Kdeiraz, espetáculo infantil com
Natália Mendonça e Maurício Florez, faz temporada no Sesc Belenzinho
Uma peça de dança para todas as idades
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O espetáculo infantil, Kdeiraz com Natália Mendonça e Maurício Florez, inicia a temporada no Sesc Belenzinho a partir do dia 23 de fevereiro, aos sábados e domingos às 12h.
Kdeiraz adentra o universo infantil onde brinca com a coreografia da desprogramação esse objeto nos propõe. Entre o tempo regular e o fantástico, entre o ordinário e o extraordinário, a cadeira é protagonista nessa viagem e a grande propulsora de experimentações sem fim!
KdeiraZ é uma peça de dança para crianças de todas as idades. O espetáculo se debruça na experimentação de jogos cênicos com o intuito de problematizar o uso excessivo da cadeira no nosso cotidiano. Partindo do princípio de que queremos brincar com os motivos para não se sentar na cadeira”, buscamos a criação de um universo fictício onde as cadeiras não estão ali para serem sentadas. Em cena, os performers se deparam com cadeiras cotidianas e imediatamente se veem aborrecidos por sempre terem que realizar os mesmos movimentos: sentar e levantar. A tentativa de saída dessa situação tediosa faz com que a busca por uma relação extraordinária os conduza para um mundo onde as cadeiras propõem outros afetos e sentidos.
KDEIRAZ – uma peça de dança que usa a experimentação e criação de jogos cênicos e coreográficos com o intuito de problematizar o uso excessivo da cadeira no nosso cotidiano. O objetivo da pesquisa é investigar a desprogramação da monótona coreografa que a cadeira exerce sobre nós, descobrindo novas possibilidades e brincadeiras que o contato com a materialidade desse objeto pode nos provocar. O processo de criação tem início com uma pesquisa imagética, buscando referências de cadeiras ‘surreais’ ou ‘fantásticas’ e, a partir daí, imaginando qual o desenvolvimento coreográfico que cada cadeira sugere. Partindo do princípio de que queremos brincar com ‘os motivos para não se sentar na cadeira’, criamos, assim alguns pontos de partida e seus exemplos: 1 – inacessibilidade (cadeira que voa, cadeira muito alta), 2 – impossibilidade (cadeira de pioneses que espeta o rabo se sentar), 3 – não vontade (cadeira de frutas podres), 4 – tem alguma coisa mais legal para fazer (cadeira de comer, cadeira que monta e desmonta). Para além da pesquisa sobre cadeiras fantásticas, interessa também trazer para cena a cadeira comum. Afinal, é essa cadeira que temos em nossas casas, e não precisamos exclusivamente de objetos ostentosos para sermos lançados a novas experimentações. “Como cadeiras fantásticas podem ‘conversar’ com cadeiras cotidianas em cena?”, “Como animar essas cadeiras todas?”, “Como tornar essas cadeiras protagonistas e proponentes de jogos e movimentações?”, “Como nossos corpos descobrem as intensidades e interesses relacionados a cada tipo de cadeira?”. O trabalho de imaginação e criação cenográfica, assinada por Marine Sigaut, dialoga horizontalmente com o trabalho coreográfico. “A experiência primeira é a da imagem intensiva. Antes de a percepção se estabilizar, se fixar à distância e se impor, o mundo da primeira infância organiza-se em torno de vagas sensoriais num turbilhão, imprevisíveis” (1). Assim, buscamos a não premeditação coreográfica do que seria ‘interessante’ fazer com a cadeira antes mesmo dela existir. Por que não sonhar com cadeiras extraordinárias sem racionalizar, a priori, como esta relação se desenvolverá? Uma cadeira-aranha de 2 metros altura? Já experimentamos e descobrimos o que ela nos propõe. Uma cadeira perigosa que pendula pelo palco? Também já. E uma cadeira de rodinhas e controle remoto que passeia por aí? Ainda não. “Curiosamente, a experiência estética não corresponde a nenhum objeto ou signo visível; e não visa um sentido.” (2). Assim, esse é um processo importante que cada vez mais faz sentido para essa criação. Na criação coreográfica e performance estamos eu – Natália Mendonça – Josefa Pereira e Mauricio Flórez. Nos conhecemos em 2013, em São Paulo, quando fomos performers- -criadores de uma peça que tinha como primeira proposta as leituras