(25/06) Mostra Mulheres no Cinema do Leste Europeu, no CineSesc , com a presença da premiada diretora Hanna Polak (e parte da pgm online)
Sesc São Paulo realiza a mostra
Mulheres no Cinema do Leste Europeu no CineSesc
Com presença da premiada cineasta polonesa Hanna Polak e a estreia nacional de um documentário sobre a Guerra da Ucrânia, a mostra apresenta 23 filmes dirigidos por 16 mulheres de 10 países, compondo um amplo panorama cultural, social e histórico do Leste Europeu a partir do olhar feminino.
Quando o relâmpago brilha sobre o mar (2025), de Eva Neymann, o cotidiano em Odessa diante da inquietação de um país em guerra.
De 25 de junho a 02 de julho, o Sesc São Paulo realiza no CineSesc a mostra Mulheres no Cinema do Leste Europeu. O evento reúne 23 filmes, entre clássicos e contemporâneos, dirigidos por 16 cineastas, de 10 países da Europa Oriental (Polônia, Ucrânia, Geórgia, Estônia, Rússia, Hungria, Bósnia e Herzegovina, Armênia e Romênia).
Com curadoria de Maria Vragova e Luiz Gustavo Carvalho, a programação traz filmes que refletem sobre a história da Europa do Leste na segunda metade do século XX, a partir do olhar de diretoras como Eva Neymann, Ildikó Enyedi, Jasmila Zbanic, Kira Muratova, Lana Gogo Beridze, Larisa Shepitko, Leida Laius, Maria Saakian, Margarita Barskaia, Márta Mészáros, Natália Meshanínova, Ruxandra Zenide, Věra Chytilová e Wanda Jakubowska. “Os filmes apresentam ao público brasileiro um olhar feminino e plural sobre a história desses países e evocam ainda temas como igualdade de gênero, adoção e orfandade, questões caras ao universo de cada mulher e que continuam sendo de grande relevância na nossa sociedade contemporânea”, afirma Maria Vragova.
Convidada internacional
A premiada cineasta polonesa Hanna Polak é a convidada especial da mostra e vem ao Brasil para apresentar às sessões dos filmes As crianças de Leningradski (2005), indicado ao Oscar de Melhor Curta-Metragem Documentário, que mostra a dura realidade de crianças vivendo em cantos escuros e dormindo nos bancos da estação Leningradski, no centro de Moscou, e Algo melhor por vir (2014), vencedor de 23 prêmios internacionais, incluindo Trieste, Art DocFest Moscou, Documenta Madrid e DocFest Munique, que acompanha o cotidiano de famílias que vivem na "Svalka", um imenso lixão nos arredores do Kremlin, sob o regime de Vladimir Putin.
A diretora ainda participa de uma conversa sobre as interseções entre o cinema de ficção e o documentário na produção cinematográfica feminina do Leste Europeu. “A obra de Hanna Polak, marcada por um olhar extremamente humanista que nos recorda a riqueza do cinema documental polonês, evoca temas que encontram paralelos também na realidade brasileira. Sua presença possibilita-nos também uma reflexão sobre a contribuição que o cinema pode ter em processos de transformação social”, observa Luiz Gustavo Carvalho.
Abertura
A sessão de abertura acontece no dia 25 de junho (quarta-feira), às 20h, com a exibição do filme Meu século XX (1989), da diretora húngara Ildikó Enyedi. O longa acompanha irmãs gêmeas separadas na infância, cujos caminhos se cruzam anos depois a bordo do Expresso do Oriente. Uma, tornou-se amante de um homem abastado; a outra, uma feminista anarquista. O filme traça uma narrativa alegórica sobre o papel da mulher na era moderna.
Clássicos e contemporâneos
A programação traz duas produções inéditas: Quando o relâmpago brilha sobre o mar (2025), da cineasta ucraniana Eva Neymann. Estreado no Festival de Berlim, o documentário transforma, por meio de cenas cotidianas, sonhos e memórias, a cidade portuária de Odessa em um território marcado pela resiliência humana em meio à Guerra da Ucrânia, e Um pequeno segredo noturno (2023), da diretora russa Natália Meshanínova que conduz o espectador aos limites da adolescência e da intimidade, explorando os abismos que podem se ocultar mesmo nas famílias que parecem inteiras.
