[DANÇA e TEATRO / ESTREIA] OKAN, do Grupo Xingó, inicia itinerância por São Paulo com dança e teatro de mulheres que evocam memórias diaspóricas
OKAN, do Grupo Xingó, inicia itinerância por São Paulo com dança e teatro de mulheres que evocam memórias diaspóricas
Com estreia no Teatro das Pretas — Centro Cultural Adebankê em 12 de junho, o espetáculo segue para o Teatro Arthur Azevedo (30/07 a 03/08) e depois para o Centro Cultural São Paulo – CCSP (07 a 10/08), com sessões gratuitas, vivências e exibição do filme "BOIÁ".
Fruto de seis anos de pesquisa, o espetáculo OKAN marca o início de uma itinerância por três espaços culturais de São Paulo, com estreia no próximo dia 12 de junho no Teatro das Pretas – Centro Cultural Adebankê, que celebra 13 anos de atuação na Zona Leste, no bairro de Arthur Alvim. Combinando dança, teatro e brinquedo popular, a montagem traz ao centro da cena memórias de resistência e deslocamento evocadas por seis mulheres, em dramaturgia construída a partir de relatos de lideranças comunitárias, ex-presas políticas e fundadoras de movimentos sociais.
A circulação é parte do projeto “OKAN em afluências não binárias – LAROYE EXU”, contemplado pela 37ª edição do Programa Municipal de Fomento à Dança para a cidade de São Paulo. A proposta prevê uma ocupação artística em três territórios culturais da capital, com exibições do filme "BOIÁ" seguidas das apresentações do espetáculo OKAN.
O enredo do espetáculo parte de uma premissa ficcional — a perseguição de três mulheres foragidas conhecidas como Boneca, Caveira e Viola — que compõem um mosaico poético e político entrelaçado a fragmentos de fala, danças e música. Em fluxo contínuo entre corpo e palavra, o espetáculo combina ritmos populares, narrativa fragmentada e elementos de rito.
Com trilha musicada ao vivo pelas intérpretes, OKAN integra sons, texturas e símbolos: couro, chapéus, caveira, varais de fotos, esqueleto. A figura de Exu emerge como presença simbólica e poética — entre o silêncio e o riso. “Pra onde a gente vai agora?”, pergunta uma das intérpretes ao final, antes de convidar o público para a dança.
O grupo é composto exclusivamente por mulheres e dissidências de gênero, que encenam movimentações coletivas, falas sussurradas e jogos que interagem no palco com estruturas cênicas móveis. A obra propõe uma experiência sensorial e política, onde cada detalhe reforça sua dimensão ancestral: os figurinos em couro foram produzidos por Mestre Romualdo, em Arcoverde (PE); as camisetas utilizadas pertencem à coleção da historiadora Astrogilda Pereira; e a rede de linho foi bordada à mão pela bisavó de uma das intérpretes.
As entrevistas que deram origem à dramaturgia — com 17 mulheres mais velhas — também geraram vídeos publicados no Canal Heréticas. Criado em 2007, o Grupo Xingó desenvolve trabalhos nas interseções entre teatro, dança e formas de expressão populares. Com mais de dez prêmios recebidos — entre eles Fomento à Dança, ProAC, Aldir Blanc e Maria Alice Vergueiro —, o coletivo já circulou por aldeias, ocupações, assentamentos e periferias, mobilizando práticas artísticas como gesto político e coletivo.
Sinopse
As suspeitas são três mulheres foragidas conhecidas pelo nome de Boneca, Caveira e Viola. Os proprietários já colocaram as milícias à procura”. Seis corpas em cena. São mulheres? É ela, ele, elu? Bandidas? Andam em bando. Carregam um esqueleto. Roupas de couro. Movem-se juntas, mesmo que não ao mesmo tempo. Camuflam-se. Aos poucos, escapam memórias de vida pelo caminho. Memórias embaralhadas de dezessete antigas: lideranças de comunidade, caciques, fundadoras de movimento, ex-presas políticas. O medo, a fome, a resistência. Água pra deixar o rio correr. OKAN! Quem viu, verá.
