Seminário Wilson Tibério – Contribuições para uma memória negra + Show Alaíde Costa – 50 anos depois daquele disco com Oscar, no Centro Cultural Sesc Quitandinha_24 de fevereiro de 2024

 

Centro Cultural Sesc Quitandinha apresenta

 

Seminário Wilson Tibério – Contribuições para uma memória negra


 

O artista e ativista gaúcho Wilson Tibério (1920-2005), um dos destaques da exposição “Da Kutanda ao Quitandinha – 80 anos”, será o tema do debate que tem curadoria do historiador Bruno Pinheiro, com a participação do sociólogo Mário Augusto Medeiros, da Unicamp; Júlio Menezes, diretor e curador do Instituto de Pesquisa e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro); Gabrielle Nascimento, educadora do Museu Afro Brasil, em São Paulo; e Filipe Graciano, arquiteto urbanista e idealizador do Museu de Memória Negra de Petrópolis. Em 1946, Tibério fez nos salões do Quitandinha uma grande exposição com suas pinturas e desenhos, indo em seguida para a França, país em que ficou radicado para uma série de incursões à África, tornando-se um importante militante contra a colonização europeia que havia no continente. Após sua ida para a França, o artista e pensador foi praticamente esquecido no Brasil. A exposição “Da Kutanda ao Quitandinha 80 anos” fica em cartaz até 25 de fevereiro de 2024.

 

Centro Cultural Sesc Quitandinha, Petrópolis

[Biblioteca]

24 de fevereiro de 2024, às 15h

Entrada gratuita

 

O Centro Cultural Sesc Quitandinha tem o prazer de convidar, no dia 24 de fevereiro de 2024, às 15h, para o seminário gratuito “Wilson Tibério – Contribuições para uma memória negra”, com curadoria do historiador Bruno Pinheiro. Os participantes são o sociólogo Mário Augusto Medeiros, da Unicamp, que fará a conferência inaugural do seminário; Júlio Menezes, diretor e curador do Instituto de Pesquisa e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro); Gabrielle Nascimento, educadora do Museu Afro Brasil, em São Paulo; e Filipe Graciano, arquiteto urbanista e curador, junto com a historiadora Renata de Aquino, do Núcleo 1 da mostra “Da Kutanda ao Quitandinha – 80 anos”, no Salão Dom Pedro.

 

Um dos destaques da exposição “Da Kutanda ao Quitandinha – 80 anos” – que fica em cartaz até o dia 25 de fevereiro de 2024 – o artista gaúcho Wilson Tibério (1920-2005) migrou aos vinte anos para o Rio de Janeiro, então capital federal, onde começou a publicar na imprensa seus desenhos que fazia do cotidiano da cidade, em especial os registros da extrema desigualdade social existente.

 

Ativista político, participou das discussões sobre a nova Constituição, após o Estado Novo, e integrou o Teatro Experimental do Negro, fundado por Abdias Nascimento (1914-2011). No dia 1º de maio de 1946, fez uma grande exposição individual com pinturas e desenhos nos salões do Quitandinha, com grande repercussão na imprensa. Com intuito de ampliar sua participação no circuito internacional da arte e, principalmente, atuar contra o colonialismo na África, Tibério se radicou em Paris em 1947, de onde fez diversas viagens ao continente africano, retratadas em seu trabalho.

 

Depois que saiu do Brasil, as notícias sobre ele foram cada vez mais escassas na imprensa brasileira, com raras exceções para as exposições que fazia em Paris, ou sua participação no 1º Congresso dos Escritores e Artistas Negros, na Sorbonne.  Em “Da Kutanda”, estão pinturas, esculturas, fotografias e um filme sobre Wilson Tibério. Sem jamais ter retornado ao Brasil, Wilson Tibério morreu em Mazan,  cidade no sul da França.

 

HISTÓRICO SILENCIAMENTO

O Seminário, integrante da programação da exposição “Da Kutanda”, busca contribuir para a visibilidade deste grande artista que foi Wilson Tibério.   “Diante do histórico silenciamento em torno da trajetória de Tibério em museus e espaços de cultura brasileiros, a realização da sala em sua homenagem contou com apoio de instituições de pesquisa de memória negra no Brasil, que a partir dos seus acervos colaboraram com a intrincada pesquisa que permitiu a reconstituição de sua trajetória”, conta Bruno Pinheiro, curador do espaço dedicado ao artista. “A partir dessa experiência curatorial”, continua o historiador, “iremos debater no seminário os desafios da reconstituição histórica da trajetória de artistas e intelectuais negros, e o papel das instituições de memória e cultura nesse processo”.

