Em ação inédita, dissertação de mestrado será apresentada para banca da UniRio dentro Ilê Omolu Oxum, tradicional casa de candomblé da Baixada
Em ação inédita, dissertação de mestrado será apresentada para
banca da UniRio dentro Ilê Omolu Oxum, tradicional casa de
candomblé da Baixada
Após dois anos de pesquisas instituições religiosas de
matriz africana no Brasil, Marco
Antonio Teobaldo apresentará “Museologia de Terreiro –
Vivências no Museu
Memorial Iyá Davina”, sua dissertação de mestrado para a
UniRio, dentro do Ilê
Omolu Oxum, tradicional casa de candomblé localizada em São
João de Meriti,
Baixada Fluminense, no dia 17 de junho de 2025, às 10 horas.
Após a apresentação,
haverá a reinauguração da exposição de longa duração do
Museu Memorial Iyá
Davina.
Neste termocunhadopor ele, Museologia de Terreiro, Marco
Antonio
Teobaldopretende“contribuir para o reconhecimento dos
terreiros como espaços
museológicos legítimos”, e propõe “metodologias específicas
para a museologia de
terreiro e ampliar o conceito de museu para além dos modelos
eurocêntricos
convencionais”.
A dissertação apresenta um mapeamento inédito dos museus de
terreiros no
Brasil, catalogados por ele em dois anos de pesquisa. Ao
todo, foram 26 museus de
terreiros estudados, desde a primeira iniciativa, criada em
1982 por Mãe Stella de
Oxóssi, no Ilê Opô Afonjá, em Salvador, até a mais recente,
fundada neste ano no Ilê
Axé Ijexá Orixá Olufon, em Itabuna, Bahia. A Bahia tem 14
instituições museais, a
maior concentração no país, seguida pelo Rio de Janeiro, com
nove museus – entre
eles o Museu Memorial Iyá Davina,o primeiro a ser fundado no
estado, em 1997.
Alagoas, Pernambuco e Distrito Federal seguem juntos neste
mapeamento, com uma
iniciativa em cada localidade.
“Esta é a primeira vez na UniRio que um trabalho de mestrado
é apresentado e
defendido em um terreiro de candomblé”, afirma Mário Chagas,
orientador da tese, e
um dos criadores do Ibram (Instituto Brasileiro de Museus) e
do Programa Pontos de
Memória, e uma referência na museologia, principalmente nas
iniciativas que buscam
dar voz a populações antes excluídas pelo sistema
museológico. “Esta é uma forma
de entregar para a comunidade de terreiro o resultado da
pesquisa realizada a partir
dos conhecimentos ancestrais compartilhados pelos
verdadeiros detentores dos
saberes destes territórios sagrados”.
Marco Antonio Teobaldoexplica queesta pesquisa foi motivada
por Mãe
Meninazinha de Oxum, iyalorixá do Ilê, “a partir do encontro
entre dois universos
sagrados: o terreiro, como território ancestral de
preservação da memória africana no
Brasil, e o museu, como espaço de salvaguarda e comunicação
do patrimônio
cultural”. “Mais do que uma investigação acadêmica, este
trabalho representa uma
jornada de descobertas sobre como as religiões de matriz
africana criam suas próprias
formas de musealizar o sagrado”, diz.
Abrigada pelo Programa de Pós-graduação em Museologia e
Patrimônio da UniRio, a
tese de Marco Antonio Teobaldo terá como banca julgadora,
além de Mário Chagas,
os professores doutores Nilson Moraes, além do Ogã Ricardo
Freitas, da
Universidade do Estado da Bahia, e do Babalorixá
Márcio de Jagun, da Uerj.
PATRIMÔNIO CULTURAL
“O campo da museologia de terreiro está apenas começando a
ser explorado. Há
muito ainda a ser pesquisado sobre as formas próprias que as
comunidades de
terreiro desenvolvem para preservar e comunicar seu
patrimônio cultural”, afirma
Teobaldo.
“Os terreiros têm muito a ensinar à museologia convencional
sobre formas vivas e
dinâmicas de preservação da memória. É preciso que a
academia se abra para
aprender com estes territórios ancestrais de conhecimento. O
terreiro não precisa virar
museu. O terreiro já é museu”, assinala.
Teobaldo ressalta que sua pesquisa “não sugere que os
terreiros devam se
transformar em museus convencionais, mas reconhece que cada
casa de axé já
opera, em sua essência, como espaço de preservação,
transmissão e vivência
patrimonial”. “Cada terreiro é, simultaneamente, arquivo de
memórias ancestrais,
biblioteca de saberes orais, laboratório de práticas
culturais e território de acolhimento
comunitário. O que diferencia radicalmente a potência
museológica dos terreiros dos
modelos museológicos convencionais é justamente seu
compromisso ético
fundamental com o respeito, acolhimento e cuidado do outro”.
O pesquisador destaca que “a Museologia de Terreiro se
configura como uma
abordagem diferenciada que amplia as possibilidades da
prática museológica,
estabelecendo-se como um campo de conhecimento comprometido
com o
reconhecimento dos saberes tradicionais e a valorização das
cosmogonias afro-
brasileiras”. “Esta abordagem contribui para ampliar o campo
museológico e fortalece
o protagonismo das comunidades tradicionais de terreiro na
construção de suas
próprias narrativas patrimoniais”, diz. “Ao reconhecer os
terreiros como museus vivos
e territórios de memória ancestral, esta pesquisa busca
contribuir para a consolidação
de uma Museologia verdadeiramente decolonial, que honra a
diversidade cultural
brasileira e fortalece os laços entre passado, presente e
futuro nas práticas de
preservação do patrimônio afro-diaspórico”.
Serviço: “Museologia de Terreiro – Vivências no Museu
Memorial Iyá Davina”,
com Marco Antonio Teobaldo
Ilê Omolu Oxum, em São João de Meriti
17 de junho de 2025, às 10 horas
Rua General Olímpio da Fonseca, 380, São João de Meriti
Entrada gratuita
Telefone: 3456.7890
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