Serviço
Espetáculo: OKAN
Grupo: Grupo Xingó
Classificação indicativa: 12 anos
Duração: Filme: 17min | Espetáculo: 55min
Entrada gratuita (retirada de ingressos pelo Sympla)
Temporada 1 – Teatro das Pretas - Centro Cultural Adebankê
Rua Durandé, 175, Artur Alvim – São Paulo/SP
12, 13, 15, 19, 20, 21 e 22 de junho de 2025
Quinta a sábado, às 20h | Domingo, às 19h | Sessão extra 15/06, às 15h
Acessível em Libras nos dias 20 e 21/06
Temporada 2 – Teatro Arthur Azevedo (Estacionamento)
Av. Paes de Barros, 955, Alto da Mooca – São Paulo/SP
30, 31 de julho; 01, 02 e 03 de agosto de 2025
Quarta a domingo, às 20h
Acessível em Libras nos dias 01 e 02/08
Temporada 3 – Centro Cultural São Paulo (Porão)
Rua Vergueiro, 1000, Liberdade – São Paulo/SP
07 a 10 de agosto de 2025
Quinta a sábado, às 20h | Domingo, às 19h
Acessível em Libras nos dias 08 e 09/08
Ações formativas e bate-papos: Detalhes e inscrições via Instagram do Grupo Xingó: @grupoxingo
Ficha Técnica
Realização: Grupo Xingó e Tekoha
Atuadoras: Erika Moura, Siufi, Valquíria Rosa, Ana Flor de Carvalho, Carolina Gracindo, Maria Helena Menezes, Sylvia Sato (Libras)
Direção: Juliana Pardo
Co-direção: Thais Dias
Dramaturgia: Siufi
Direção musical: Valquíria Rosa
Figurino e ornamentos: Mestre Romualdo Freitas e Ateliê Xongani
Rede e bordados: Margarete Siufi e Maria Jacques Miranda
Camisetas: Acervo Astrogilda Pereira
Apoio de Produção: Legina Leandro e Chidi Portuguez
Arte e identidade visual: Mari Moura
Social Media: Duda Lopes
Produção Executiva: Duda Viana
Assessoria de Imprensa: Pedro Madeira e Rafael Ferro
Redes e contatos
Instagram: @grupoxingo
Site: xingo.art.br
YouTube: Grupo Xingó / Heréticas
E-mail: contatoemcontato@gmail.com
Produção: Thais Dias – (11) 95438-8425 | (11) 98083-3909
Mini-bio dos idealizadores
Grupo Xingó
O Grupo Xingó é um coletivo de dança e teatro sediado na Zona Leste de São Paulo, que atua há 17 anos com foco na criação artística a partir de práticas anticoloniais, saberes populares e pedagogias decoloniais. Desde sua origem, o grupo se dedica à experimentação cênica com base em metodologias próprias, em diálogo com territórios periféricos, assentamentos rurais, aldeias indígenas e ocupações urbanas.
Referência em formação artística popular e produção cultural autônoma, o Xingó desenvolve uma prática continuada de ensino, criação e circulação com ênfase na coletividade, ancestralidade e resistência. O grupo fundou a casa-sede Tekoha, onde promove cursos gratuitos e realiza projetos de formação e manutenção, como os festivais independentes FESTA XINGÓ e Curto Circuito, voltados à cultura em territórios invisibilizados.
A trajetória do coletivo é marcada por intercâmbios com mestres como Cristiane Paoli Quito, Tica Lemos, Tião Carvalho e grupos como Parlendas. Suas pesquisas atravessam o teatro de rua, o mamulengo, o bumba-meu-boi, o cangaço, as culturas afro-indígenas e as memórias de resistência feminina e LGBTQIAPN+. Com mais de 10 prêmios, entre eles Fomento à Dança, ProAC, Aldir Blanc, Maria Alice Vergueiro e Zé Renato, o Grupo Xingó reafirma a arte como gesto político em movimento.
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