Festa das Águas chega à sexta edição celebrando Iemanjá na Praça dos Orixás

 Festa das Águas chega à sexta edição celebrando Iemanjá na Praça dos Orixás

O encontro será nos dias 1 e 2 de fevereiro, com programação repleta de atrações e atividades voltadas para a preservação das culturas afro-brasileiras 



Nos dias 1 e 2 de fevereiro, a Festa das Águas vai comandar as celebrações na capital em homenagem a Iemanjá, na data em que a orixá é celebrada em todo o país. Prestando honrarias às águas do Lago Paranoá, a festividade também celebra Oxum. O evento – que ocorre na Praça dos Orixás – tem produção e programação compostas majoritariamente por mulheres, reforçando a centralidade do feminino na arte, na organização e na preservação das tradições. A realização é do Instituto Rosa dos Ventos. 

Em sua sexta edição, a festa já faz parte do calendário de eventos culturais anuais do Distrito Federal, com muita música, artesanato, culinária e fé. Os trabalhos são abertos às 16h do sábado (01.01), com as Feiras de Artesanato Tradicional e de  Gastronomia Afro, convidando o público a um mergulho nos sabores e saberes das tradições afro-brasileiras.

No mesmo horário, sob a condução de Mãe Vilcilene Ty Jagun, o Espaço Erê recebe a vivência Sabedoria dos Contos Africanos e Ameríndios | Contação de Histórias para Crianças, em que a ialorixá valoriza a oralidade, a ancestralidade e a força da comunidade feminina na preservação das memórias culturais.

Para a sacerdotisa, o Espaço Erê é a concretização de um sonho de valorização das culturas ancestrais e primárias no desenvolvimento psicossocial e pedagógico das crianças. “O Erê é a entidade infantil existente em cada ser humano, a mola que impulsiona a transformação dos problemas e dificuldades da vida em algo mais brando, mais ameno. A criação do Espaço Erê na Festa das Águas é uma novidade do Instituto Rosas dos Ventos para ressignificar a unidade familiar pelos elos das culturas-mães africana e ameríndia” assinala Mãe Vilcilene. 

Ainda às 16h, o Entardecer dos Ojás proporciona um momento simbólico de conexão com o sagrado. As árvores da Praça dos Orixás são adornadas com ojás brancos, reafirmando a resistência e a força das tradições afro-brasileiras. O banho de cheiro e a defumação criam um ambiente de renovação e celebração, reforçando a importância desse ritual tradicional iniciado em Planaltina, em 2015.



Música 

A programação musical do sábado à noite será iniciada pelas Sambadeiras de Bimba Filhas de Biloca (DF), trazendo o gingado ancestral para a praça. A noite segue com Banda Patacori (DF). Em seguida, o Encontro de Baque Virado com os grupos Zenga Baque Angola (DF)Maracatu do Boiadeiro Boi Brilhante (DF)Baque Dandalunda (DF)Tambores do Amanhecer (DF)Baque Mulher (DF) e Baque do Verde (DF). Encerrando a noite,  Samba da Tia Zélia (DF) e Letícia Fialho (DF). E as pickups ficam por conta de DJ Onli (DF), nos intervalos.  

No domingo, 02/02, as feiras e espaços seguem com os mesmos horários anteriores. A programação também começa às 16h, com o Toque Sagrado para Iemanjá e Oxum, conduzido pelo Coletivo das Yás do DF e Entorno, momento que conecta as comunidades de Candomblé e Umbanda às energias das águas e à força feminina representada pelas divindades afro-brasileiras homenageadas pelo evento. 

À noite brilham no palco Fernanda Jacob (DF) e Ane Êoketu (DF). O público candango também terá Orquestra Alada Trovão da Mata (DF) e 7naRoda (DF) com Mariana Aydar (SP). As pistas são conduzidas pela DJ Flávia Aguiar (DF) durante os intervalos. 

“Eu e a Ane estamos preparando um repertório para saudar o Oxum e a Iemanjá e também trazer um repertório voltado para as mulheres no samba, trazendo Clara Nunes, Dona Ivone Lara, Clementina de Jesus, figuras tão importantes na música brasileira, como intérpretes, como compositoras”, antecipa Fernanda Jacob. 

“Queremos celebrar nossas yabás com um repertório que reflete nossa trajetória juntas no samba e nossa conexão com o encantado. O público pode esperar releituras de sambas, pitadinhas de axé e músicas de terreiro, todas pautadas em nossa história, fé e crença”, complementa Ane Êoketu. 

Cultura e resistência 

A Praça dos Orixás e a Festa de Iemanjá são inscritas nos patrimônios material e imaterial do Distrito Federal. Esses dois bens são símbolos de memória, luta e preservação das culturas afro-brasileiras e representam o encontro das tradições ancestrais com a contemporaneidade, conectando gerações e comunidades ao que há de mais profundo no sagrado.


“Mais do que um local de celebração, a Praça dos Orixás é um marco de resistência cultural e territorial, onde a história e as práticas tradicionais ecoam como uma memória viva da ancestralidade”, destaca Stéffanie Oliveira, presidente do Instituto Rosa dos Ventos, realizador da Festa das Águas, no marco do Circuito Candango de Culturas Populares, com fomento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa e do Governo do Distrito Federal.


Campanhas 


  Promovida pelo Instituto Rosa dos Ventos em parceria com o Coletivo das Yás do DF e Entorno, a campanha Cuide do Lago Paranoá e Receba as Bênçãos de Iemanjá reforça a importância do cuidado com o Lago Paranoá, elemento central e sagrado da Festa das Águas. 


A iniciativa integra ações culturais e ambientais, incentivando a reflexão sobre a preservação do meio ambiente. O público do evento é orientado a oferecer às águas presentes biodegradáveis, como flores, frutas, comidas e fibras vegetais, substituindo materiais poluentes por opções que respeitem e celebrem a natureza.


Já o Espaço Por Todas Elas | Não é Não é comandado pela Mãe Jussara de Oyá. O espaço promove ações voltadas à prevenção e resposta imediata a situações de assédio, violência ou importunação contra mulheres em espaços de convivência e celebração. Além disso, a iniciativa reforça os valores do Protocolo Por Todas Elas, regulamentado no Distrito Federal pela Lei nº 7.241/2023, consolidando a Festa das Águas como um território de celebração segura e acolhedora para todas. “Em nossos terreiros, existe  a escuta ativa, os cuidados espirituais, a responsabilidade social e o acolhimento. Honrar o sagrado feminino é cultuar a mulher e sua sabedoria ancestral”, explica a ialorixá. 



Serviço 


O quê: Festa das Águas 

Onde: Praça dos Orixás, Setor de Clubes Esportivos Sul Trecho 2  

Quando: 1º e 2 de fevereiro, às 16h

Quanto: gratuito 

Classificação indicativa: livre para todas as idades 


Programação:

Sábado | 1 de fevereiro

Domingo | 2 de fevereiro



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