A cineasta húngara Márta Mészáros, em atividade até os dias atuais com uma carreira que ultrapassa sete décadas e uma obra marcada pelo diálogo entre ficção e documentário, está na programação com 5 filmes que abordam histórias de mulheres em busca de realizações pessoais, muitas vezes lutando contra o patriarcado presente tanto dentro de casa quanto na própria sociedade. Sua celebrada obra de 1975, Adoção, ganhou o Urso de Ouro na Berlinale, atribuído pela primeira vez tanto a uma mulher quanto a uma pessoa húngara. Em Nove meses (1976), vencedor do prêmio Fipresci do Festival de Cannes, assistimos, pela primeira vez na história do cinema europeu, um parto verdadeiro sendo integrado a um filme. A programação inclui também sua trilogia autobiográfica composta por Diário para os meus filhos (1982), Diário para os meus amores (1987), Diário para meu pai e minha mãe (1990), que traça a jornada da jovem órfã Juli (álter ego da diretora húngara) durante o conturbado período de pós-guerra na Hungria. Por meio de filmagens de filmes, associações autobiográficas e registros audiovisuais históricos, Márta Mészáros traça aspectos de uma abordagem da história que corroboram sua relevância como diretora e cronista de seu tempo.
A curadoria do evento selecionou títulos que abrangem um período de 8 décadas da cinematografia de diversos países do Leste Europeu. Muitos deles refletem os períodos em que foram realizados, constituindo hoje documentos audiovisuais de grande relevância histórica. É o caso da cineasta Wanda Jakubowska diretora de A última etapa (1948), primeiro filme realizado dentro de um campo de concentração (Auschwitz), filmado em 1948. Tendo como base as experiências pessoais da própria cineasta, que passou anos de sua vida como prisioneira naquele local, é uma das primeiras iniciativas cinematográficas para descrever o Holocausto.
A programação apresenta também obras que contemplam o olhar feminino diante de determinados fatos históricos da região, marcada durante o século XX por conflitos armados e tensões políticas, através dos filmes: Asas (1966), de Larisa Shepitko, no enredo a vida cotidiana de uma ex-piloto de caças que sonha em voltar a voar, Em segredo, (2006) de Jasmila Zbanic, narra a trajetória uma mãe solteira de Sarajevo que criou a filha com uma história fantasiosa sobre o marido, até ser confrontada a contar à filha sobre a real identidade dele, e O farol (2006), de Maria Saakian, mostra uma jovem que regressa à sua cidade natal, no norte da Armênia, para tentar resgatar seus avós, mas percebe que essa não é uma saída em razão do conflito bélico que acaba de eclodir e aprende a conviver com a guerra.
Assista onde estiver
Para completar a imersão à produção cinematográfica do Leste Europeu e com o intuito de democratizar o acesso a filmes ainda pouco conhecidos do público brasileiro, a plataforma Sesc Digital integrará em sua programação três filmes que fazem parte da mostra: o clássico da Estônia, Um encontro roubado (1989), de Leida Laius, e dois documentários da cineasta polonesa Hanna Polak, As crianças de Leningradski (2005) e Algo está por vir (2014).
A Mostra Mulheres no Cinema do Leste Europeu é uma realização do Sesc São Paulo. Ao destacar a contribuição das cineastas do Leste Europeu, a mostra convida o público brasileiro a refletir sobre diferentes formas de viver, narrar e representar o mundo a partir de perspectivas femininas. Um encontro entre histórias, tempos e territórios que amplia o repertório cultural e fortalece o compromisso com a diversidade de vozes no cinema.
Serviço:
Mulheres no Cinema do Leste Europeu
De 25 de junho a 2 de julho
CineSesc
Rua Augusta, 2075 – São Paulo
R$ 10 (preço único)
Ingressos: sescsp.org.br/lesteeuropeu
Sesc Digital | Grátis
Disponível em: sescsp.org.br/lesteeuropeu ou no aplicativo Sesc Digital
Informações para a imprensa:
Assessoria CineSesc
Ana Cristina Pinho – ana.pinho@sescsp.org.br | imprensa.cinesesc@sescsp.org.
