Palhaça Nina Rocha encena o espetáculo
Família de uma Mulher Só em Hortolândia
Sob a direção de Cláudio Saltini, apresentação está marcada para o sábado (2/3), às 20h, no Teatro Elizabeth Keller de Matos. A entrada é franca.
Palhaça pode ficar desempregada, desiludida e exausta? A resposta é sim, Respeitável Público. Afinal, por trás de um nariz vermelho (ou preto), há sentimentos, emoções, dores e, claro, superação e esperança. Mimosa Muá está nessa situação. Que pena! Mas, em vez de se lamentar chorosa, ela dá a volta por cima para resistir e sobreviver, arrancando suspiros, gargalhadas e aplausos da plateia. O desfecho? Para saber qual é, basta assistir ao espetáculo Família de uma Mulher Só, em cartaz sábado (2/3), às 20h, no Teatro Elizabeth Keller de Matos, em Hortolândia (SP). A entrada é franca.
Concebido e protagonizado pela atriz e palhaça Nina Rocha, que conta com a parceria do ator e palhaço Eduardo Salzane na cena, o projeto Família de uma Mulher Só, primeiro lugar no Edital 07/2022 – Circo | Produção de Espetáculo Inédito, do ProAC (Programa de Ação Cultural do Governo do Estado de São Paulo e da Secretaria da Cultura e Economia Criativa), já passou por Santa Gertrudes e Limeira. A direção da montagem é assinada por Cláudio Saltini, fundador da reconhecida Cia. Circo de Bonecos (São Paulo/SP).
Família de uma Mulher Só nasce de uma inspiração nobre e contemporânea: a história de milhões de mulheres que vivem situações muito trágicas, entre as quais falsas promessas, mentiras e até um aborto. “O gênero feminino é exposto a violências e a opressões desde o nascimento e, apesar disso, consegue tomar consciência de si, criar espaços para existir e voltar verdadeiramente a sorrir. Estamos sempre nos reerguendo e atuar como palhaça é o meu lugar de ressurreição”, destaca Nina Rocha.
Não por acaso, a fim de alinhavar o enredo da montagem, a atriz-palhaça convocou lembranças e memórias pessoais e doloridas. Trata-se de uma dramaturgia autoficção, destaca Nina, já que também há nesse processo bastante invenção. “Acredito que a riqueza do que a gente vive, quando toma consciência das coisas que viveu, pode contribuir com as vivências de mais alguém. Isso me anima a partilhar. Afinal, tudo que eu vivo é humano e, certamente, já atravessou ou está atravessando a vida de alguém que está ali, nos assistindo”.
Aliás, está nesse ponto de identificação e reconhecimento o destaque da montagem, de acordo com o diretor. "Em um primeiro momento, a plateia pode até tentar julgar as atitudes da personagem, mas ela resiste a isso, porque Mimosa Muá é muito humana, não esconde as suas reações e emoções diante dos fatos que aconteceram. Isso aproxima, não afasta. Ou seja, todos nós somos humanos e precisamos olhar para os nossos erros com discernimento e empatia. Tenho para mim que o erro é uma grande dádiva, já que, a partir dele, construímos novos caminhos”, reconhece Cláudio.
Vale também destacar que a montagem potencializa a importância da mulher palhaça na cena. “É importante por ser mais um espaço de atuação para uma mulher palhaça e para outras mulheres artistas, já que durante séculos esta foi uma arte exclusivamente masculina. As mulheres se apropriaram do direito ao riso e do fazer rir há pouco tempo, ainda temos muito que experimentar neste campo para encontrar o nosso modo de fazer, de ser palhaça, livre de opressões e violações”, avalia a atriz.
Na mesma sintonia, o espetáculo convida a plateia a passear pela arte da palhaçaria feminina, bem como por outras virtuoses. A atriz-palhaça traz alguns spoilers: “antes do picadeiro, que começa com a virtuose dos cavaleiros, já havia o circo-teatro, que tem como figura central o palhaço e a comicidade. Como palhaça, trago essa reflexão sobre ser ou não ser circo e ela atravessa a nossa construção, mas é, em essência, palhaçaria. Tem circo e tem criação artística e reflexão filosófica com leveza, que vejo como algo bem virtuoso, tem muito trabalho físico-corporal, mas, nesse caso, a virtuose é emocional.”
