A participação social é também um pedido latente. Os pedidos feitos no âmbito da 4ª Conferência Nacional de Cultura (4ª CNC), foram reiterados durante as escutas regionais: mais cadeiras para pessoas com deficiência, representantes da comunidade LGBTQIAPN+, culturas afro-brasileiras e quilombolas além de mais espaço para profissionais técnicos da cultura, os chamados trabalhadores da graxa.
O secretário de Economia Criativa e Fomento Cultural (Sefic), Henilton Menezes, é integrante da Câmara Temática do CNPC, responsável pela reestruturação do colegiado e acompanhou todas as reuniões:
“O diálogo com os representantes dos Conselhos de Cultura, em todas regiões brasileiras, mostra o caráter democrático do debate e promove o conhecimento de experiências exitosas na formação das representações e dos modelos de funcionamento dos colegiados, além ressaltar para a Câmara Temática as demandas de sociedade para a reformulação do Conselho Nacional”, avaliou o secretário.
Setoriais
Entre os setoriais, diversos segmentos foram lembrados. Integrante do Conselho Estadual de Cultura do Paraná, Thayse de Sousa destacou a importância do circo tradicional ter uma representação robusta no CNPC. Já no encontro da região Sudeste, Paloma Botelho, representante do setorial de moda de São Paulo, pleiteou uma cadeira para o setor no colegiado nacional. Marilena Lima, do Conselho Estadual de Política Cultural do Ceará, destacou a necessidade de mais representantes do audiovisual fora do eixo Rio-São Paulo, para haver uma paridade regional na nova estrutura.
No encontro da região Norte, foi debatida a necessidade da criação de um setorial gospel. A conselheira estadual de cultura do Pará, Leila Trindade, levantou a questão, afirmando que a cultura gospel surge nas periferias e está amplamente presente na sociedade. Para ela, ao definir os setoriais e a quantidade de cadeiras para cada segmento, é preciso levar em conta dados estatísticos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para representar a população de maneira proporcional.
A paridade de representação por raça e etnia foi o assunto debatido na escuta da região Centro-Oeste. Integrante do Conselho Estadual de Cultura do Mato Grosso, Josiane Magalhães propôs ampliar a representatividade das etnias indígenas e povos quilombolas no CNPC, e também levar em consideração os biomas e comunidades tradicionais que vivem em cada um deles, nas diferentes regiões, fomentando a cultura local.
O coordenador-geral do CNPC no MinC, Daniel Samam, garante que todas as considerações serão levadas em conta e que a Câmara Temática responsável pela reformulação do Conselho está atenta a todas as demandas.
“Os conselheiros e conselheiras, junto conosco da coordenação, vimos e acolhemos a diversidade e a riqueza das contribuições dadas durante as escutas, que serão cuidadosamente consideradas e servirão de subsídios à reestruturação e reformulação do CNPC. Nosso objetivo é que o novo modelo fortaleça o colegiado, amplie nossas ações e que seja um ambiente onde todos os segmentos se sintam representados”, declarou.
O coordenador da Câmara Temática pela sociedade civil, Thaynã Paes, lembra que o diálogo com os conselhos estaduais continua aberto.
“A gente acredita ter dado um passo importante no sentido da articulação. Inclusive, a gente segue com o grupo de WhatsApp que foi criado para as reuniões, que é um espaço também para dar seguimento nessa articulação. A Câmara Temática continua com uma série de outras atividades, uma agenda bem cheia para cumprir o objetivo que é fazer o conselho que queremos, que precisamos e que corresponda à diversidade e à riqueza, que é a cultura do povo brasileiro”, informou.
Histórico
Em funcionamento desde 1992, o Conselho Nacional de Política Cultural teve suas atribuições reduzidas em 2019. Um decreto presidencial esvaziou o CNPC, retirando o caráter deliberativo do Conselho e extinguindo os 18 colegiados setoriais, que eram compostos por representantes selecionados em edital público, além dos grupos de trabalho.
Assim que o colegiado foi restabelecido, em abril de 2023, os atuais conselheiros do CNPC decidiram, na reunião de posse, pela reestruturação do Conselho. Após as intensas demandas durante a 4ª CNC, foi publicada a portaria nº 181 de 12 abril de 2024, que criou a Câmara Temática com prazo de um ano para apresentação e aprovação de um relatório final, contendo os resultados dos estudos produzidos e a recomendação de nova modelagem para o Conselho.
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