Fernanda Montenegro se emociona em peça de Ítala Nandi

 Fernanda Montenegro se emociona em peça

de Ítala Nandi, no Rio de Janeiro
 

A grande dama do teatro brasileiro assistiu ao espetáculo “Paixão Viva”, no Teatro Poeirinha, e teve que segurar a emoção





 

De volta ao Brasil após férias em Portugal, Fernanda Montenegro não segurou a emoção na plateia de “Paixão Viva, no Teatro Poeirinha”. Com a voz embargada, a grande dama do teatro brasileiro declarou sua “saudade” do tempo em que conheceu Ítala. Amigas desde 1960, quando atuaram na montagem antológica de “O Beijo no Asfalto”, de Nelson Rodrigues, Fernanda Montenegro e Ítala se emocionaram em cena aberta. A atriz gaúcha relembra no solo com direção de Evaldo Mocarzel quando as duas se conheceram e conta um episódio importante da vida de Fernandona, quando ela se descobriu grávida do primeiro filho, Cláudio Torres, durante a temporada da peça de Nelson Rodrigues em Porto Alegre. Fernanda vinha tentando, na época, já há 10 anos engravidar. Quando foi buscar o resultado do exame, Ítala foi a primeira pessoa a receber a notícia.

 

“O espetáculo é uma participação cultural essencial, uma viagem existencial rica pela vida realizada de Ítala. Vi muitos de seus espetáculos. Ela lutou e ganhou muitas batalhas”, elogiou Fernanda ao final da sessão, abraçando a amiga.

 

O monólogo passa a limpo os 65 anos de carreira de Ítala Nandi, figura feminina central no desenvolvimento do do Teatro Oficina nos anos 1960. A atriz é responsável, historicamente, como a primeira a fazer uma cena de nu frontal no palco brasileiro - o que aconteceu em 1969, na peça “Na Selva das Cidades”. Ano passado, ela também tirou a roupa para protagonizar uma cena de suruba no longa “Clube das Mulheres de Negócios”, de Anna Muylaert.
 

Na peça, Ítala conta ainda por que Madeleine, sua personagem na primeira versão de “Pantanal”, na Rede Manchete, precisou ser morta. “Pedi ao Jayme Monjardim, porque meu roteiro para filmar ‘Índia, Caminho dos Deuses’ foi aprovado pelo governo indiano, e eu precisava fazê-lo antes do fim daquele ano. Acabei me tornando coautora da novela”, brinca Ítala, de 82 anos.
 

Juntas, Ítala e Fernandona, após a sessão, relembraram com o público que são de um tempo em que a profissão de ator era marginalizada e não regulamentada no Brasil. “Tínhamos carteira profissional como prostitutas. Até que Dulcina de Moraes conseguiu com o Getúlio Vargas que mudassem para comerciários, inicialmente”, contou Fernanda.
 

O espetáculo de Ítala segue em cartaz no Teatro Poeirinha em Botafogo, de quinta a sábado, às 20h, e, aos domingos, às 19h, até 29 de junho. A produção é da Dobbs Scarpa.


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