 

Bruno Pinheiro destaca que Mário Augusto Medeiros “se dedica há mais de dez anos da gestão de projetos de arquivos de intelectuais negros junto a diferentes instituições”. Junto aos demais debatedores – Júlio Menezes, Gabrielle Nascimento e Filipe Graciano – “profissionais da área de preservação e pesquisa de instituições de memória negra no Brasil, vamos discutir os desafios dessas instituições na requalificação na cena pública de trajetórias como a de Wilson Tibério”, diz o curador.

 

SOBRE BRUNO PINHEIRO

Bruno Pinheiro nasceu em Salvador e trabalha em São Paulo.  É doutor em história pela Unicamp com a tese “Modernismo Negro na Bahia – Arte e relações raciais”. A pesquisa que fez sobre Wilson Tibério, durante o doutorado, se tornou um projeto paralelo que pretende desenvolver nos próximos anos. Bruno Pinheiro é mestre em Estética e História da Arte pelo Museu de Arte. É pesquisador sobre a  circulação de pintores e escultores negros e negras em instituições de arte no período entre 1947 e 1964, em um projeto financiado pela Fapesp e orientado por Silvana Rubino. Ao longo do ano de 2020 foi pesquisador visitante do Institute of Fine Arts da New York University. Tem ampla experiências de pesquisa e ensino com os temas ligados à Cultura Visual, Modernismos e Relações Raciais.

 

SOBRE MÁRIO AUGUSTO MEDEIROS

Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (2003), com mestrado e doutorado em pela mesma instituição (2006; 2011), onde atua como professor Livre Docente no Departamento de Ciências Sociais. Tem experiência de pesquisa nos seguintes temas: Pensamento Social Brasileiro, Literatura e Sociedade, Intelectuais e Sociedade, Memória Social, Modernidade Negra. Recebeu, em 2013, o Prêmio para Jovens Cientistas Sociais de Língua Portuguesa, do Centro de Estudos Sociais, da Universidade de Coimbra. Desde 2020 é diretor do Arquivo Edgar Leuenroth (AEL), onde na última década fez projetos de conservação e difusão de

arquivos de intelectuais brasileiros, em diálogo com diferentes organizações do movimento negro.

 

SOBRE FILIPE GRACIANO

Filipe Graciano é arquiteto e urbanista formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), especialista em Gestão e Restauro Arquitetônico pela mesma universidade. Idealizador do Museu de Memória Negra de Petrópolis, em 2018, e coordenador de Promoção da Igualdade Racial do Município. Como curador, realizou as exposições “Afago” (2022), “Um Oceano para Lavar as Mãos” (2023), e do Núcleo 1, junto com a historiadora Renata de Aquino, em “Da Kutanda ao Quitandinha – 80 anos” (2023-2024), todas no Centro Cultural Sesc Quitandinha, em Petrópolis. Atuou como pesquisador junto à curadoria da exposição “Casa Carioca”, no Museu de Arte do Rio, em 2021. Fez as curadorias da 10° e 11° edições da Festa Afro Ubuntu de Petrópolis, em novembro de 2022 e 2023. Foi Presidente do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial de 2022 a 2024. Atua como arquiteto e pesquisador no projeto de preservação do Palácio Amarelo, sede da Câmara Municipal de Petrópolis. É ativista social e se inspira na reinvenção de possibilidades a partir da coletividade, integrando projetos que reflitam as vidas de pessoas negras. Uma produção não hegemônica que traz entusiasmo aos projetos pessoais e colaborativos desta população.

 

SOBRE JULIO MENEZES

Julio Menezes Silva é jornalista, pesquisador, mestrando do Programa de Pós-Graduação em História da Arte (PPGHA/UERJ), atua no Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (IPEAFRO), e é coordenador do projeto Museu de Arte Negra (MAN-IPEAFRO), no ambiente virtual. É cocurador da exposição “Quarto Ato: o Quilombismo – documentos de uma militância Pan-Africanista”, no Instituto Inhotim, e integra a Coalizão Negra por Direitos. 