Para finalizar, qual mensagem a travessia de Mimosa Muá gostaria de germinar no íntimo do Respeitável Público? “Eu crio a partir da realidade, para dar nome às minhas dores, porque tudo o que a gente nomeia pode ser superado. Apresento isso para que outras mulheres se inspirem a nomear suas dores e possam se libertar. Eu desejo que recebam, com essa história, a visão da graça, a mesma graça que agora vejo em viver, porque quando uma mulher se liberta, muitas outras se libertam também. O espetáculo é sobre voltar a viver com alegria”, finaliza.
A artista
Bacharel em Artes Cênicas pela faculdade de Artes Cênicas da Universidade Estadual de Londrina – UEL, a atriz, palhaça e arte-educadora Nina Rocha tem pós-graduação em Arte-Educação pela ESAP-Londrina, MBA em Gestão e Empreendedorismo e o celebrado curso EMPRETEC criado pelo SEBRAE em parceria com a ONU.
Atua, desde 1996, tendo realizado projetos teatrais como produtora, gestora, atriz e palhaça, participando de diversos festivais internacionais nos estados do Paraná e São Paulo. Circulou por Portugal e França, entre 2018 e 2021, com Brincando em Cima Daquilo Outra Vez, espetáculo solo, com direção do premiado Roberto Vignati. Em 2023, a convite do Consulado Português, fez uma temporada do espetáculo A Jornada da Menina Peixe Rumo ao Fundo do Mar, em Macau-China.
Atualmente, está envolvida com o projeto Família de uma Mulher Só, primeiro lugar do edital 07/2022 – Circo | Produção de Espetáculo Inédito, do ProAC (Programa de Ação Cultural do Governo do Estado de São Paulo e da Secretaria da Cultura e Economia Criativa).
A sinopse
No espetáculo Família de uma Mulher Só, Mimosa Muá, uma palhaça-atriz desiludida, desempregada e exausta, revela para a plateia um drama que quebrou seu coração. Ao encenar sua história, Mimosa Muá abre espaço para lembranças que a ajudam a resgatar sua força e a graça de viver.
“O espetáculo aborda temáticas feministas sensíveis, porém, em um jogo de contraposições, revela que, sim, ainda precisamos e vamos falar sobre o patriarcado, pois a insegurança da mulher continua insustentável, mas, também, queremos e podemos falar sobre outras coisas, coisas nossas, coisas poéticas e coisas bestas”, destaca a atriz-palhaça.
Ficha Técnica
Concepção: Nina Rocha
Produção: Marta Bellão
Criação: Nina Rocha e Eduardo Salzane
Direção: Cláudio Saltini
Elenco: Nina Rocha e Eduardo Salzane
Provocadora de dramaturgia: Soraia Costa
Provocadora de criação inicial: Rafaella Uhiara
Desenho Sonoro: Janete El Haouli e José Augusto Mannis
Operação técnica de som: Franco Garcia
Desenho de Luz e operação técnica: Maíra Prates
Vozes: Nina Rocha, Eduardo Salzane, Junior Taz
Direção de arte: Nina Rocha
Figurinos: Maria Helena Rossetti
Cenário: Nina Rocha e Eduardo Salzane
Objetos vivos: Eduardo Salzane
Desenho gráfico: Ton Messa
Preparadora vocal: Flávia Arruda Salviatti
Assessoria de imprensa: Tiago Gonçalves
Marketing digital: Karina Arioli
Assessoria jurídica: Eliana Rocha
Classificação: 14 anos
SAIBA MAIS
O quê: Família de uma Mulher Só
Quando: Sábado (3/2), às 20h
Onde: Teatro Elizabeth Keller de Matos (Rua Graciliano Ramos, 280, Jardim Amanda I, em Hortolândia | SP)
Quanto: Grátis
Informações: @familiamua
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