[TEATRO/Gratuito] Reestreia de "Conforto" traz de volta performance da atriz Ana Flavia Cavalcanti, para quatro sessões gratuitas no Itaú Cultural - Entre os dias 7 e 10 de ma

 

Espetáculo "Conforto", da atriz e performer Ana Flavia Cavalcanti, leva busca por aconchego ao centro da cena

Em reestreia gratuita, o monólogo volta em quatro sessões, de 7 a 10 de março, no teatro do Itaú Cultural, na Av. Paulista 



 

(Foto do Jorge Bispo)

 
Reestreia do espetáculo "Conforto" traz de volta a performance da atriz Ana Flavia Cavalcanti, para quatro sessões gratuitas no teatro do Itaú Cultural da Av. Paulista. 

Após 15 anos de carreira, a atriz retorna ao palco entre os dias de março, às 20h; e no domingo, dia 10, às 19h; para reviver sua trajetória profissional - e de vida - pregressa: antes de se tornar atriz, Ana foi babá e acompanhava a mãe diarista nas casas de família onde trabalhava. 

A peça costura memórias de quando Ana Flavia acompanhava sua mãe, a diarista Val Cavalcanti, em uma performance com participação especial da deputada do PSOL, Ediane Maria, cuja ocupação anterior à atuação política foi de empregada doméstica, por 13 anos.  Ao fazer alusão a um amaciante de roupas durante a peça, a autora lança mão de referências da cultura popular logo de saída. Depois, com um borrifador de perfume em punho e vestida de paquita, a atriz inicia, em “Conforto”, um novo capítulo de sua trajetória.


(Foto de Hanna Vadasz)


“Conforto” para Ana Flavia Cavalcanti
“Enquanto criava o espetáculo Conforto eu me perguntei diversas vezes: Ana Flávia você conhece o conforto? 
Você merece o conforto? Qual foi o maior conforto que você já se deu, se permitiu?

Essas são questões que me atravessam nos dias atuais.

Me parece que o conforto é ao mesmo tempo uma coisa palpável, real e também um estado emocional, um sentimento. 

O conforto está relacionado ao poder aquisitivo e as garantias dos direitos trabalhistas como remuneração ajustada ao 

valor real da moeda corrente, acesso à saúde, a lazer, cultura, mobilidades e também as subjetividades do indivíduo. 

O que é valioso para cada um. Acho que o equilíbrio dessas ilhas de conforto nos geram prazer e bem estar. 


E é isso que eu quero pra mim e para meu povo. 


Concretamente o maior conforto que me ofereci foi minha casa própria nos algodões.  

E pra terminar eu queria contar uma história que está no espetáculo. Eu plantei um pé de algodão em casa, ele nasceu, floriu e deu frutos. 

Fiz minha própria colheita de algodão e os carrego comigo. A gente colhe o que planta. 

Eu sinto conforto quando eu toco esse algodão, eu plantei ele, eu colhi ele, eu separei o algodão da semente, 

ele é macio, parece uma nuvem. Bem comfort.”, relata a atriz




Sob olhar crítico, o trabalho doméstico vai ao centro da cena artística
Além das memórias trazidas da primeira infância, Ana Flavia apresenta em “Conforto” uma crítica contundente à fome 
que assolou o país nos anos noventa e que persiste até os dias de hoje.


De acordo com o CFN - Conselho Federal dos Nutricionista cerca de 70,3 milhões de brasileiros enfrentam 

algum grau de insegurança alimentar, caracterizada como moderada ou severa. Esse número indica que uma parcela significativa 

da população não possui acesso adequado à alimentação necessária para uma vida saudável e digna.  


(Foto de Hanna Vadasz)


Para discutir segurança alimentar, a artista foi buscar inspiração nas imagens do café da manhã que era servido no programa matinal 

Xou da Xuxa”, onde a apresentadora oferecia um banquete para uma pessoa escolhida da plateia. Esse momento no programa era totalmente dissonante à realidade da maior parte da população brasileira na época: pessoas negras, periféricas e mães solos que praticamente “comiam” a tv durante a exibição. 


“Esse café da manhã sempre me mobilizou. Durante a infância eu ficava grudada na tela da tv morrendo de vontade de comer 
aquelas coisas que eu nunca tinha visto ao vivo. A Xuxa servia favos de mel na boca das paquitas. Uvas verdes. Geleia de figo. 
Frutas variadas. Ricota. E a gente comendo pão seco com chá de erva cidreira”, conta a atriz.

Por esse motivo Ana Flavia inicia o espetáculo vestida de “paquita” - espécie de ajudante de palco da apresentadora - fazendo uma alusão
 direta ao período citado. Durante a apresentação a artista troca de figurino e volta para uma realidade mais próxima da sua primeira infância, 
usando uma roupa lavada e passada por sua mãe cheirando a “Comfort”.



Sinopse
Em cena, a atriz e performer Ana Flavia Cavalcanti dá vida a uma babá, a uma diarista, a uma paquita
 e a sua mãe Val Cavalcanti - que também participa do espetáculo performático. "Conforto" é sobre a busca pelo aconchego, 
pela boa morada e tem como principal dispositivo a memória da primeira infância.




Sobre Ana Flavia Cavalcanti



Multiartista que transita entre a direção, atuação e a performance. Ana iniciou sua vida profissional aos oito anos de idade 

como babá de um recém-nascido filho de uma vizinha que precisava deixá-lo com alguém para poder trabalhar. 