 

“DA KUTANDA AO QUITANDINHA – 80 ANOS”

A exposição inaugurada no início de dezembro de 2023 abriu as celebrações dos 80 anos do espaço construído em 1944 como hotel-cassino, e que hoje sedia o Centro Cultural Sesc Quitandinha.  A grandiosa exposição é composta por seis núcleos, traçando um percurso que começa no século 18, com as primeiras referências da presença de negros na Freguesia de Nossa Senhora de Inhomirim, base do povoamento da região, por meio da navegação do rio Piabanha e das fazendas que exploravam o trabalho escravizado, que deu origem à cidade que hoje conhecemos como Petrópolis,até os dias de hoje.

 

A mostra destaca inicialmente as tecnologias trazidas pelos africanos, suas lideranças, e a quitanda – assentada no local onde está o Quitandinha – operada por mulheres pretas, e responsável por parte expressiva da economia do século 19. A palavra é derivada de kitanda, “feira”, e kutanda,“ir para longe”, no idioma quimbundo, falado em Angola, origem de muitos africanos que formam a grande população afro-brasileira. Vários artistas contemporâneos participam deste núcleo. Em outro segmento, Anna Bella Geiger (1933) ocupa um lugar central, com um documentário sobre ela feito especialmente para a exposição, e com obras que participaram da 1ª Exposição de Arte Abstrata, em 1953.

 

Para se ter uma ideia do ambiente glamuroso do local em sua época de cassino, de 1944 a 1946, vários itens do mobiliário e da decoração foram recriados, além de uma galeria com reproduções de fotografias de época, pertencentes ao Instituto Moreira Salles. BailesBlack, de carnaval, funk, jambetes, Furacão 2000, nos anos 1970, também terão registros na exposição.

Dois importantes artistas negros, que tiveram forte presença no antigo hotel-cassino, ganham visibilidade e são homenageados. Tomás Santa Rosa (1909-1956), pintor, ilustrador, responsável pela inovação no design de capas de livros – “Cacau” (1934), de Jorge Amado, e “Caetés” (1933), de Graciliano Ramos, são exemplos – e importante cenógrafo – a peça “Vestido de Noiva” (1943), de Nelson Rodrigues, em 1943, marco no teatro brasileiro – e autor dos murais da piscina e do café-concerto, e da pintura decorativa de biombos do Quitandinha. Em outros dois espaços do CCSQ serão reproduzidas as decorações de carnaval do Rio, feitas por ele em 1954. Ativista dos movimentos étnico-raciais, trabalhou de 1947 a 1949 no Teatro Experimental do Negro, fundado por Abdias Nascimento (1914-2011). Já o gaúcho Wilson Tibério 1920-2005) fez nos salões do Quitandinha, em 1946,uma exposição com cerca de 130 obras. Militante político e antirracista, foi viver na França, de onde fez constantes viagens à África, onde pesquisou o cotidiano das populações e ritos afro-brasileiros, criando várias pinturas, e participando de eventos sobre artes negras, como o 1º Congresso de escritores e artistas negros na Universidade de Sorbonne, Paris, em 1951, e do 1º Festival Mundial de Artes Negra, em Dacar, em 1966, hoje em dia um evento emblemático.

 

SERVIÇO: Seminário “Wilson Tibério – Contribuições para uma memória negra”

24 de fevereiro de 2024, 15h

Centro Cultural Sesc Quitandinha, Petrópolis

[Biblioteca]

Entrada gratuita

Exposição “Da Kutanda ao Quitandinha 80 anos”

Até 25 de fevereiro de 2024

Centro Cultural Sesc Quitandinha

Avenida Joaquim Rolla, nº 2, Quitandinha, Petrópolis

Terça a domingo, e feriados, das 10h às 17h (conclusão do itinerário até as 18h)

Visitas guiadas: terças a domingos e feriados, das 10h às 16h30 (conclusão do itinerário até as 18h)

Visitação ao entorno do Lago: terças a domingos e feriados, das 9h às 17h.

Assessor de Imprensa Sesc RJ – Wando Soares – +5521.98845.2931

 

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