Ilessi lança seu sexto álbum, “Atlântico Negro”, pela Gravadora Rocinante
Cantora, compositora e pesquisadora musical, Ilessi reverencia sua ancestralidade e explora a liberdade sonora em novo disco
No próximo dia 20 de novembro, a carioca Ilessi convida o público a mergulhar nas profundezas do seu novo disco, “Atlântico Negro”, uma obra que transcende fronteiras e entrelaça fios invisíveis de uma ancestralidade negra viva e pulsante. Fugindo de estereótipos e de moldes estéticos, a artista propõe um álbum que evoca histórias, vivências e mistérios que conectam passado e presente. Com o selo da gravadora Rocinante, “Atlântico Negro” é uma jornada de liberdade de ser e de fazer música
Com título inspirado na obra de Paul Gilroy, “Atlântico Negro” é um chamado, um canto de muitas vozes. Inicialmente planejado como um tributo a compositores negros brasileiros, o álbum se transformou ao longo dos ensaios. Com o incentivo de Marcelo Galter e Sylvio Fraga, que assinam a direção artística ao lado da cantora, Ilessi adicionou suas próprias composições ao repertório. “Senti que os compositores que queria reverenciar já estavam na minha música. Achei uma forma mais potente de homenageá-los”, conta ela.
O processo de criação foi profundo e espiritual. “Navio Negreiro”, de Luizinho do Jêje, Nem Cardoso e Peu Meurray, abre o disco e anuncia "Um barco cheio de Xangô" chegando à Bahia. “Cativeiro de Iaiá/Evém o Nego Paturi” mergulha na tradição do Nego Fugido, explorando raízes percussivas que transformaram a faixa em um transe catártico. Já em “Nonada”, a chuva torrencial que vazou na captação ao vivo se torna parte da faixa, e “Seca Tatu” apresenta uma gira sem fim. O disco conta ainda com faixas de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, Marcelo Galter, Sylvio Fraga e Thiago Amud, além de parcerias de Ilessi com Iara Rennó e Daniel Medina.
O álbum é uma travessia polirrítmica, uma imersão em improvisação e sentimento. Como diz Ilessi na contracapa do disco: “Música negra, como nos ensina Amiri Baraka, é mais do que a música feita pelos negros, mas a música que tem em sua essência a liberdade da improvisação. Improvisação de ser, estar e agir no mundo, que nós negros, há séculos submetidos a tanta opressão, apropriação, invisibilidade, desigualdade e racismo, sabemos bem o que é”.
“Atlântico Negro” é uma obra coletiva, construída também pela sensibilidade de Marcelo Galter, Ldson Galter e Reinaldo Boaventura, e pela visão de Sylvio Fraga. “Marcelo é um dos músicos mais geniais que já conheci. Ledinho traz um baixo percussivo que explora os silêncios de forma brilhante, enquanto Rei tem uma percussão de mil vozes. O encontro não tinha como não ser especial. Risco e improviso no mais alto grau. Orgulho imenso de fazer esse disco com eles”, afirma Ilessi.
Assim como o mar, Ilessi está sempre em movimento. “Minha música vem do que me move e isso está eternamente em transformação”, diz ela, que manifesta expandir seu público no Brasil e internacionalmente através de “Atlântico Negro”. O disco estará disponível em 20 de novembro em rocinantetresselos.com.
TRACKLIST
LADO A
Navio Negreiro (2:45) (Luizinho do Jêje / Nem Cardoso / Peu Meurray)
Trastevere (Milton Nascimento / Ronaldo Bastos) (01:09) | Cobra Coral (Marcelo Galter) (4:44)
Ávida (Ilessi / Iara Rennó) (3:27)
Nonada (Ilessi / Daniel Medina) (3:47)
Oxum (Ora ie ie ie) | Oxum (Oxum bai le ô) (4:14) (Luizinho do Jêje)
LADO B
Cativeiro de Iaiá | Evém o Nego Paturi (5:09) (Trad: Nego Fugido - Acupe / Santo Amaro da Purificação - adapt. Marcelo Galter)
Omulu (5:08) (Ilessi)
Seca Tatu (4:42) (Ilessi) para Marcelo Galter
Um baobá e eu (5:55) (Sylvio Fraga / Marcelo Galter / Thiago Amud)
FICHA TÉCNICA
Direção artística: Ilessi, Marcelo Galter e Sylvio Fraga
Direção musical e arranjos: Marcelo Galter
Produção musical: Marcelo Galter e Sylvio Fraga
Gravação: Pepê Monnerat, Arthur Damásio e Flávio Marcos Batata no Estúdio Rocinante
Mistura: Pepê Monnerat no Estúdio Rocinante
Masterização: Eric Boulanger no The Bakery
Coordenação artística: Jhê
Coordenação técnica: Flávio Marcos Batata
Projeto gráfico: Julio Dui
Fotografia: João Atala
Direção de produção: Geraldinho Magalhães
Produção executiva: Alessandra Ramalho, Luanda Morena e Raquel Cardoso
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