos. No dia 22 de junho, haverá um bate-papo com a vereadora Luana Alves e a socióloga Vera da Silva Telles. No dia 24, será oferecida uma oficina de canto com Roberto Moura.
Com base no teatro documental, o Coletivo estruturou 30 cenas curtas que abordam diferentes aspectos do exílio. O elenco é formado por Fernanda Azevedo, Maria Carolina Dressler, Ícaro Rodrigues, Renata Soul e Roberto Moura. Cada quadro trata de experiências ligadas à migração, ao refúgio e às rupturas territoriais e afetivas.
O título eXílio traz o X em destaque para marcar a ideia de conflito e encruzilhada. Segundo o diretor Fernando Kinas, o trabalho se conecta com contextos atuais como os conflitos na Palestina e na Ucrânia, além da ascensão da extrema direita no mundo. O grupo amplia a discussão ao incluir situações de exílio interno, como as vividas sob ditaduras e por quem não se sente representado pelo próprio país.
O espetáculo também trata do sentimento de não pertencimento. Pessoas LGBTQIAP+ e outras populações marginalizadas enfrentam formas de exclusão que as afastam de seus corpos, territórios ou comunidades. Esses atravessamentos fazem parte da investigação cênica do coletivo.
SOBRE A ENCENAÇÃO A dramaturgia se apoia em diversos materiais, como o livro Conversas de Refugiados, de Bertolt Brecht, traduzido e comentado por Tercio Redondo, professor da USP e consultor do projeto. Também foram usadas cartas de migrantes, notícias da imprensa e documentos oficiais.
Segundo o ACNUR, mais de 110 milhões de pessoas vivem atualmente fora de seus locais de origem, muitas sujeitas a violências como estupro, humilhação e discriminação.
O grupo se inspirou em personagens reais, como Moïse Kabagambe, imigrante congolês morto no Rio; a militante exilada Dorinha; e o crítico palestino Edward Said, que propôs o conceito de orientalismo.
A encenação aposta na proximidade com o público, utilizando um dispositivo circular com barreiras, que remete a campos de refugiados e deportação. “Chamamos de campo cênico, pois também é campo de memória e resistência”, afirma Beatriz Calló, assistente de direção.
A trilha sonora tem papel central. Renata Soul e Roberto Moura, que também assina a direção vocal, integram o elenco e executam músicas que dialogam com os temas da migração.
SINOPSE Atualmente, mais de 110 milhões de pessoas no mundo, segundo dados oficiais, foram obrigadas a se deslocar por causa de guerras, violações de direitos humanos, condições climáticas e perseguições de todo tipo (políticas, religiosas, étnicas, por orientação sexual). Elas estão sujeitas a violências anti-imigração, como estupro, discriminação, humilhação. Muitas perderam suas vidas. A experiência do exílio também pode ser vivida dentro do próprio país, como no caso das ditaduras e nos processos de desumanização. eXílio é um trabalho teatral, proposto pelo Coletivo Comum, que parte desta atualidade brutal, mas também da perspectiva de que as fronteiras são criações históricas e que, portanto, podem ser alteradas e suprimidas.
FICHA TÉCNICA Roteiro: Fernando Kinas, com a colaboração de Beatriz Calló e elenco Direção: Fernando Kinas Elenco: Fernanda Azevedo, Maria Carolina Dressler, Renata Soul, Ícaro Rodrigues e Roberto Moura Assistência direção: Beatriz Calló Cenografia: Julio Dojcsar Iluminação e operação de luz: Dedê Ferreira Assistência de iluminação e operação de luz: Márcio Gonçalves Figurino: Beatriz Calló, com a participação do Coletivo Comum e pessoas em condição de migração e refúgio Treinamento e direção vocais: Roberto Moura Pesquisa musical e trilha: Fernando Kinas, com a colaboração de Eduardo Contrera Assessoria dramatúrgica: Tercio Redondo (Bertolt Brecht e o exílio) Interlocução crítica: Clóvis Inocêncio (Berna), Beatriz Whitaker, Leneide Duarte-Plon, Dominique Durand e Cimade (Paris), Organon Art Cie (Marseille), Jean-Michel Dolivo (Lausanne), Rabii Houmazen (Marrocos e São Paulo), Museu da Imigração do Estado de São Paulo, Arro (Afeganistão e São Paulo), Padre Assis (Cabo Verde e São Paulo) Desenho e operação de som: Lienio Medeiros Programação visual: Casa 36|Camila Lisboa Fotografia: Fernando Reis Estágio e assistência de produção: Julia Molino Serralheiro: Fernando Lemos (Zito) Assessoria de Imprensa: Canal Aberto|Márcia Marques, Daniele Valério e Carol Zeferino Produção: Patricia Borin Realização: Coletivo Comum
SERVIÇO eXílio Classificação indicativa: 14 anos
GALPÃO DO FOLIAS Temporada: 19 a 30 de junho de 2025, de quinta a sábado, às 20h30, domingos, às 18h, e, segunda-feira (30/06), às 20h30 Endereço: R. Ana Cintra, 213 - Campos Elíseos, São Paulo - SP Ingresso: GRATUITO Sessão com intérprete de libras: 27 de junho
Debate após apresentação: 22 de junho. Convidadas: Luana Alves e Vera Telles.
Luana Alves é psicóloga, antirracista, anticapitalista, defensora do SUS e vereadora pelo PSOL.
Vera da Silva Telles é socióloga e professora livre-docente sênior do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo. No Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS-USP), vincula-se à linha de pesquisa "cidades, interações, desigualdades e (i)mobilidades socioespaciais". Coordena o grupo de pesquisa Cidade e trabalho.
RESERVAS: circulacaoexilio@gmail.com / IG: @coletivocomum
Oficina de canto com Roberto Moura Dia 24 de junho (terça-feira), das 14h às 18h Local: Coletivo Comum - Teatro das Urgências - Rua Conselheiro Carrão, 288, Bela Vista, São Paulo/SP GRATUITO Inscrições: circulacaoexilio@gmail.com / IG: @coletivocomum
Roberto Moura tem uma experiência de quatro décadas com técnicas vocais e de canto, particularmente com o estudo de realizações musicais consolidadas por longos processos de decantação cultural. Trabalhou em diversos países europeus, sobretudo na França, onde reside há 20 anos, e na África, especialmente Burkina Faso, onde realizou trabalhos e pesquisas.
Redes Sociais e site: www.coletivocomum.com.br Instagram @coletivocomum |
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