Terreiros Nômades leva arte, história e saberes das culturas
Africanas, afrodiaspóricas e originárias a escolas municipais
Terreiros Nômades - Macamba Faz Mandinga - Saberes Afrodiaspóricos nas Corporeidades
da Cena é um projeto desenvolvido pela N’Kinpa - Núcleo de Culturas Negras e Periféricas.
Nos dias 05 e 12 de março, terças-feiras, a N’Kinpa - Núcleo de Culturas Negras e Periféricas realiza sua Chegança em duas escolas municipais da Zona Sul de São Paulo: respectivamente, na EMEF Ana Maria Alves Benetti (às 11h e às 13h30) e na EMEI Cruz e Souza (às 10h e às 14h30).
Esta atividade integra as ações do projeto TERREIROS NÔMADES - Macamba Faz Mandinga - Saberes Afrodiaspóricos nas Corporeidades da Cena, dando início a uma série de atividades que envolvem os alunos, as escolas e a comunidade.
Contemplado na 41ª Edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, Terreiros Nômades visa valorizar as culturas africanas, afrodiaspóricas e originárias colaborando para a aplicação efetiva, por meio da linguagem artística pedagógica, das Leis Federais nº 10.639/03 e nº 11.645/08, que estabelecem a obrigatoriedade do ensino de história e de culturas afro-brasileira e indígena nas grades curriculares do ensino fundamental e médio. Essas duas escolas foram contempladas no projeto por serem instituições onde essas leis são aplicadas, levando a educação antirracista para além do material didático.
A Chegança pode ser entendida como um “assentamento” no “terreiro” das escolas, contendo os itens materiais, éticos, estéticos, políticos, filosóficos e estruturais para envolver os alunos e todos os membros da escola nesse cortejo, nessa macamba (o bando) que traz a mandinga (o remédio) para a contra-colonização dos corpos. Trata-se de um momento poético, um instante encantatório, onde sons (incluindo a presença de um DJ), cores, sabores e aromas se harmonizam, aguçam os sentidos para evidenciar a representatividade negra e indígena.
Ao longo de 2024, o projeto TERREIROS NÔMADES - Macamba Faz Mandinga - Saberes Afrodiaspóricos nas Corporeidades da Cena reúne várias atividades e estudos nas duas escolas. Trata-se das ações da coletiva N’kinpa em parceria com coletivos do entorno, vivências com mestres da cultura afrodiaspóricas, palestras e bate-papos com pensadores da cultura negra e indígena, encontros com pais, alunos e comunidade, programas de Podcast (A Cor da Nossa Cultura em Encontros e Redes) e criação de um espetáculo de teatro performático, concebido a partir de todo esse percurso, cuja estreia está prevista para novembro. Os temas abordados não serão restritos aos dias em que ocorrem as atividades. Nas semanas seguintes às ações, as escolas irão abordá-los e estudá-los junto aos alunos, expandindo as possibilidades de entendimento.
Segundo Joice Jane Teixeira, idealizadora e proponente do projeto Terreiros Nômades e coordenadora da coletiva N’kinpa, “a escolha da EMEF Ana Maria Alves Benetti e da EMEI Cruz e Sousa, além de serem escolas cujos projetos políticos-pedagógicos se pautam na implementação das Leis 10.639/03 e 11.645/08, deve-se ao fato de estarem localizadas no bairro do Jabaquara, na região sul da cidade, um dos territórios de grande relevância histórica para o povo negro”. E completa: “buscamos com estas ações, conteúdos e vivências estabelecer, além de um diálogo com crianças, jovens e adultos alargando o acesso às artes, devolver o que lhes foi negado, ou seja, as histórias e os saberes de povos que por conta do racismo estrutural histórico foram e ainda são invisibilizados. Acreditamos que a partir disso ampliaremos as reflexões políticas, culturais e sociais/econômicas, além de fomentar e formar um público ativo na luta pelos os direitos, propositivo e participativo da vida de sua comunidade”.
Joice ainda declara: “Terreiros Nômades busca formas e meios de erradicar as violências e os genocídios cometidos aos corpos racializados. Quer bulir sobre o nosso propósito no fazer artístico e cultural, na educação, expondo as dores e os cacos, mas também as dádivas, as estratégias e rotas que nos fizeram permanecer. Não há como não trazer a ética Ubuntu, a ética da matrilinearidade, as práticas e estratégias organizacionais dos diversos terreiros, pois os saberes africanos, por inúmeros processos de cognição, asserção e metamorfose, criaram e performaram as suas presenças nas Américas”.
Durante a realização do projeto, a programação traz participação de representantes expressivos das culturas afrodiaspóricas, como Salloma Salomão e Deivison Faustino, além de mestres e mestras dos povos originários e coletivos do entorno, como Ilê Aláfia, entre vários outros. Esses encontros visam fortalecer um dos objetivos deste projeto de ocupação do espaço escolar como espaço cultural, político, artístico. O Podcast - A Cor da Nossa Cultura em Encontros e Redes (18 episódios) abordará relações étnicos-raciais, negritude, branquitude, territorialidade, colonialidade e outros, com convidados e membros da N’kinpa.
Terreiros Nômades traz os pontos riscados das filosofias do povo negro, tão apagada, usurpada e violentada na colonialidade. “Evidencia nossa própria memória como um elemento recuperador e mantenedor de quem somos, de onde viemos e onde queremos chegar. É preciso retirar os corpos negros das ilusões e falácias de pertencer a um sistema racista colonial que nunca nos quis e nunca nos viu como seres humanos”, finaliza Joice Jane Teixeira.
N’KINPA - Núcleo de Culturas Negras e Periféricas é uma coletiva formada do encontro entre artistas-educadoras/es e agentes culturais negros e negras, dispostos/as e politicamente comprometidos/as a bulir, criar e propor ações contra coloniais para crianças, adolescentes e jovens a partir das cosmovisões africanas, afrodiaspóricas e originárias, visando a implementação das leis federais 10.639/03 e a 11.645/08.
Serviço
TERREIROS NÔMADES - Macamba Faz Mandinga
Atividade: Chegança
Com: N’KINPA – Núcleo de Culturas Negras e Periféricas
Evento restrito às escolas.
05 de março – Terça
Horários: Manhã - às 11h / Tarde - às 13h30
Local: EMEF Ana Maria Benetti
Rua Cruz das Almas, 74 - Vila Campestre. São Paulo/SP.
12 de março – Terça
Horários: Manhã - às 10h / Tarde - às 14h30
Local: EMEI Cruz e Souza
Rua Henrique da Costa, 348 - Jardim Itacolomi. São Paulo/SP.
Próximas ações / Março
Encontro/vivência: Capoeira Angola e Ancestralidade - com Mestre Peroba
Horários: 9h30 às 11h30 / 13h30 às 15h30
19/03 (terça) - EMEF Ana Maria Benetti
26/03 (terça) - EMEI Cruz e Souza
Comentários
Postar um comentário