Essa realidade era a tônica da vida das crianças periféricas no Brasil nos anos noventa - “o mais velho cuida do mais novo”. 

Essas e outras tantas vivências são a combustão da arte criada por Ana Flavia que acredita que precisamos mudar nossa 

maneira de encarar o trabalho doméstico ainda muito estigmatizado, considerado um trabalho de menor valor, 

destinado a pessoas que não são valorizadas na sociedade.


Seu primeiro filme, o curta-metragem “RÔ teve sua première internacional no 70th Berlinale – 

Berlin International Film Festival. No Brasil, “RÔ teve sua estreia no 52º Festival de Brasília 

e ganhou o troféu Candango de melhor filme.


Em 2022 Ana Flavia estreou seu primeiro longa-metragem como diretora e atriz intitulado “BOCAINA” no Festival do Rio 

e em seguida na Mostra Internacional de São Paulo. “BOCAINA” foi realizado durante a pandemia de covid 19. 

O filme retrata a vida de duas irmãs que vivem isoladas em uma casa de roça no interior de Minas Gerais.

Atualmente Ana Flavia figura nas séries “Os Outros” com direção de Luísa Lima para o GloboPlay e “Notícias Populares” 

para o Canal Brasil com direção de Marcelo Caetano.


Ana Flavia também pode ser vista em “Santo Maldito” série disponível na plataforma Star+.

Natural de Diadema, região metropolitana de São Paulo, Ana Flavia é filha de uma trabalhadora doméstica aposentada. 

Sua mãe e suas vivências são suas grandes inspirações para a criação das performances “A Babá Quer Passear” e 

“SERVIÇAL”, onde ela discute a condição atual das trabalhadoras domésticas no Brasil.


As performances “A Babá Quer Passear” e “SERVIÇAL” foram exibidas no Sesc Avenida Paulista em março de 2023. 

Ana Flavia é formada em Artes Cênicas pelo CPT Centro de Preparação Teatral dirigido por Antunes Filho e 

participou de estágios no Théâtre du Soleil e na École Lecoq durante o ano de 2011, ambos em Paris.

Ela também faz parte do elenco de “A Casa de Antiguidades”, de João Paulo Miranda Maria, “Corpo Elétrico”, de Marcelo Caetano, 

e “RAINHA”, de Sabrina Fidalgo.

Trazer o trabalho doméstico para o centro da cena artística contemporânea tem sido a missão de Ana Flavia nos últimos anos, 

assinando trabalhos autorais como “A Babá Quer Passear”, “SERVIÇAL”, “Dengo Nega” e agora “Conforto”.



Conforto no Itaú Cultural.jpeg


O DISPOSITIVO

A artista usa um pulverizador customizado de uma embalagem de amaciante, ela abastece-o com o amaciante diluído em água e

borrifa o pulverizador por todo o espaço cênico começando pela área externa. Todo o espaço fica impregnado do perfume de “Conforto”

e assim começa o espetáculo.

“Conforto” é para todes, mas certamente é uma homenagem à brava gente brasileira 40+ que provavelmente viveu essas mesmas memórias

costuradas ao longo do espetáculo e é também uma retrospectiva do cenário social dos últimos anos no Brasil.


Durante o espetáculo a artista repete a frase:

-Lá em casa não era assim não!

Essa expressão marca a perspectiva da criança que ao acompanhar sua mãe nas casas de família entrava em contato com tais desigualdades

representadas ali pelo tamanho das casas que sua mãe limpava, passando pela comida que era servida nessas casas e pelo “elevador de serviço”,

entrada destinada aos funcionários, aos animais domésticos e ao lixo.


Em outros momentos a artistas repete a frase:

-Lá em casa era assim:

Aqui à repetição reforça os detalhes de sua rotina no bairro periférico de Caetetuba, Atibaia. A artista apresenta os cuidados

que oferecia aos irmãos mais jovens enquanto a mãe estava trabalhando, a arrumação da casa, os estudos, seu momento de lazer ouvindo rádio,

nadando nos rios da cidade e a melhor parte de seus dias: a beleza dos finais de semana quando sua mãe estava em casa.




Serviço: 


Conforto

Temporada: 07 à 10 de Março

Quinta a sábado, 20h | Domingo às 19h

Classificação: 12 anos | Duração: 80 minutos | Capacidade: 224 lugares


Itaú Cultural

Av Paulista, 149, Bela Vista, SP


Ingressos: gratuitos

Reservas pelo site do Itaú Cultural




Ficha Técnica:

Concepção, direção e atuação: Ana Flavia Cavalcanti 

Supervisão artística: Isabel Setti e Fábio Osório

Performer convidada: Val Cavalcanti 

Cenário: Marília Piraju

Cenotecnia: Cássio Omae

Figurino: Ana Flavia Cavalcanti e Marília Piraju

Trilha sonora: Lua Bernardo

Execução de música ao vivo: Lua Bernardo e Beatriz França (stand in)

Iluminação: Cynthia Monteiro

Operação de Luz: Cynthia Monteiro e Angel Taize

Operação de Vídeo: Tiago Silva

Fotografias: Hanna Vadasz, Jorge Bispo e Felipe Ávila 

Produção: Rafael Ferro

Produção Executiva: Jandilson Vieira

Assistente de Produção: Mariana Mollys

Assessoria de Imprensa: Pedro Madeira e Rafael Ferro

Preparação Vocal: Isabel Setti 

Designer: Jonas “Joe” Borges

Tratamento de Fotos: Sérgio Lisboa

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