da psicanálise sobre os contos de fadas. Desde esse encontro de profunda identificação, essas referências seguem permeando a pesquisa dos três. Para esse processo, retomamos os estudos sobre a fenomenologia de José Gil, a poesia de Manoel de Barros, Homo Ludens de Johan Huizinga e alguns autores e autoras que escrevem sobre pedagogia e as culturas da infância. Desde o início da criação – e é algo que voltamos a todo momento – nosso propósito nunca foi representar estereótipos infantis, mas nos envolver com a criação de jogos e brincadeiras em relação a esse ‘mundo das cadeiras’ aqui proposto. Brincar a sério! entendendo que “…palavra poética tem que chegar ao grau de brinquedo para ser séria”(3). Como coreografar brincadeiras e jogos cênicos? Por enquanto, encontrando ferramentas para que essa dramaturgia se conecte sem se tornar algo engessado. No momento, a linha dramatúrgica da peça segue um fluxo entre cotidiano–fantástico / ordinário–extraordinário. A cadeira comum parece ser um objeto tão chato – e cada vez mais chato ao passo que nos tornamos adultos – que relacionar-se com ela se torna algo controlador e aborrecido. Em cena, os performers se encontram incomodados com o fato de sempre ter de desempenhar os mesmos movimentos em relação à essa coisa. Senta levanta senta levanta. Até o momento em que percebem que a imaginação pode os conduzir a um universo onde seja possível – e permitido – se relacionar com as cadeiras de maneira diferente àquela aprendida até então. Aquela matéria pode virar montanha, ponte, bicho. Pode manipular o amigo ou ser manipulada por ele. Pode ser perigosa ou aconchegante. Pode ser “insentável” por ser muito alta ou ter movimentos próprios, mas também pode ser “sentável”, mas … para quê?, se podemos comê-la ou fazê-la voar. O professor de filosofia e educação Valter Omar Kohan escreve sobre Manoel de Barros e sua expressão ‘Memórias Inventadas’: “Memórias inventadas é um oxímoro. Isto significa que se trata de dois termos em contradição, um nega o outro. Expressões semelhantes seriam, por exemplo, “mar pequeno” ou “criança velha”. Em todos estes casos os dois termos parecem estar em contradição […]. Alguém poderia pensar que um oxímoro congela o pensamento. Mas acontece o contrário. É justamente nas contradições que podemos pensar, se é que pensar tem a ver com criar e não apenas com reproduzir o já pensado”. Assim sendo, gosto de pensar que cadeiras podem não estar ali só para serem sentadas. E descongelar o pensamento não deve fazer parte só da infância. E uma criança velha pode imaginar muitos outros mundos. E uma peça feita para crianças pode ser assim: idade indicativa – para crianças de todas as idades.
FICHA TÉCNICA:
Performance: Natália Mendonça e Maurício Florez
Pesquisa cenográfica: Marie Fages e Marine Sigaut
Criação cenográfica: Marie Fages
Criação de figurino: Marine Sigaut
Direção de som: Cigarra
Criação de som: Cigarra e Daniel Tauszig
Operação de som: Luisa Lemgruber
Criação de luz: Joana Mário
Produção BR: Rafael Petri (Movicena Produções)
Produção PT: Hannya Melo
Gestão Financeira: Trypas Corassão - Associação Cultural (PT) e MoviCena Produções (BR)
Concepção: Dani Barra e Natália Mendonça
Coprodução: Materiais Diversos
Parceiro: Institucional República Portuguesa - Cultura | Fundo de Fomento Cultural
Serviço
Espetáculo: Kdeiraz
Com: Natália Mendonça e Maurício Florez
De 8 a 16 de março. Sábados e domingos, às 16h.
Ingressos: R$ 40,00 (inteira); R$ 20,00 (meia-entrada); R$ 12,00 (Credencial Plena); Crianças até 12 anos não pagam ingresso.
Vendas no portal sescsp.org.br e nas bilheterias das unidades Sesc.
Local: Sala de Espetáculos I (130 lugares). Duração: 60 min. Classificação: Livre.
SESC BELENZINHO
Endereço: Rua Padre Adelino, 1000.
Belenzinho – São Paulo (SP)
Telefone: (11) 2076-9700
Estacionamento
De terça a sábado, das 9h às 21h. Domingos e feriados, das 9h às 18h.
Valores: Credenciados plenos do Sesc: R$ 8,00 a primeira hora e R$ 3,00 por hora adicional. Não credenciados no Sesc: R$ 17,00 a primeira hora e R$ 4,00 por hora adicional.
Transporte Público
Metro Belém (550m) | Estação Tatuapé (1400m)
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