Acessibilidade! Oficinas de Libras para produtores culturais do DF aproxima ouvintes de surdos no meio artístico
Oficinas de Libras para produtores culturais do DF aproxima ouvintes de surdos no meio artístico
Os encontros serão ao longo do mês de novembro e comandados por Nega Ju, intérprete cultural atuante em Brasília
Poder ir a espetáculos teatrais e musicais, cinema, exposições de arte e outras atividades de lazer é uma maneira de proporcionar bem-estar para a população. Mas como estaria o acesso a esse direito básico para as pessoas surdas? É pensando nessa população que o projeto Libras em Cena vai ofertar oficinas de Língua Brasileira de Sinais (Libras) para produtores culturais do Distrito Federal, às terças e quintas-feiras, entre 5 e 26 de novembro.
O objetivo é facilitar para produtores culturais a aquisição de uma comunicação básica com a comunidade surda, promovendo mais inclusão e acessibilidade. Durante o curso, será disponibilizado material didático para acompanhamento das aulas, incluindo exercícios de fixação e a construção de materiais específicos.
Os encontros serão no Backstage Dance Center, na 506 Sul, das 10h às 12h, e comandados por Ana Júlia, conhecida como Nega Ju, intérprete cultural atuante em Brasília, especialmente na região de Ceilândia, onde colabora com o projeto Jovem de Expressão. As inscrições são gratuitas e devem ser feitas por meio do formulário eletrônico.
Vivência
Mulher negra e filha de mãe surda, Nega Ju desenvolveu desde cedo uma conexão profunda com a Língua Brasileira de Sinais (Libras), que considera sua língua materna. Sua experiência como CODA (Child of Deaf Adults) – termo que designa filhos ouvintes de pais surdos – enriquece sua atuação profissional e pessoal.
A intérprete, por ser uma ouvinte integrante da comunidade surda, propõe-se a criar pontes entre as comunidades, fazendo com que essa convivência seja mais fluida, e destaca a importância da prática por meio da convivência com as pessoas com deficiência auditiva. “Estamos em um momento que a acessibilidade está deixando de ser apenas prestação de contas para algo efetivo. É importante criarmos essas pontes”, assinala Nega Ju.
Em seu trabalho, a intérprete busca compartilhar a vivência de ser filha de mãe surda, promovendo a inclusão e valorização da cultura surda. Ela participa ativamente de diversos festivais em Brasília, levando sua perspectiva única e contribuindo para a disseminação da Libras e da cultura surda.
Amarildo João, professor surdo do Instituto de Letras (IL) da Universidade de Brasília (UnB) e da residência artística do projeto Libras em Cena, diz que tem o sonho de tornar a arte cada vez mais acessível, para que todas as pessoas possam usufruir desse direito básico ou atuar de forma profissional no meio artístico.
“É preciso capacitação das pessoas em Libras e na cultura surda, a fim de aproximar o mundo ouvinte do mundo surdo. Também é preciso que se contrate ou que haja concursos para profissionais fluentes em Libras, como tradutores e intérpretes, professores, advogados, médicos, secretários, recepcionistas, porteiros, entre outros”, reforça o docente.
Segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 5% da população é surda, representando 10 milhões de pessoas no Brasil.
Serviço
O quê: Oficinas de Libras para produtores culturais – Libras em Cena
Quando: Terças e quintas-feiras, entre 5 e 26 de novembro
Onde: Backstage Dance Center, 21, SHCS CRS 506 - Asa Sul, Brasília - DF, 70350-550
Preço: gratuito
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