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Sinopses dos filmes
CineSesc
1. Sapatos rasgados (Rvanie bachmaki)
Dia 30 de junho, às 18h30
Direção: Margarita Barskaia
Drama. URSS. 1933. 85 min
Versão original em russo com legendas em português
Classificação: livre
Bubby, filho de um desempregado, alimenta toda a família com os centavos miseráveis que ganha vendendo o que encontra no lixo. Cada manhã, vai ao “trabalho” calçando os enormes sapatos rasgados de seu irmão mais velho, um estudante, até o dia em que se depara com as manifestações e tensões entre trabalhadores e patrões na cidade onde mora. Passado no início dos anos 1930, Sapatos rasgados narra a vida dos filhos de trabalhadores alemães nos anos que antecederam ao fascismo.
2. A última etapa (Ostatni etapa)
Dia 2 de julho às 14h30
Direção: Wanda Jakubowska.
Drama. Polônia. 1948. 90 min
Versão original em polonês com legendas em português
Classificação: 12 anos
A última etapa retrata as experiências da renomada diretora polonesa e sobrevivente do Holocausto no campo de concentração de Auschwitz, durante a Segunda Guerra Mundial. O filme foi um dos primeiros esforços cinematográficos realizados na tentativa de descrever o Holocausto e é considerado um dos principais registros audiovisuais sobre este sombrio capítulo da história do século XX.
3. Algo diferente (O něčem jiném)
Dia 26 de junho, às 15h
Direção: Věra Chytilová
Drama. Tchecoslováquia. 1963. 85 min
Versão original em tcheco com legendas em português
Classificação: 12 anos
Věra Chytilová escreveu e dirigiu esta história em duas partes: a primeira narra o treinamento rigoroso da campeã olímpica Eva Bosakova. A ginasta sonha com a aposentadoria, enquanto participa de um treinamento extenuante, desenvolvido apenas para atletas de primeira classe. A segunda parte retrata a história de uma dona de casa, ignorada e desprezada pelo marido. Combinando os gêneros do documentário e da ficção, o primeiro longa-metragem de Věra Chytilová foi vencedor do Grande Prêmio no Festival de Cinema de Mannheim.
4. Asas (Krilya)
Dia 1 de julho, às 14h30
Direção: Larisa Shepitko
Drama. URSS. 1966. 86 min
Versão original em russo com legendas em português
Classificação: 12 anos
A guerra terminou há muito tempo, porém, para Nadejda Petrukhina, uma ex-aviadora, apenas esses momentos possuíram um verdadeiro significado. Incapaz de reconstruir qualquer relação com a realidade ou com a própria filha, ela não consegue se adaptar à vida pacífica e comum. Seu desejo de voar não se apaga...
5. A despedida (Proschanie)
Dia 27 de junho, às 15h
Direção: Larisa Shepitko
Drama. URSS. 1981. 128 min
Versão original em russo com legendas em português
Classificação: 12 anos
Para construir uma nova estação hidrelétrica, a ilha de Matera deve ser inundada. Alguns habitantes, forçados a evacuar o vilarejo da ilha, preparam-se para deixar seus lares. Uma mãe liga para os filhos. Cada um, à sua maneira, se despede de seus lugares de origem... Baseado no romance Adeus a Matera, do escritor russo Valentin Rasputin, o filme ficou inacabado devido à morte abrupta da diretora, tendo sido finalizado por seu marido, o cineasta Elem Klimov.
6. Nove meses (Kilenc hónap)
Dia 27 de junho, às 17h30
Direção: Márta Mészáros
Drama. Hungria. 1976. 97 min
Versão original em húngaro com legendas em português
Classificação: 12 anos
No mesmo dia em que Juli se muda para a cidade grande, em busca de um emprego em uma fábrica, János a pede em casamento. A comunicação entre o casal, entretanto, mostra-se difícil desde o início. János não consegue aceitar em seu coração o desejo de Juli por independência. Através de imagens cruas, o filme retrata a determinação de Juli com todas as suas consequências: sozinha, ela decide ter o bebê. Nove meses foi vencedor do Prêmio Fipresci do Festival de Cannes, em 1977.
Sessão seguida de conversa sobre o cinema feito por mulheres no Leste Europeu e sobre os aspectos documentais e ficcionais na obra das cineastas apresentadas na mostra. Com a presença de Carla Maia, Maria Shellard, Hanna Polak e Maria Vragova. Mediação: Luiz Gustavo Carvalho.
