Desafios da conectividade no Brasil

 DESAFIOS DA CONECTIVIDADE NO BRASIL

Danilo Costa - Diretor Executivo do AfroReggae


A expansão da conectividade no Brasil revela avanços, mas também expõe disparidades que refletem as desigualdades estruturais do país.





A recente publicação do estudo sobre Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), integrado à Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua do IBGE, demonstrou que o Brasil tem passado por uma transformação digital significativa nos últimos anos, com cerca de 9 a cada 10 brasileiros acessando a internet. Com 88% da população de 10 anos ou mais conectada, o acesso à internet está amplamente disseminado pelo país. No entanto, as desigualdades econômicas e sociais que marcam nossa sociedade ainda se refletem na qualidade desse acesso.



Embora a conectividade tenha alcançado a maioria dos brasileiros, a forma e a qualidade desse acesso variam de maneira preocupante. Estudantes da rede privada, por exemplo, acessam computadores com internet em uma proporção muito maior (72,1%) em comparação com estudantes da rede pública (29,9%). Esse dado reflete uma desigualdade que ainda impede uma verdadeira inclusão digital.



Outro desafio em destaque é a implementação do 5G no Brasil. Mais do que uma simples atualização tecnológica, o 5G promete revolucionar setores inteiros da economia, desde a saúde até a agricultura. Embora o 5G já esteja ativo em 589 cidades após dois anos de implementação, a previsão é que sua cobertura plena em todos os municípios só seja alcançada até 2029. Esse cronograma prolongado pode ampliar ainda mais as desigualdades, especialmente em áreas menos favorecidas


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Nesse contexto, iniciativas como o projeto Antenar, do AfroReggae, são essenciais. O projeto promove o acesso à conectividade de alta velocidade em favelas e áreas densamente ocupadas, desempenhando um papel crucial na redução das desigualdades territoriais e proporcionando oportunidades reais de desenvolvimento e inclusão digital.



Além de expandir a conectividade, é igualmente importante prestar atenção ao conteúdo consumido nessa rede. A pesquisa revela que mais de 87% dos usuários utilizam a internet para assistir a vídeos, como programas, séries e filmes, seguidos pelo uso de redes sociais (83,5%) e pelo consumo de música, rádio ou podcasts (82,4%). Contudo, há uma tendência preocupante: o consumo de jornais, livros e revistas online está em queda. Essa redução no acesso a fontes de informações essenciais e seguras é alarmante para o desenvolvimento cultural e intelectual do país, sinalizando um desafio urgente em relação à formação crítica da sociedade.



Adicionalmente, é fundamental que o conteúdo disponível na internet seja inclusivo, diverso e representativo, garantindo que todas as vozes e perspectivas tenham espaço na era digital. Isso é particularmente relevante para assegurar que a digitalização contribua para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

O AfroReggae, ao apostar na produção digital, busca antecipar um cenário em que o conteúdo online se torna cada vez mais central na vida cotidiana. A organização começou com ações de inclusão digital e a inserção das favelas nos mapas digitais, que até então eram áreas cinzentas. Recentemente, iniciativas como o AfroGames e a Crespo Music têm fortalecido essa abordagem, promovendo a diversificação dos respectivos setores criativos e oferecendo novas oportunidades para as comunidades vulnerabilizadas.

Com isso, estamos não apenas contribuindo para a ampliação do acesso à internet, mas também nos dedicando à criação de conteúdo relevante e à formação de cidadãos preparados para utilizar esses recursos de forma consciente, contribuindo assim para que o Brasil avance em direção a uma sociedade mais bem formada, informada, equitativa e inclusiva.

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