7. Duas mulheres (Ők ketten)
Dia 27 de junho, às 20h30
Direção: Márta Mészáros
Drama. Hungria. 1977. 94 min
Versão original em húngaro com legendas em português
Classificação: 14 anos
Em busca de um lugar seguro para morar após ser perseguida pelo marido, um homem depressivo e violento, Juli se hospeda em um abrigo para mulheres administrado por Mari. Com sua sensibilidade característica, Márta Mészáros traça o vínculo protetor e complexo que se cria entre as duas mulheres, as quais, embora em fases diferentes da vida, lidam com as mesmas questões de liberdade e autonomia enquanto reconstroem seus caminhos pedregosos em direção à independência. Um olhar multifacetado sobre a solidariedade feminina.
8. Diário para os meus filhos (Napló gyermekeimnek)
Dia 26 de junho, às 20h
Direção: Márta Mészáros
Drama. Hungria. 1982. 107 min
Versão original em húngaro com legendas em português
Classificação: 12 anos
Diários devem auxiliar na construção de certa ordem na memória. Na Trilogia do diário, flashbacks se misturam a imagens de arquivo como símbolos não apenas de instabilidade, mas também da insegurança e desconfiança universais que ofuscam qualquer interação. Em 1947, a órfã Juli ainda é uma adolescente que busca reconciliar as peças do quebra-cabeça de sua memória com os eventos que se desenrolam ao seu redor. Rebelde e cautelosa, ela não se contenta com simples explicações. Diário para os meus filhos é o primeiro capítulo da trilogia autobiográfica de Márta Mészáros, na qual a diretora confronta seu passado no cenário dos anos pós-guerra para compartilhar uma visão pessoal da história.
9. Diário para os meus amores (Napló szerelmeimnek)
Dia 28 de junho, às 17h
Direção: Márta Mészáros
Drama. Hungria. 1987. 141 min
Versão original em húngaro com legendas em português
Classificação: 12 anos
“Para mim, o cinema é, ao mesmo tempo, sonho e realidade”, reflete Juli em um momento da segunda parte da Trilogia do diário. A jovem quer fazer documentários, mostrar a vida real das pessoas. Contudo, seu primeiro filme infelizmente não segue a linha do partido comunista húngaro. Diário para os meus amores gira em torno de reflexões sobre o que é realidade, verdade e “vida real”, sobre o que deve e o que pode existir. Filmagens de filmes, associações autobiográficas e ficção são pontos de referência alternativos para o universo criativo de Márta Mészáros, aspectos de uma abordagem que corroboram sua relevância como diretora e cronista de seu tempo. O filme ganhou o Urso de Prata na Berlinale, em 1987.
10. Diário para o meu pai e minha mãe (Napló apámnak, anyámnak)
Dia 29 de junho, às 17h30
Direção: Márta Mészáros
Drama. Hungria. 1990. 119 min
Versão original em húngaro com legendas em português
Classificação: 12 anos
Em outubro de 1956, uma revolta popular contra a repressão soviética está se formando em Budapeste — a estátua de Stalin é decapitada e, por um breve momento, um novo futuro parece possível. Juli retorna a Moscou, onde soube da reabilitação de seu pai, mas também de sua morte. Tomada pela raiva e pelo sofrimento, ela reencontra seu passado. Fotografias e gravações de filmes sombrios parecem-lhe uma ajuda para compreender a extensão da catástrofe em curso à sua volta. A última da Trilogia do diário transita habilmente entre história, ficção e autobiografia na busca pela verdade, demonstrando a possibilidade de uma abordagem perspectivista no registro da história.
11. Síndrome astênica (Astenícheski sindrom)
Dia 29 de junho, às 20h
Direção: Kira Muratova
Comédia/Drama. URSS. 1989. 153 min
Versão original em russo com subtítulos em português
Classificação: 14 anos
Após a morte do marido, Natacha agride as pessoas na rua e no hospital em que trabalha, até se consumir na loucura e na raiva. A agonia dura uma hora, mas as luzes do cinema se acendem, e todos percebem que tratava-se apenas de um filme. O diretor tenta iniciar uma discussão com a plateia, mas todos vão embora com a exceção de Nikolai, um deprimido professor de inglês que sofre de narcolepsia. Em Síndrome astênica, último filme soviético e primeiro filme pós-soviético, a diretora usa a síndrome médica que dá título ao filme como uma metáfora para retratar a sociedade soviética em seus últimos anos.
12. Sem amor (Bez miłośc)
Dia 28 de junho, às 20h
Direção: Barbara Sass
Drama. Polônia. 1980. 99 min
Versão original em polonês com legendas em português
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